sexta-feira, 20 de março de 2009

Novo Despertar da Humanidade

O homem tem a dimensão dos seus sonhos;
tem a grandeza de suas idéias e ideais.
Luciano Reis

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A Grande Virada

Uma nova tendência já se manifesta em nossa sociedade, em muitos estratos sociais. Muitas pessoas de nosso tempo estão dando uma grande reviravolta, na cultura do mundo consumista.
A consciência e a lucidez que estavam em decadência volta a ocupar o seu lugar privilegiado, na pauta dos jovens e de toda a gente de visão ampla.

A chamada modernidade que tende a criar atitudes uniformes, massificadas, despersonalizadas, sem Deus, sem alma, criou uma civilização órfã, sem Deus, sem Pátria e sem Razões.

Mas este modelo está em processo de esgotamento. Na trilha da desilusão da modernidade despersonalizante que se esgotou, nota-se o retorno de valores culturais permanentes, de porte atemporal.

Estão sendo jogados no lixo os princípios deletérios de um pragmatismo vazio e consumista: O poder e o ter como o valor maior. O saber ser, o saber conviver, o saber decidir já acompanham o poder e o ter.

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Novos Paradigmas nos desafiam

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Novos Paradigmas nos Desafiam

O mundo moderno produziu bens, conhecimentos e saberes de valor inestimáveis. São conquistas que ninguém quer que se percam.

O que precisamos é saber se o ser humano está a serviço das máquinas ou se as máquinas estão a serviço das pessoas, garantindo-lhes a consciência, a liberdade, a responsabilidade, a justiça, a convivência em paz, auto-realização e o desenvolvimento com prosperidade e solidariedade. Esta é a senha, para saber distinguir.

Assim se vão separando os modelos descartáveis e vazios. A nova atitude psico-cultural que vai desabrochando, como reação ao uniforme descartável, cria novos rumos e novas perspectivas no psiquismo social: a busca da história, da cultura, das artes e das novas atitudes.

Como gente, voltamos a ter passado, presente e futuro. Voltamos a ser diferentes dos animais, que só têm presente.

É a busca do plural, do eclético, do atemporal; a retomada de valores permanentes, de grandes e essenciais conquistas da humanidade que muitos tentavam fazer esquecer.

Há uma grande mudança de paradigma a nos desafiar: a testar a nossa competência cívica e intelectual.

Isto ainda é mais uma tendência do que uma conquista histórica. Mas a nova força motriz está germinando e abrindo o caminho no imenso cipoal...

A consciência das pessoas vai conquistando o lugar “que lhe cabe neste latifúndio”.

Atuação leal sem fantasias

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Atuação Leal sem Fantasias

A moda da modernidade vazia, que se tornou a panacéia da futilidade e sem sentido, sem alma, vai dando lugar a uma nova realidade: à busca de uma cultura sustentável, de uma liberdade sustentável, de uma ecologia sustentável, de uma economia sustentável, de um comércio sustentável, de uma urbanização sustentável, de uma gastronomia sustentável, para uma vida, um ser e uma convivência sustentáveis, isto é: digna e trazendo o bem-estar para todos.

Para muitos estas ainda são idéias de um humanismo barato e vazio, apenas para agradar e enganar a “platéia”. Para esses é mais uma moda a ser usada para tirar vantagens.

Em contrapartida, milhões de pessoas lutam sinceramente e se sacrificam, por tais idéias para um mundo melhor e mais justo ...

A bibliografia séria sobre estas idéias é muito ampla...

Diz a Bíblia que “os filhos da trevas são mais espertos que os filhos da luz”. É que alcançar grandes alturas sempre foi privilégio de poucos. Quem tem mais talentos, mais responsabilidade tem.

Revolução cultural e espiritual

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Revolução Cultural e Espiritual


Os bens produzidos por nosso tempo devem beneficiar o homem todo, integral, como ser que pensa, sente e crê. Suprir a fome física é fácil, o dinheiro resolve. Mais difícil é suprir a fome psíquica, espiritual e intelectual. Esta ainda é esquecida. É que para sanar esta carência é preciso sabedoria e muita persistência.


Sente-se que está em curso, no sub-consciente coletivo, uma verdadeira revolução cultural e espiritual, a par da revolução política e tecnológica. Sim porque os jovens de hoje não mais se envergonham de dizer que crêem e que respeitam valores morais. Rejeitam a coisificação das pessoas. 95% dos brasileiros, de 18 a 29 anos, declaram-se religiosos.


Os jovens são altruístas, generosos, solidários; têm censo de justiça e de lealdade...


Esta é a grande revolução que os políticos ainda não captaram.


No entanto, nossas escolas e nossas famílias têm dificuldade de veicular valores morais; os meios de comunicação também. E quanto o fazem às vezes, de maneira lastimável...


Os jovens encontram respostas às suas indagações no cristianismo, no budismo, no judaísmo, no islamismo, no hinduísmo, no messianismo, no espiritismo, etc., etc.


Buscam e encontram, para manterem o próprio equilíbrio psico-físico, mental e social...


Mas tudo isso só vinga e se consolida se os nossos jovens estudarem mais e com professores mais conscientes.


O saber e a ciência dão-se as mãos. Por isso, na escola de qualquer nível, jovem precisa aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser, aprender a decidir, aprender a querer, aprender a apreciar e aprender a compartilhar.

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Valores Perenes e as Centrais de Controle

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Valores Perenes e as Centrais de Controle

Os valores perenes voltam a recuperar seu espaço, como refúgio das pessoas cansadas da mesmice, da mediocridade, da despersonalização e da preguiça mental.

As nações estão apreensivas pela perda da individualidade e perda da própria identidade, numa sociedade massificadora que tudo nivela. Força as pessoas a um pensamento único e um sentimento uniforme, pasteurizado, desumanizado...

As grandes centrais de controle do poder criam as idéias que as pessoas mecanicamente vão assumindo e repetindo “pensando” serem suas.

Esta é a típica sociedade totalitária, com rótulo de democrática na capa... É sabido que o fascismo não proíbe de pensar, mas pior do que isso obriga a pensar o que e como os controladores sociais pensam.

Esta é uma sociedade norteada no rumo do consumo desenfreado e suicida, ainda que depredando a natureza e envenene o solo, o ar e a água, comprometendo a respiração e a alimentação e precarizando a vida humana que também se torna objeto descartável.

Novo despertar das consciências

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Novo Despertar das Consciências

Essa nova cultura marca um novo despertar da consciência, que reage para se manter. Não se deixa prensar pelo molde urdido pelos arautos do consumismo, baseados na matriz das decisões automatizadas por slogans publicitários e pela rotina. Faz um imenso esforço para romper com padrões impostos por propaganda maciça dos centros do pensamento carimbado.

O próprio Deus, cuja morte muitos apregoaram, está hoje mais vivo na mente das pessoas, e sempre atuante.

Nós até acreditamos na morte da esfinge persecutória de um deus sem alma, o “bezerro de ouro” que alguns pintaram, através do tempo, como espada para dominação e para ser esconderijo dos inimigos da liberdade e dignidade das pessoas: o deus dos que fazem grandes obras mas são “como o címbalo que tine”.

O Deus verdadeiro é o Deus da solidariedade e da libertação. É como os caracteriza Paulo (I Cor. 13,1).

Mas esse deus, talvez moribundo, não é o Deus de Abraão, de Moisés, de Cristo, de Agostinho de Hipona, de Francisco de Assis, de Antônio Vieira, de João XXIII, de Agostinho da Silva, e de tantos e tantos iluminados da fé e do pensamento humano.

Em muitas igrejas cristãs, nem sempre se cultua o Deus do Evangelho. Por isso muitas igrejas se esvaziam. Mas este nem sempre é um critério válido. Essa já é outra questão.

O Grande Patrimônio da Humanidade

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O Grande Patrimônio da Humanidade

O Deus de Abraão, de Cristo e de Vieira está muito vivo e atuante em nossos dias de despertar das consciências e da cidadania consciente.

Uma plêiade imensa de pessoas propugnam pelo Reino de um Deus que ilumina e faz as pessoas mais voltadas para a verdade, a liberdade, e a fraternidade e a cultura dos grandes valores cívicos e espirituais , que hoje são o grande patrimônio moral da humanidade.

A propósito desta nova consciência, que ressurge, qual Fênix, das cinzas de uma civilização dominadora e despersonalizadora da pessoa humana, que se consolidou mais intensamente nos últimos cem anos, citamos um texto clássico de Fernando Pessoa (1928?):

“... Os estudantes podem aprender, refletindo que é a loucura que dirige o mundo. Loucos são os heróis, loucos são os santos, loucos são os gênios, sem os quais a humanidade é uma mera espécie animal, cadáveres adiados que procriam”

Fernando Pessoa.“Sobre o Manifesto dos Estudantes”
in F. Pessoa, Obra Poética, 2ed. Rio, Aguilar, 1965, p.34

Grandes Mentores e Paradigmas da Modernidade

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Grandes Mentores e Paradigmas da Modernidade
(Com Destaque para Pensadores Lusófonos)



Cristo, Paulo de Tarso, Sócrates, Agostinho de Hipona, Francisco de Assis, Antônio Vieira, Pio XII, João XXIII, Agostinho da Silva, Huberto Rhoden, Norberto Keppe, Rui Barbosa, Gilberto Freire, Jaime Cortesão, Teilhard de Chardin, Gustavo Yung, Albert Einstein, Miguel Unamuno, Jacques Maritain, Escrivá, Fritjof Kapra, entre muitos outros.

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Prospectivas

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Prospectivas


No presente estudo abordamos alguns tópicos que consideramos de grande importância sócio-psico-cultural.
Leia e discuta. Este é um texto para debate consciente e participativo.
Chamo a sua atenção para o texto de Fernando Pessoa, a que demos o título “Geração Perdida”.

O Novo Despertar da Humanidade

A grande virada

Novos paradigmas nos desafiam

Atuação Leal sem fantasias

Revolução cultural e espiritual

Valores perenes e as centrais de controle

Novo despertar das consciências

O grande patrimônio da humanidade

Grandes mentores e paradigmas da Modernidade

Prospectivas

Geração Perdida

Busca Novos Caminhos

Fernando Pessoa

1. Pertenço a uma geração que herdou a descrença na fé cristã (no fato cristão) e que criou em si uma descrença em todas as outras fés.
Os nossos pais tinham ainda o impulso credor, que transferiam do cristianismo para outras formas da ilusão. Uns eram entusiastas da igualdade social, outros eram enamorados só da beleza, outros tinham a fé na ciência e nos seus proveitos, e havia outros que, mais cristãos ainda, iam buscar a orientes e ocidentes outras formas religiosas com que entretivessem a consciência, sem elas oca, de meramente viver.
Tudo isso nós perdemos. De todas essas consolações nascemos órfãos. Cada civilização segue a linha íntima de uma religião que a representa: passar para outras religiões é perder essa, e por fim perdê-las a todas.
Nós perdemos essa, e às outras também
Ficamos, pois, cada um entregue a si próprio, na desolação de se sentir viver.
2. Um barco parece ser um objeto cujo fim é navegar; mas o seu fim não é navegar, senão chegar a um porto. Nós encontramo-nos navegando, sem a idéia do porto a que nos deveríamos acolher. Reproduzimos assim, na espécie dolorosa, a fórmula aventureira dos argonautas: navegar é preciso, viver não é preciso
Sem ilusões, vivemos apenas do sonho, que é a ilusão de quem não pode ter ilusões. Vivendo de nós próprios, diminuímo-nos, porque o homem completo é o homem que se ignora. Sem fé, não temos esperança, e sem esperança não temos propriamente vida. Não tendo uma idéia do futuro, também não temos uma idéia de hoje, porque o hoje, para o homem de ação, não é senão um prólogo do futuro. A energia para lutar nasceu morta conosco, porque nós nascemos sem o entusiasmo da luta.
3.
Uns de nós estagnaram na conquista alvar do quotidiano, reles e baixos buscando o pão de cada dia, e querendo obtê-lo sem o trabalho sentido, sem a consciência do esforço, sem a nobreza do conseguimento.
Outros, de melhor estirpe, abstivemo-nos da cousa pública, nada querendo e nada desejando, e tentando levar até ao calvário do esquecimento a cruz de simplesmente existirmos. Impossível esforço, em quem não tem, como o portador da Cruz, urna origem divina na consciência
Outros entregaram-se, atarefados por fora da alma, ao culto da confusão e do ruído, julgando viver quando se ouviam, crendo amar quando se chocavam contra as exterioridades do amor. Viver doía-nos, porque sabíamos que estávamos vivos; morrer não nos aterrava porque tínhamos perdido a noção normal da morte.
Mas outros, Raça do Fim, limite espiritual da Hora Morta, nem tiveram a coragem da negação e do asilo em si próprios, o que viveram foi em negação, em descontentamento e em desconsolo. Mas vivemo-lo de dentro, sem gestos, fechados sempre, pelo menos no gênero de vida, entre as quatro paredes do quarto e os quatro muros de não saber agir.”

Fernando Pessoa
“Livro do Desassossego” In: “Obra Poética”
org. Maria Aliete Galhoz. Ed. Aguilar, 1965