sexta-feira, 23 de abril de 2010

Forças Ocultas

FORÇAS OCULTAS DA MENSAGEM
J. Jorge Peralta

A propósito de alguns comentários que ouvi a respeito do ensaio: “ABALOS NA IGREJA, CRISE NA HUMANIDADE”,  e sua repercussão, esclareço, com breve  reflexão:

1. O que fiz, outros fizeram antes de mim e muitos farão depois de nós: Alertar a igreja, advertir, propor novos rumos com seriedade, dignidade, respeito, responsabilidade e ousadia.
Quase todos, até hoje tiveram, como resposta, o silêncio. A teoria dos cinco macaquinhos é uma lei tácita, que muitos seguem: não vejo, não ouço, não falo, não sei e não faço.
As pessoas têm medo de falar. Temem “perseguições” ocultas. É lastimável! Na Igreja não pode haver lugar hoje para tal obscurantismo. Hoje luta-se pela liberdade responsável... São outros tempos.
Diz-se que o pior cego é o que não quer ver...

Camões, ao terminar a sua obra de arte, história e política fundamental, os Lusíadas, obra de muitos anos de trabalho e dedicação amorosa ao seu povo e à posteridade, ao ver quão poucos  vibravam de entusiasmo por tudo o que o fez vibrar, e que poucos sentiam o ardor e o entusiasmo e a grandeza que ele sentia, desabafava, altissonante:
Não mais, musa, não mais, que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar gente surda e endurecida...
            Camões pede às musas que se calem, que deixem de lhe dar tão altos e nobres sentimentos  e inspiração, pois talvez não valesse a pena. Para que cantar, se o país estava sendo invadido por traidores mercenários, calhordas e conspiradores?!
            Quem o ouviria e prestaria atenção a esta arte de filigrana, tão complexa, nos mínimos pormenores?!

2. Enganou-se nosso poeta magno, os Lusíadas tiveram edições seguidas. Tinha, portanto, muitos leitores atentos. Mas tinha mais traidores conspirando, contra o seu país.
Foi uma das mais fortes fortalezas contra o inimigo que usurpou de seu País, a soberania, durante  os  (60) sessenta anos de mordaça...
Os traidores e conspiradores passaram, o país recuperou sua honra, e Camões, hoje, tem milhares de estátuas por todos os cantos do mundo e edições sucessivas  em todas as línguas. Está presente em todas as bibliotecas e centros de pesquisa. É objeto de pesquisa há quase 450 anos.
Então me lembrei de Fernando Pessoa, ao propor a dúvida metódica:
Valeu a Pena?!
Tudo vale a pena, se a alma não é pequena
            Pode ser que meu trabalho, minhas interpelações e minhas sugestões de caminhos para novos rumos tenham pouca repercussão. Não faz mal. Aqui me juntei a gente de elite pensante, que fala sem temor, repelindo eventual obscurantismo. Um graveto ou dois facilmente serão quebrados. Um molho de dez gravetos ou mais, serão difíceis de quebrar.

Ao subir nos ombros de um gigante ficamos mais altos do que ele. A força de Deus pode mais do que a força  e astúcia dos gigantes, como provou o embate entre o pequeno Davi e o Gigante Golias.
Coloquei o meu tijolo, nesse imenso anseio e processo de restauração da Igreja. Um dia acontecerá. É inevitável. As pessoas serão esquecidas, como as pedras do alicerce das grandes construções, mas elas estão lá, fazendo seu papel.
           
            3. A força civilizadora, cívica e espiritual da Igreja está muito além das pessoas que a governam. Mas, cada um dos que a governa, ou dela faz parte, tem uma missão essencial a cumprir.
            Por isso digo que me alegro por ter escrito este trabalho.
            As pessoas que servem a Igreja, servem a Igreja. Para isso são chamadas. Ninguém pode servir-se da Igreja...
            Não podem servir-se a si próprias, nem fazer desfilar vaidades pessoais, nem arrogâncias.
No âmbito e no estilo deste trabalho, muitos se interessam. Embora haja posicionamentos ousados, no nosso tempo, são questões óbvias e respeitosas, na linha do Evangelho. É fácil esquecê-las, mas é difícil rejeitá-las... Fizemos apenas o jogo da verdade que liberta. A Mensagem do Evangelho é contundente e ousada.
Ninguém pode desdenhar da força da Mensagem do Evangelho. Ele já mostrou ao mundo do que é capaz. A fraqueza, quando existe, está nas pessoas.

            4. Esclareço que, quem me empurrou para escrever um  texto deste gênero e outros assemelhados, foi o grande projeto que desenvolvo, em torno da obra do magno orador e pensador, o Pe. Antônio Vieira, de quem  preparo uma edição  de alguns de seus principais SERMÕES. É algo muito original e esperado. (Leia Mais: < www.vieira400anos.com.br > )
Por coerência, suspendi os trabalhos de Vieira, para cuidar destes temas correlatos. Apenas atendi à duas frases que me compeliram a agir:
-Por uma omissão perde-se uma nação
-Melhor ter inimigos do que não os ter.”

Um comentário:

Instituto Tropical disse...

Caro Amigo,
Seu texto é corajoso e muito instrutivo. Tem algo muito novo. Seria muito bom que fosse ouvido. Não só lido.
No entanto, acredito que o seu trabalho sobre a obra de Vieira terá repercussão que transcende o tempo e o espaço.
Paulo Teixeira