segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

CRÔNICAS

O BEM, O MAL E A OMISSÃO

(REFLEXÕES EM TORNO DE UM BANDEIRA CAÍDA NA RUA)

José Jorge Peralta

1. Após a leitura de uma crônica,(Vertigem), publicada da FOLHA, (05.01.09), achei por bem reconsiderar um dos temas da mesma.
No início da crônica o autor prometeu falar de uma das pessoas que fazem o bem no mundo. Ao final falou que o mal venceu. Em termos, retruco eu. O mal venceu mas teve uma “Vitória de Pirro”. Aliás, vencer uma batalha não é vencer a guerra...
Quem venceu foi a Renata. O pai e a mãe perderam a filha e os filhos perderam a Mãe, mas apenas no convívio material. Renata é, de fato, um paradigma VIVO de pessoa cidadã e comprometida com o bem-estar da humanidade.
Outros, bárbaros, ceifam outras vidas todos os dias... São seres humanos animalizados por falta de outras Renatas, que lhes mostrem o caminho, atuando, em vez de compactuarem com o crime...
Há por aí muitos “bárbaros” de casaca, semeadores do caos e da cizânia, com suas teorias dos “coitadinhos”. Omitem-se que é mais cômodo...
O texto sobre A Omissão como Transgressão, do P. Antônio Vieira, (ver:
www.vieira400anos.com.br/textos) precisaria ser mais divulgado, para despertar muitos, dessa terrível letargia que propaga a irresponsabilidade e o crime, sacrificando inocentes e tirando a vida de quem resolveu cumprir o seu dever, por uma sociedade com mais bem-estar, como Renata. Que isto nos sirva de lição...
Uma conclusão me parece clara: o mal precisa ser extirpado; a questão é saber como. Enquanto perdurar, o mal continuará ceifando outras Renatas, gente do Bem, todos os dias, por toda a parte.

2. Será que queremos aprender a lição do “sacrifício” de Renata? Ou apenas queremos lastimar?
Os “bárbaros” que ceifaram sua vida estão por aí à solta,“vivos”, se isso é vida (!!).
Que políticas de inclusão social aplaudimos?! Onde estão?! Que solução propomos?! O mundo se apequenou! Há mais simpatia e proteção para o mal do que para o Bem. E chamam a isto “inclusão?!” Ou é o mundo de pernas para o ar nas mãos dos trapalhões?!
A dita “inclusão” que discrimina toda a população deixando-a nas mãos da barbárie, não é inclusão. É antes uma bárbara “exclusão social”. Exclusão de toda a sociedade que não tem a quem apelar, apesar de pagar seus impostos, com direito às garantias básicas como a segurança.
Na grande trapalhada por aí implantada e populista, confunde-se a pessoa com a sua ação. As pessoas devem ser respeitadas (todas) mas o mal deve ser extirpado e a ferida tratada...

3. Para seus pais e familiares e amigos, Renata sempre viverá, como uma estrela do Bem , ensinando caminhos, iluminando-os.
Não tive o prazer de conhecer a Renata. Conheci os seus gentis pais, numa semana antes da tragédia, que falaram da filha com orgulho merecido.
O mal, como o bem, são para nós um mistério... Explicações racionais não nos bastam.
Sabemos que são forças antagônicas que fazem parte da vida, numa relação dialética, numa luta sem tréguas.
A barbárie roubou Renata aos seus, mas, quem venceu? Quem perdeu?!
O bem venceu em Renata, pois a sua luz continuará a brilhar. O mal continua vicejando nas trevas do horror, se deixarmos a bandeira do Bem caída no chão, no meio da rua, sendo pisada pelos transeuntes... Não podemos deixar esta relação paradoxal tender para o lado errado...

4. Considero arriscado banalizar a vitória do mal, diante de outros valores que nos remetem a outras dimensões. O sentido da vida é mais complexo...
Apesar do paradoxo, prefiro afirmar que quem venceu de fato foi Renata, sem dúvida, pelo bem que fez aos desvalidos... Ela fez a sua parte.
Mas não sei explicar ainda esta opinião... E nem sei se um dia saberei. Sei que é assim...

UM NATAL NA ALDEIA

PRESÉPIO VIVO [1]
(Conto Natalino)

1.
Num recanto de uma praça pública,
numa cidade do interior, num bairro da periferia,
a comunidade preparou, para a comemoração do Natal,
com um presépio vivo. Já entardecia o dia.
Para anunciar o início da celebração, alguém tocou um sininho.
Lá estava a grande gruta de “pedra”, com árvores reais ao fundo.
Lá estava a vaca e o jumento, comendo capim em uma grande manjedoura.
Lá estava Maria, José e o Menino, envolto em panos.
Lá estavam os anjos (um coral infantil) contando com suas vozes maviosas:
“Glória a Deus e paz aos homens de boa vontade”.

A música era meiga, majestosa e envolvente.
Lá estava o anjo com sua corneta celeste, para anunciar o grande acontecimento:
um menino nasceu: o verbo de Deus se fez homem.
Bem no alto, em cima do presépio, brilhava uma grande estrela dourada:
a estrela do Natal.
Nas árvores, cantava a passarada que também observava atenta...
As pessoas aproximavam-se sorridentes, alegres e reverentes,
com visível entusiasmo... Sentindo-se em casa.

2.
A praça estava toda enfeitada:
os troncos das árvores recobertos de luzes cintilantes.
Lá chegaram os pastores muito alegres, vestidos à caráter,
com as suas ovelhas e com suas flautas.
As crianças traziam seus cordeirinhos ao colo.
Os cães de guarda os acompanhavam.

No meio da celebração vieram muitas mulheres da vizinhança,
trazendo presentes para Maria, para José e para o Menino,
oferecendo seus serviços. Vieram em pequeno cortejo, em trajes tradicionais...
Trouxeram pão, frutas, ovos, mel e leite.
Com as mulheres da vizinhança e com os pastores
vieram crianças, meninos e meninas,
com flores para oferecerem ao Menino que “ali nasceu”.


3.
Toda aquela gente estava por ali, em volta do presépio,
cantando, conversando e rindo tranquilos e felizes...
Afinal, perceberam que algo muito grande acontecia ali em encenação.
Eles eram testemunhas.
Até a noite tinha mais estrelas e a lua tinha mais brilho..
Pelas campinas a vegetação brilhava.
Era inverno e o vento soprava frio...

Aquele dia marcava o surgimento da nova era da humanidade.
Mais tarde, o tempo seria contado assim:
antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.).

4.
As crianças brincavam e corriam.
De repente começou a ventar e formou-se um grande rodamoinho,
inquietando o pessoal.
Chegou então um grupo
animado de rapazes e moças,
tocando violão e cantarolando.
Todos vieram homenagear o menino que nasceu.
Trouxeram, como presentes, frutas da época:
jabuticaba, mamão, pitangas e muito mais. Trouxeram até uma fruta de jatobá.
Para todas as mulheres e crianças que estavam por perto,
Os jovens oferecem frutas e flores silvestres.
Até um garoto meio folgazão, vestido à caráter
nesse dia soube manter o respeito que o evento merece.

5.
Após a cerimônia da cantoria jovem e
De compartilhar as flores e arranjos verdes
Numa grande confraternização .
Para encerrar a celebração,
chegou um homem
de barbas brancas, com
uma Bíblia na mão.
em cima do caixote proclamou:
o Natal é a mias bela festa da humanidade.
O Menino da gruta de Belém nos deu uma grande lição:
que todos amem a vida e seus irmãos.
Vamos compartilhar nossa vida e nossas alegrias;
Vamos compartilhar o nosso saber e o nosso pão.

FELIZ NATAL
PRÓSPERO ANO NOVO

São os votos de J. Peralta e Família

_________________________________________________
[1] Texto de J.Peralta

OS SINOS DE NATAL

“Os sinos da fraternidade
pedem a PAZ para a humanidade”


1. Natal é tempo de PAZ, tempo de reflexão, tempo de confraternização...
É tempo de solidariedade: tempo de compartilhar.
No Ano Novo vamos pensar na produtividade, no trabalho, na prosperidade.
No Natal o assunto é outro, muito importante, às vezes por nós descuidado...
No Natal a mensagem é espiritual, interior;
é este nosso outro lado tão esquecido e quase abandonado, numa vida meio tumultuada...


2. Que belo cenário nos traz à mente e ao coração o Natal...
Para toda a gente o Natal tem sabor de SINO: os sinos que tocam na Igreja e o sino pequenino que às vezes o bom velhinho toca para chamar a atenção e provocar o encanto das crianças e dos adultos.
Ao falar em Natal, logo nos vem à mente o bimbalhar dos sinos e as mais belas canções:

“Bate o sino, pequenino, sino de Belém,
Já nasceu o Deus Menino, para o nosso bem”

Ou esta outra;

“Os sinos bimbalham
Repicam solenes
E a todos espalham
Nasceu o Senhor”

O Natal lembra também Fernando Pessoa e sua paisagem bucólica, aldeã:

“Sinos da minha aldeia
Dolentes na tarde calma
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma”.


3. Como era bela a noite e o dia de Natal de nossa infância:
Sinos...luzes...cantos...flores...presépio... e muitos sorrisos de adultos e de crianças.
O Natal traz-nos saudade dos tempos de criança.
O Natal não pode faltar na vida das crianças de hoje...

Como é belo e radiante o dia de Natal, naquela criança tão meiga, alegre, feliz e tão simples que ainda existe e brinca, no mais interior de nossa alma, de nosso ser... Aquela criança que fomos outrora, que se alegra com pouco, que brinca de esconde-esconde com o pai e com a mãe, e corre feliz pelo quintal e pelas ruas e sobe nas árvores e chapinha nas poças de água, como também fazia o Meu Menino Jesus, de Fernando Pessoa. Éramos felizes e não sabíamos. Éramos ... Isto bastava...

Essa criança aflora em nossa alma, em cada Natal, com imenso júbilo,
rejuvenescendo nossa vida e nossos ideais.

4. Onde quer que ouçamos tocar ou cantar os SINOS DE NATAL, elevemos a Deus uma prece por todas as crianças e adultos que não mais sabem o que é o NATAL, pois dele ninguém lhes fala. Que falta lhes faz...O Natal humaniza as pessoas.

Fale a uma criança ou adulto sobre a mensagem do NATAL, na Gruta e dos Anjos tocando os Sinos e cantando.
Desça de seu pedestal e volte a ser povo, nesta celebração, como os pastores de Belém.
Ponha os pés no chão, neste momento mágico.

Propague a mensagem do Menino:”PAZ NA TERRA, às pessoas de boa vontade”
O Natal nos diz que “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.

Faça algo pela PAZ, pelo BEM, pelo PÃO e pela SOLIDARIEDADE.
FELIZ NATAL
E
Próspero ANO NOVO
Para toda a gente.

PAZ para a humanidade.

José Jorge Peralta