sexta-feira, 23 de abril de 2010

As Forças da Mudança

XI
AS FORÇAS DA MUDANÇA

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A Igreja precisa se restaurar, a cada Páscoa, a cada dia. Precisa recuperar a sua juventude, sempre. A Igreja verdadeira nunca envelhece. Liberêmo-la dos adereços  que lhe tolhem o vigor e escondem a luz.
            As doenças superam-se, resolvendo as causas e, não as consequências.
            As grandes mudanças são realizadas no interior das pessoas.

            A paz, como a Graça, é conquista de cada dia. Quem se descuida, perde-a. Por isso diz o Mestre:
“Não vim trazer a paz, mas a espada”.
É o caminho e vigor para construir a paz, a cada dia e a cada hora, sempre.
As distâncias da Igreja, em relação, à Comunidade já se vão encurtando. A Igreja de Cristo é, por essência, uma Igreja presente e nunca distante.

O cristianismo espalhou-se pelo mundo, como um benfazejo oásis no deserto. Chegou e foi acolhido como um alívio e não como um fardo pesado.
O cristianismo é libertação de toda a escravização espiritual. É um espaço de liberdade, de fraternidade, de generosidade e de esperança.
O cristianismo é, a um só tempo, a religião do Presépio, do Sermão da Montanha, do Dia de Ramos, do Calvário,  do Novo Mandamento, da Páscoa e do Pentecostes.  A estes sete eventos capitais eu chamo os sete grandes Sermões do Evangelho, onde, por vezes, falam mais alto e com mais eloqüência os fatos que as palavras. É a religião de todas as horas e de todos os dias da vida, com seus naturais e conjunturais paradoxos.

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Manifesto-me como cidadão do mundo, mais do que  como cidadão de um país e da Igreja. Acredito que fica difícil ser cidadão da igreja, se não somos cidadãos do mundo. A Igreja  é espaço dos humanos, e é, ao menos na intenção, um espaço de luz, de consciência.

            Penso, ajo e reajo dentro das coordenadas do Movimento Pacto Humanista Global - GlobiPacto (clique)que me dá os parâmetros de uma cidadania ativa, transformadora e articuladora de solidariedade universal, na busca da Luz e da Consciência Humana, multifacetada e plural.
            Eventualmente, alguns diálogos mais contundentes poderão ser olhados  como impertinentes. Mas em certas horas só os diálogos contundentes dão resultado. Bruta é a realidade. Para grandes impasses grandes remédio. Está escrito: “Paulo resistiu a Pedro, na cara”. Este também é um diálogo impertinente, mas foi necessário,  com todo o respeito. Isto é fraternidade.

Precisamos estabelecer alguns parâmetros básicos que balizam a cultura permanente da dignidade humana e do respeito à natureza e ao desenvolvimento sustentável. Precisamos adotar a cultura da solidariedade universal, num mundo onde tudo se relaciona .
O momento exige ousadia e tomada de decisão.

Porque não és frio nem quente, porque és morno eu te vomito da minha boca”, é o que dirá Deus, aos olhares complacentes, com o projeto estapafúrdio de humilhar a igreja,  sem razão e sem proporção.
            A resistência pacífica também é ação como reação.
É uma tomada de decisão, enfrentar a situação, desarmado. O silêncio resistente, pode ser muito mais forte do que levantar a espada de metal.

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Terminei a primeira versão deste  texto no dia 1º de Abril de 2010. Nesse dia o enviei para diversas autoridades, solicitando algum parecer.
O resultado dessa distribuição restrita do texto trouxe um rico diálogo, com um padre jesuíta de Portugal,  um missionário de alma e coração. O diálogo via e-mail foi em caráter  pessoal,  por isso não tenho direito de divulgar o nome do autor. Publico os comentários e as respostas e que dei aos comentários.
            No último comentário recebi um reforço comovido, que se refere a outros três textos, incluindo a Cruz Quebrada” (clique) que enviei:

Muito bons textos, amigo, cheios de história e de sabedoria…
São bem necessários nos tempos de ignorância que atravessamos…
Força! Ânimo!...
Abraço amigo pascal!
            Ass. JC
           

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Este é um texto de opinião e neste nível deve ser considerado.
            A questão que está na base é a sórdidapolêmica da pedofilia”. Mas esta é uma questão menor, neste ensaio.
A pedofilia não é o problema; é apenas um problema de percurso.
Os holofotes, sobre tão lastimável problema localizado, não podem nos limitar a visão da totalidade.
       Busco refletir sobre as dinâmicas das engrenagens da Igreja e as forças humanistas que ela congrega e que ela representa, num mundo plural. É preciso saber liberar a luz e o calor que existem dentro da Instituição. É preciso não se apequenar.
            Meu ponto de vista, de observação e de reflexão é a sociedade civil, com seus valores, esperanças e contradições, em que vivem os humanos, numa perspectiva humanista.

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