sexta-feira, 23 de abril de 2010

Civilização à Deriva

XIV
CIVILIZAÇÃO À DERIVA

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A sociedade, em escala mundial, sente-se perplexa e quase impotente ante os avanços da barbárie oportunista e inconsequente.
Muitos dos mentores do nosso mundo moderno há muito perderam o equilíbrio e o senso de equidade. Parece-nos, às vezes, que perderam também o bom-senso e a lucidez.
Muitos são sádicos e cruéis com aqueles que querem liquidar. Chegam a ser mais ferozes que Medeia.
Para os amigos, a tolerância e o silêncio. Para os demais, o açoite, a “fogueira” ou a tortura da calúnia, espalhada aos quatro ventos. Assim é no mundo político, no mundo profissional, no mundo jurídico e até no mundo religioso...
As manifestações de insanidade proliferam. Nas notícias diárias, requintados vandalismos são destaque por toda a parte e por todas as nações.
Sim, porque a calúnia, muitas vezes equivale, a um esquartejamento cruento, em praça pública, ou a uma condenação à morte letal, entre cobras, escorpiões e leões famintos, metaforicamente falando, é claro.
Os mentores do mundo vão perdendo mais do que o bom senso! Vão perdendo o controle da situação.
(Quando se infringe uma norma básica, todas as demais podem ser infringidas)!
Então é hora de parar  e fazer um sério exame de consciência: a quem servem tantos  desmandos?! Qual o caminho do retorno?
O mundo precisa saber encontrar respostas para as próprias dúvidas.
Disse Fernando Pessoa:

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 A ganância pelo poder gestou uma arrogância descabida. O poder cega as pessoas de ideias frágeis e fracas, em sua constituição humanístico-filosófica.
O poder alucina os fracos e mais os apequena, ante a multidão de áulicos “eunucos”, seus bajuladores. Sentem-se mais poderosos do que os deuses. Sedução lastimável e letal para as instituições.
Os fracos, no poder, cercam-se de gente venal, déspota e gananciosa. Os fracos, no poder,  julgam-se donos do poder, quando são apenas serviçais.
Os fortes e conscientes sabem que a autoridade é serviço à comunidade.
O poder cega, se trouxer consigo a arrogância e a ganância. Pelo poder, algumas pessoas fazem malabarismos impossíveis. Os vendedores de ilusões sabem muito bem servir-se desse apelo...

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Na Roma antiga, quando o Imperador queria acalmar o povo, fazia grandes espetáculo, no Coliseu: entregava os cristãos aos leões. Grande espetáculo de sangue e dor... O povo ignaro (não todo o povo) aplaudia, freneticamente... Estupidamente. Como hoje...
O Coliseu é outro; é outro o lugar do “imperador”, que tem outro nome. Mas a estupidez  e a cegueira é a mesma.
O espírito sádico, feroz e atroz de muitos, veiculado ou não pelos meios de comunicação ou até em certas armações do judiciário ou da política dominante, deixa  na sombra a brutalidade sanguinária, de triste memória, da Inquisição. Quem tem olhos de ver, veja! 
Crimes infames em nome da Cruz?!
Insanidades?! Nunca mais!


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