domingo, 20 de dezembro de 2009

Músicas para Celebrar o Natal


Noite Feliz



[Noite Feliz!:]
Ó Senhor, Deus de Amor
Pobrezinho nasceu em Belém,
Eis na Lapa Jesus, nosso bem!
Dorme em Paz, ó Jesus!
Dorme em Paz, ó Jesus!

[Noite Feliz!:]
Ó Jesus, Deus da luz,
Quão afável é teu coração,
Que quiseste nascer nosso irmão
[:E a nós todos salvar!:]

[Noite Feliz!:]
Eis que no ar
Vêm cantar
Aos pastores os anjos os céus
Anunciando a chegada de Deus,
[ :De Jesus Salvador.:]

Letras Músicas de Natal





1. Adéste Fidéles,
Laéti, triumphántes: Veníte, veníte in Béthlehem:
Natum vidéte
Regem Angelórum:
[: Veníte, adorémus Dóminum.:]

2. En grege relícto, húmiles ad cunas
Vocáti pastóres appróperant:
Et nos ovánti grádu festinémus:
[: Veníte, adorémus Dóminum.:]

3. Aetérni Paréntis splendórem aetérnum
Velátum sub cárne vidébimus:
Deum infántem, pannis involútum:
[: Veníte, adorémus Dóminum.:]

4. Pro nobis egénum et foeno cubántem
Piis foveámus ampléxibus:
Sic nos amántem quis non redamáret:
[: Veníte, adorémus Dóminum.:]

Fiéis Acorramos




O Menino

O MENINO JESUS VERDADEIRO
Fernando Pessoa / Alberto Caieiro
Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
***
(...)
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
(...)
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mãoE olha devagar para elas.

(...)
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
***
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olharMe enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
***
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
***
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz,
brincando, nas orelhas.
***
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
***
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
***
Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
***
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
***
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
***
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
***
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?
***
Nota: Devido à extensão do Poema suprimimos alguns trechos.
Para ler o poema integral busque a obra de Alberto Caieiro/FernandoPessoa

sábado, 19 de dezembro de 2009

Poemas de Natal

SONETO DE NATAL

Machado de Assis


Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"

NATAL

Eduardo Guimarães

Jesus é nado! Jesus é nado!
Cantam os galos, Jesus Nasceu!
E no presepe, glorificado,
Abre ele os olhos da cor do Céu...
Jesus é nado! Jesus é nado!
Cantam os galos, Jesus Nasceu!

Brilha uma estrela no firmamento,
no firmamento lá de Belém.
Passa, bramindo no mar o vento
e os sinos tangem: Belém! Belém!

Os três Reis Magos chegam do Oriente
Com os presentes para o Messias
Que abre os olhos, resplandecente,
ao som de célidas melodias.

Cantam lá fora todas as aves,
numa harmonia celestial,
trinos cadentes, trinos suaves...
Doce harmonia! Salve, Natal!

Cantam os galos. Jesus nasceu!
E no presepe, glorificado,
abre ele os olhos da cor do céu,
de santas luzes aureolado!

Pelas florestas e pelo Val
Ecoam hinos. Jesus é nado!
Salve, Messias! Jesus nasceu!
Jesus é nado! Jesus é nado!

Dia tão santo! Dia Sagrado!
Dia Bendito, Dia do Céu!
Jesus é nado! Jesus é nado!
Cantam os galos. Jesus nasceu!

HINO DOS REIS MAGOS

Antônio Gonçalves Dias


Entre a pobreza e miséria,
Em singela habitação
É nascido o Deus-Menino
Para a nossa salvação.

Povos e reis, adorai-o,
É nascido o Redentor:
Vem viver, sofrer na terra,
Vem morrer por nosso amor.

Deixou a corte celeste
E as galas ricas dos céus,
Quem entre os homens é Homem,
Quem entre os anjos é Deus.

Povos e reis, adorai-o,
É nascido o Redentor:
Vem viver, sofrer na terra,
Vem morrer por nosso amor.

Lá das partes do Oriente,
Deixando os domínios seus,
Vêm os Magos pôr as c’roas
Aos pés do Menino-Deus.

Povos e reis, adorai-o,
É nascido o Redentor:
Vem viver, sofrer na terra,
Vem morrer por nosso amor.

Vem of’recer os presentes
Que a Arábia feliz produz.
Louvor a Deus nas alturas,
Louvor na terra a Jesus.

Povos e reis, adorai-o,
É nascido o Redentor:
Vem viver, sofrer na terra,
Vem morrer por nosso amor.


Poema de Natal
Jorge de Lima

Ó Meu Jesus, quando você
ficar assim maiorzinho
venha para darmos um passeio
que eu também gosto das crianças.

Iremos ver as feras mansas
que há no jardim zoológico.
E em qualquer dia feriado
iremos, então, por exemplo,
ver Cristo-Rei do Corcovado.

E quem passar
vendo o menino
há de dizer: ali vai o filho
de Nossa Senhora da Conceição!
- Aquele menino que vai ali
(diversos homens logo dirão)
sabe mais coisas que todos nós!
- Bom dia, Jesus! – dirá uma voz.

E outras vozes cochicharão:
- É o belo menino que está no livro
da minha primeira comunhão!

- Como está forte! – Nada mudou!
- Que boa saúde! Que boas cores!
(Dirão adiante outros senhores.)

Mas outra gente de aspecto vário
há de dizer ao ver você:
- É o menino do carpinteiro!
E vendo esses modos de operário
Que sai aos Domingos para passear,
nos convidarão para irmos juntos
Os camaradas visitar.

E quando voltarmos
pra casa, à noite,
e forem pra o vício os pecadores,
eles sem dúvida me convidarão.

Eu hei de inventar pretextos sutis
pra você me deixar sozinho ir.
Menino-Jesus, miserere nobis,
segure com força a minha mão.

Natal

Henriqueta Lisboa


Vejo a estrela que percorre
a noite larga.

Vejo a estrela que perturba
fundos mares.

Vejo a estrela que revela
a eternidade.

Mas para onde foi a estrela
contemplada?

Para onde foi no momento
mais amargo?

Em que cimos ora habita
que debalde

Se enchem os olhos de
brandas orvalhadas?

Vejo a estrela – tão de súbito! –
ao meu lado.

Vejo os olhos do Menino
desejado.

AO MENINO JESUS

Poema Português Anônimo

Bem podia Deus nascer
Numa cama de ouro fino,
Mas p’ra dar exemplo ao mundo,
Quis nascer tão pobrezinho.

Ó meu menino Jesus,
Meu menino, meu amor,
Vieste nascer ao mundo,
Sendo vós do céu Senhor.

Eu hei de dar ao Menino
Cinco pedras esmaltadas,
Cada pedra, cinco quinas,
Cada quina, cinco chagas.

CANÇÃO DO BERÇO

Poema Português Anônimo

Estava a Senhora
À borda do rio,
Lavando os paninhos
Do seu bento Filho.

Maria lavava,
José estendia
Chorava o Menino
Com frio que tinha.

- Cala, meu Menino,
Cala meu amor,
São os orvalhinhos
Que vêm do Senhor.

Não choreis, Menino,
Não choreis, amor:
Serão os pecados
Dos homens sem dor?

O sol já vai alto,
Na montanha além,
Aquecer o Menino,
Solzinho, vem, vem.

Os filhos dos ricos
Em berço doirado,
Só vós, meu menino,
Em palha deitado!...