quarta-feira, 18 de novembro de 2009

SÍMBOLOS RELIGIOSOS
No banco dos réus



J. Jorge Peralta



1. Dizer que o Muro de Berlim caiu, o que significa? Se tantos outros existem?! Não parece uma grande hipocrisia social de nossa civilização.
Muitos muros estão sendo construídos para confinar a liberdade. E ninguém diz nada!...
As salamandras estão agitadas...
Diz-se que a cruz cristã deve ser retirada das repartições pública. Dizem que constrange as pessoas de outras crenças, num mundo plural e democrático, onde todos (?!) são iguais. A cruz é, então, anti-democrática?! Mas se é plural, por que há exclusões, sem condição?...

Mas que cinismo barato... Barato e balofo, incoerente e inconsequente! Democracia é o Regime de igualdade, com respeito inalienável à diferença. Afinal, o que é Democracia?! Para alguns parece ser marca de discriminação... Será ou não?!

2. Quem anda por países de maioria budista, não se sente, em nada, constrangido ao ver colossais, grandes ou pequenas estátuas de Buda. Até em Roma se vendem imagens de Buda. Por que não?!
É o caso do Templo Zu Lai, de Cotia, em São Paulo, o maior Templo Budista da América Latina, visitado por gente de todas as religiões.
Quem vai a país ou comunidade de maioria islâmica, não se sente constrangido com os minaretes das mesquitas e do pregoeiro que, nas horas marcadas, convoca os crentes para as orações rituais. Nem nos incomodam as vestimentas especiais das mulheres, embora possamos dizer não aos rituais que as mutilam ou as discriminam em alguns países. Só não podemos omitir quando, eventualmente, há agressões à dignidade humana.

Se vamos a um país ou comunidade de maioria judaica, não nos incomoda nada a majestosa sinagoga, com a Estrela de Davi e a menorá (candelabro de sete braços, também de uso cristão) ou o kipá dos homens e suas vestes próprias.
No Brasil, cristãos, islâmicos e judeus frequentam até os templos uns dos outros sem neuroses e com respeito. O P. Vieira, no século XVII, visitava a sinagoga de Amsterdã, na Holanda.

3. Aprendemos a conviver, democraticamente, com a diferença, com muito respeito às especificidades que cultivam a fraternidade e a convivência pacífica e respeitosa, sob a tutela de princípios superiores de solidariedade, espiritualidade, auxílio e apoio mútuo, na busca da construção da paz, com justiça e prosperidade. Isto é Democracia sócio-cultural.

Nos Princípios, todos somos solidários, para além das respeitáveis diferenças rituais.
Quando vamos a países ou comunidades, em que se destacam judeus, muçulmanos ou budistas, respeitamos, com certa veneração, seus símbolos e os trazemos de lembrança, em fotografias.

Quando estive no Egito, fotografei muçulmanos rezando, prostrados, voltados para Meca, em espaço público. Fotografei por admiração.
Em Roma, há poucos meses, fotografei uma muçulmana, prostrada numa avenida, espaço público, rezando. Achei o ato belo, sincero e desprendido. Também fotografei.


Assim são os Cristãos que respeitam as diferenças e a consciência de cada um.

4. Em contra-partida, o cristianismo, a maior religião do Ocidente, onde é maioria, está sofrendo discriminação ao uso de seus símbolos: hoje a Cruz, amanhã sabe-se lá o quê?!
Diz-se que os símbolos cristãos, onde estes são maioria, constrangem as pessoas de outra religião ou os agnósticos e ateus. Puro cinismo. Isto é sim discriminação e não Democracia.
Estão querendo implantar uma Inquisição às avessas?! Ou outras espécies antigas de opressão?!
Democracia é respeito à diferença e não imposição de uniformidade tirânica.
Democracia, semanticamente, rima com diferença e não com tirania.



5. Dizer que nossa época é uma cultura descrente, tem algo de cinismo; é não saber o que se diz, nem o que é ser crente.
Muitos "intelectuais", hoje, não pensam com a própria cabeça; são repetidores de refrões...
A fé moderna é apenas diferente: tem outros paradigmas, tem outros parâmetros. É mais aberta e plural. Se não entendermos as mudanças perderemos o rumo e o discurso.

A controvérsia contra os símbolos cristãos está ainda fervendo por toda a Europa e no Brasil. Uma polêmica vazia, anti-democrática, chantagista... Em princípipos necessária...
Conviver com os símbolos de outras religiões, que, como o cristianismo, respeitam a vida, a natureza, a justiça e a fraternidade é uma atitude essencialmente democrática e humanista.
Só temos direito de questionar rituais ou privilégios ou organizações que ofendam a dignidade humana, os direitos humanos fundamentais, a convivência pacífica, a fraternidade universal, a igualdade fundamental, a justiça e a paz.

6. Então senhores arrogantes, que se julgam senhores de todo o saber e talvez não passam de gente de muitas ignorâncias, escutem um conselho de amigo: deixem o cristianismo em paz. Cuidem da vida.
Cuidem dos trapalhões, mas não mexam com as religiões de verdade, tradição, cultura e credibilidade.
Vejam o desconcerto: em muitos países de maioria islâmica, os cristãos são mortos ou perseguidos.
Nos países de maioria cristã, os perseguidos são, outra vez, os cristãos. Há algo que não bate bem!...
O que significa, na prática, viver num país plural?!

Nota: Este texto tem como motivo a Legislação na Itália, Portugal, Brasil e em outros países que quer proibir a exposição de cruzes cristãs, em espaços públicos.

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