quinta-feira, 30 de abril de 2009

O Sermão do Mandato II - Dimensões

O SERMÃO DO MANDATO II
O Gesto e a Palavra Transformadora


I
DIMENSÕES DO MANDATO


1. Durante a Última Ceia, no Cenáculo de Jerusalém, após a cerimônia do Lavapés,
Cristo disse aos Apóstolos:

“DOU-VOS UM NOVO MANDAMENTO”
“MANDATUM NOVUM DO VOBIS”

“Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.(Jo 13. 1-35)
Marcos (12. 30 e 31), narra Jesus respondendo, dias antes, a um dos escribas. Aí disse-lhes: o primeiro mandamento é

“Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração,
de toda a tua alma com todas as tuas forças”.

E acrescentou:

“O segundo é semelhante ao primeiro:
Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.

Finalmente comentou:

“Não há outro mandamento maior do que este.”

Na Última Ceia, Cristo inova, com o “Mandamento Novo” da Nova Aliança.
O parâmetro não é mais “amar o próximo como se ama a si mesmo”.
O parâmetro agora é: amarem-se as pessoas mutuamente, como Cristo as amou: até à morte...O Novo Parâmetro é Cristo.
Cumprir o Mandamento Novo é cumprir o Decálogo – os Dez mandamentos e muito mais, com toda naturalidade.
A marca que distingue os Cristãos é esta: as pessoas se amarem mutuamente. Sem esta marca, tudo mais é vazio.
Neste Mandamento Novo do Evangelho se resume toda a lei, os profetas e o Evangelho.

2. Senhoras e Senhores!
A difusão do Evangelho, que Cristo resumiu no Novo Mandamento, teve quatro grandes momentos em sua consolidação entre nós. Quatro momentos onde assistimos quatro grandes Sermões que marcaram sua Boa Nova, a sua Pregação: três de Cristo e um dos Apóstolos: São quatro aulas magnas: quatro momentos mágicos, cheios de encanto, admiráveis:
1) O Sermão da Gruta de Belém (Lc. 2,1-20) – Nascimento – Um Menino em palha deitado;
2) O Sermão da Montanha (Mt. 5,2-11) – Pregação – Bem-aventurados os pobres em espírito;
3) O Sermão do Mandato (Jo. 13,1-35) – Grande Síntese – Ceia, Lavapés e Mandato Novo, Condenação, Crucificação e Ressurreição.
4) O Sermão do Pentecostes - do Espírito Santo (At. 2,1-18) – Propagação – O Sermão da Praça Universal, onde todos se entendem, no milagre das línguas, em contraponto com a Torre de Babel - a confusão das Línguas...

3. O Sermão do Mandato começa com o ato da reunião de Cristo e seus Apóstolos no Cenáculo, para a Última Ceia e as Últimas recomendações, na 5ª Feira.
Aí ocorre a Cerimônia inesperada do Lavapés que mostra, na prática, a Simplicidade, a Missão de Servir, a Solidariedade e a Fraternidade e a tomada de atitude: a decisão: a essência do cristianismo.
Esta primeira parte é o Sermão do Mandato, sem palavras. Cristo pregou com atitudes: “como eu fiz, fazei”.
Cristo viu os Apóstolos atônitos, sem entenderem o significado do que viram. É que não basta os olhos verem. O coração tem de sentir e assumir.
Como Cristo, o Mestre, lava os pés aos discípulos? Como age como servo, se ele é o Senhor?
Não é fácil entender isto. Não tem lógica...na sociedade das vaidades e do consumo.
Vendo as dúvidas espelhadas no rosto de seus Apóstolos, que bem conhecia, perguntou-lhes - Compreendeis o que fiz?
E antes que algum se manifestasse, para não os constranger, explicou-lhes o que fez:
O ato que fez foi uma alegoria, quase como um parábola ou enigma. Até porque lavar os pés deve ser interpretado como uma metáfora. Remete a atitudes simples, vida simples. Diz que o ser Senhor é um ônus; é ser servo dos outros e não um déspota, um dominador.
E Cristo deu um recado: o enviado não é maior do aquele que o enviou: Os apóstolos não são maiores do que Cristo para rejeitarem ser servos de seus discípulos, se ele não rejeitou ser servo de todos. Ele deu o exemplo. Como eu fiz, façam vocês também.

4. Mas o que é lavar os pés uns dos outros? É ajudar o outro nas horas difíceis; ajudar os outros a superar dificuldades ou a se livrar de injustiças, das calúnias e das injúrias e das conspirações e dos golpes traiçoeiros... Ajudar os outros a suportar, com paciência e esperança, os momentos difíceis da vida.

Lavar os pés é cumprir as Obras de Misericórdia:
· Dar alimentos a quem tem fome;
· Dar de beber a quem tem sede;
· Vestir os nus – atender as pessoas que não tem roupa para se vestirem;
· Visitar e tratar dos enfermos e dos encarcerados;
· Dar pousada aos peregrinos;
· Ensinar os ignorantes;
· Dar sepultura aos mortos.
Disse Cristo:
“O que fizerdes aos mais pequenos
é a mim que fazeis”.
As Santas Casas de Misericórdia são grandes modelos do Novo Mandato, como prática. Hoje há muitas organizações sociais confiáveis, ligadas a igrejas que fazem de seu ofício, cumprir as obras de Misericórdia.
Por toda a parte há gente desnutrida, com fome; gente sem ter o que vestir, nem como se lavar; gente doente, precisando se tratar e de higiene no lar; gente peregrina, perdida sem ter onde morar; gente bruta e malcriada, sem ter como se educar...
Isto já é Mandamento Novo.

Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei...”
É o amor doação quer seja correspondido quer não. O amor que não espera retorno.

Quem ama vidros pensando serem pérolas,
pérolas ama e não vidros”,
diz o P. Antônio Vieira.
[Texto em Construção]

Nenhum comentário: