sexta-feira, 23 de abril de 2010

XXXVI
COMENTÁRIOS

Encaminhamento 1
Prezado Padre JC
Agradeço os textos que me enviou. Os dois são muito bons.
Envio-lhe um Ensaio que redigi, sobre o mesmo  assunto, em outra perspectiva.
O texto está em fase de avaliação. É ainda provisório.
Estou mandando para alguns amigos para verem se vale  a pena passar adiante.
Eu penso que sim, mas... Sei lá?!
Se tiver um tempinho, dê ao menos um seu olhar, ainda que seja rápido.
Só espero que não considere o texto muito herege. Mas se considerar, tudo bem. 
A gente nem sempre acerta.
Um grande Abraço.
JP

Comentário 1:
Caríssimo Amigo:
Estou disponível para dar seguimento ao seu trabalho. Acho muito honesto e digno em si. Avance.
Dou o meu grande aplauso ao chamar a atenção para  o fato de as crianças e os adolescentes não terem que estar a levar com estas conversas…
Das ideias que expressa, há duas em que não estou tão de acordo:
1)     Embora estando de acordo que o Papa não se deveria ter dedicado à Irlanda pessoalmente, acho o caso da Irlanda tão fora do normal, que também não via que os bispos irlandeses tivessem força para avançar sozinhos! Eu estive na Irlanda e vi e ouvi coisas incríveis. Num país, onde todos os padres, há dez anos, andavam ainda vestidos de clergyman, agora todo aquele que se apresentasse assim em público era objecto de escárnio e até de maus tratos: uma coisa impensável há dez anos atrás, na cristianíssima Irlanda!... E ouço dizer que, depois do documento do Papa, as coisas apaziguaram um pouco.

2)     Sobre o celibato. Embora também julgue que o celibato possa vir a ser um assunto “tratável”, acho que ele não tem nada, absolutamente nada que ver com a pedofilia. Os pastores protestantes – na maioria casados – têm problemas de pedofilia em percentagens mais elevadas… Por isso, acho que não deveria falar nele neste caso, para não confundir.

Desejo uma santa Páscoa!
Abraço amigo,
JC

Comentário 2
Caríssimo P.JC
Fiquei encantado com suas palavras. Palavras de Pastor.
Mais do que de Pastor, de companheiro de viagem.
Não imaginaria que o caso da Irlanda fosse tão grave.
Pessoalmente tenho muita admiração por aquele país, e pelo sofrimento quase heróico dos católicos.
Não mereciam tal constrangimento, se é que não é armação  da imprensa(!).
Há que ouvir os dois lados, sem preconceitos. Mas isto já é uma outra questão de estratégia.

Questiono a intervenção do Papa por ter, com esse ato, dado ares de cidadania a um tema tão incômodo, e que não é exclusivo da Igreja, e nem principalmente.

É um problema da nossa modernidade inconsequente, que só pensa na produtividade e não valoriza os valores da  pessoa, coisificando-a. Sem princípios, tudo é válido, desde que dê lucro de alguma forma. 
Assuntos particulares não são assuntos para o Papa se manifestar. Deveria então ter entregue o assunto a uma dos Comissões da Santa Sé. Autoridade nunca entra diretamente em assuntos deste nível sem se comprometer comprometendo o seu cargo e toda a Instituição.

Enfim, o estrago está feito. Resta tirar as lições, fazendo a lição de casa. Mas que seja feita.
As dificuldades para conduzir um assunto tão escabroso serão muitas. É trabalhar num atoleiro, onde muitos torcem para que o carro atole de vez.
Não se resolve uma questão dessa dimensão dizendo que não se dá
atenção a fofoca...
Não é palavra para a boca do Papa. Denota descontrole. É pena. Mas é também assim que se aprende.  Mas o custo é muito alto e penoso para todos. Pagarão os justos pelos pecadores, mais uma vez.

Sobre o celibato, concordo consigo. Não tem nada a ver com pedofilia.
Mas acredito que este é um assunto sério para a instituição eclesiástica. Muito mais do que a pedofilia, que é um problema  da sociedade.
Acredito que a abolição do celibato eclesiástico obrigatório  não interessaria mais do que uns 20% dos padres seculares. Mas deveria ser enfrentado.
Há problemas seriíssimos em jogo. Hans Kung tem toda a razão  e deveria ser ouvido. O nosso P. Diogo Antônio Feijó, tutor de D. Pedro II (Segundo quartel do séc. XIX),  viveu e morreu como filho de pais incógnitos, só porque o pai dele era o Vigário de Cotia e a mãe uma  senhora da alta sociedade. Lutou contra o celibato obrigatório, com seriedade e, como outros, não foi escutado.
O celibato deveria ser opcional para os padres seculares, por não viverem em comunidades de confrades.

Há um certo farisaísmo pairando no ar, que ninguém quer enfrentar. Um certo faz-de-conta. Uma certa omissão; como a teoria dos três macaquinhos: não vejo, não ouço e não falo.
A Igreja precisa se desfazer de um certo entulho inútil e até prejudicial, para levantar novos vôos  e retomar a antiga credibilidade de fermento da paz, da justiça e da fraternidade, de que o mundo está tão carente. A Igreja não pode se omitir.
"Por uma omissão perde-se um reino" disse bem Vieira. 
Infelizmente muita gente na igreja, vai perdendo o foco de sua missão.
A Igreja parece  disposta a abdicar de sua alta missão social, como semente e como fermento. 
A Igreja não tem direito de abdicar de suas responsabilidades no mundo.
Mais uma vez muito obrigado.
Respeitosas saudações
JP

Comentário 3
Caríssimo Amigo:
Muito obrigado pela réplica.
Estou a chegar da Missa Crismal de hoje. Muito contente.
Estou de acordo consigo na reflexão que faz agora.
Estou certo que o Papa não se deveria ter mostrado “magoado” com as acusações que lhe fazem. Acho que ele deveria ser mais cristalino e cumprir o seu ministério confiado em Cristo.
Devia ficar mais acima e não andar em jogos de força – quase de igual para igual… É um erro muito grave, na praça pública de hoje…
Um abraço com os votos de Santa Páscoa!
Abraço amigo e beijinhos amigos para a sua esposa.
JC

Comentário 4
Retribuímos os votos de uma Santa Páscoa. Sua alegria me contagiou. Fazem-nos muito bem uns momentos se alegria.
Isto me faz lembrar o Constituição do Vaticano II, Gaudium et Spes". 
Peço desculpas por estar ocupando muito o seu preciosíssimo  tempo.
Estou enviando  um texto sobre a Cruz Quebrada, em anexo. 
Se o senhor quiser ler no site, clique no link abaixo.
http://alfa8omega.blogspot.com/2010/04/cruz-quebrada.html  de Salvador, na Baía. As fotos da Cruz eu as achei deslumbrantes;
Tirei-as contra o sol, se pondo na Baía de Todos os Santos.
Espero que as aprecie, mas quando tiver tempo. Ligo a Sexta feira Santa ao dia de Páscoa.
Saudações
JP

Encaminhamento 2
Prezados Amigos
Estou enviando três textos da minha lavra preparados para esta Semana Santa e para a Páscoa para ler se tiverem tempo para isso.
Respeitosas Saudações e FELIZ PÁSCOA
JP

Comentário 5
Muito bons textos, amigo, cheios de história e de sabedoria…
São bem necessários nos tempos de ignorância que atravessamos…
Força! Ânimo!...
Abraço amigo pascal!
JC


OUTROS COMENTÁRIOS

COMENTÁRIO 6
           
Caro Amigo,
Senti que o texto “Abalo na Igreja”, fala muito à vontade, muito sem cerimônia, com as autoridades da Igreja.
Faz uma crítica contundente ao seu agir às vezes esteriotipado, e pasteurizado.
Apela para a recuperação do essencial da Mensagem Cristã.
As autoridades da Igreja não costumam gostar da intervenção dessas dimensões. Não fazem auto-crítica. Muito menos “Exame de Consciência”.
Você acha que valeu a pena escrever um texto dessas dimensões, sabendo que as autoridades da Igreja, autossuficientes, certamente não vão dar atenção às suas críticas e propostas?
Paulo Teixeira

COMENTÁRIO 7
RÉPLICA:

OUTRO OLHAR SOBRE A IGREJA
Nas boas como nas más horas devemos ser solidários com a Igreja cristã e católica e solidários com Roma, com o Vaticano, símbolo da unidade na diversidade dos cristãos espalhados pelo mundo, com as variadas formas de honrar a Deus no próximo, cumprindo e difundindo o Mandamento Novo: A Nova Mensagem. Olhamos positivamente.

Roma deve ser a Nova Jerusalém, a cidade capital de todos os cristãos do mundo, na sua diversidade criadora. Roma deve ser, na terra, como a Casa do Pai, que a todos acolhe e que não fecha as portas para os filhos pródigos, nem para o bom ladrão, nem para a adultera que Cristo salvou.
Eu penso: Ai de ti Igreja Cristã, Igreja de Roma, se não recuperares o brilho da palavra do Evangelho!...
Com lealdade, não podemos deixar de ver algumas das rugas e cicatrizes, que por, muitas gerações, alguns homens, talvez impelidos por circunstâncias irresistíveis, deixaram em seu rosto,  já cansado de ignomínias, mas honrado.
Não podemos deixar de proclamar que a Igreja precisa mudar sempre, como as quatro estações do ano, para levar a Mensagem da solidariedade, da justiça, da paz e da responsabilidade, enfim a Mensagem do Novo  Mandamento, do Evangelho, às pessoas de todos os tempos.
Não uma mensagem esteriotipada, pasteurizada, mas uma mensagem viva.
A Igreja na é partido Político. Nem adota o “partido  único” nem o “livro único”.
Os valores permanentes e essenciais do cristianismo são dinâmicos e não estáticos.
A Igreja de Cristo é uma igreja que leva luz a todos os povos, mas leva sua luz na proa, no convés e não no escuro de seu porões. Leva liberdade e não a escravidão. Não o jugo.
É uma Igreja da evangelização e não da punição, da exclusão, da condenação, de anátemas aos pseudo-hereges; Estes muitas vezes, apenas manifestaram, com ardor, a necessidade de a Igreja ser mais mãe e menos madrasta, para com muitos de seus filhos, eventualmente equivocados em alguns princípios ou que apenas quiseram que a Igreja  aceite a diversidade  na unidade, garantindo a identidade de cada povo.
Nem sempre a Igreja entendeu esta sua força dinâmica... Há ainda hoje um certo ranço de comportamento que apenas obscurece o brilho de sua Mensagem e lhe cria dificuldades inúteis.
A hierarquia da Igreja precisa ser aberta a todos,  como a Basílica de São Pedro, que recebe a todos, com carinho, sem exigir de ninguém certidão de fé.
 A Igreja precisa abdicar de certos fardos, que tolhem os movimentos, para ser efetivamente, portadora da luz.
Vos estis Lux mundi.

Se as autoridades da hierarquia prestarem atenção ao texto “Abalo na Igreja, Crise na Humanidade”, ou não, é problema deles. O texto será lido por muitas milhares de pessoas. Isto me diz que valeu a pena minha dedicação.
Sei que estou ajudando muitos a Olhar a igreja com mais serenidade e outro olhar  e a reavivarem sua confiança, para alem de eventuais enxovalhos ou inconsistências.
Por outro lado, tenho confiança que alguém levará este documento muito a sério, porque eu levei o levei muito a sério.

Lembrei-me, neste contexto, de um texto paradigmático, de espírito franciscano, que bem poderia ser chamada Oração do Novo Mandamento, e que deveria ser luz para todos os humanos de boa vontade:

ORAÇÃO PELA PAZ

Senhor,
fazei de mim o instrumento de Vossa PAZ.
Onde houver ódio
Que eu leve o AMOR.
Onde houver ofensas
Que eu leve o PERDÃO.

Onde houver discórdia
Que eu leve a UNIÃO.
Onde houver trevas
Que eu leve a LUZ.

Onde houver erro
Que eu leve a VERDADE.
Onde houver desespero
Que eu leve a ESPERANÇA.

Onde houver tristeza
Que eu leve ALEGRIA.
Onde houver dúvidas
Que eu leve a FÉ.

Mestre,
 fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar que ser amado.

Pois é dando que se recebe;
É perdoando que se é perdoado;
E é morrendo que se vive para VIDA ETERNA.
J. Jorge Peralta
Comentário 8
JC disse:
Meu caro amigo:
Muito obrigado pelo brilhante texto que escreveu.
Pode vir a ser um bom instrumento de ajuda na reflexão de muitos, ainda que possa não atingir as autoridades da Igreja…
Aproveito para fazer um leve acrescento: a chamada “oração pela paz” (Senhor, fazei de mim…), que inclui no final,  foi escrita em 1918 por um pastor protestante suíço, para um retiro ou encontro de estudantes universitários… Publicada numa revista dos capuchinhos, por 1924, levou como legenda: “Oração que reflecte a alma franciscana…”
E, daí para diante, mesmo sem ter nada do estilo de outros textos de S. Francisco, todos dizem e escrevem que é dele e do Séc. XII!!!…
Os Franciscanos actuais, a meu ver, fariam um grande favor a S. Francisco e à sua espiritualidade, se esclarecessem este assunto. É a Verdade que nos libertará.
Um abraço muito amigo e ao dispor
JC  

     Nota:
Atendendo às informações do senhor P. JC, as informações sobre a Oração pela Paz foram corrigidas: não mais está atribuída a S. Francisco de Assis, embora reflita o espírito franciscano. Agradecemos ao senhor P. JC pela gentileza dos esclarecimentos. Todos atribuem a Oração pela Paz a S. Francisco, sem ser verdade. Que a verdade histórica seja respeitada, como sugere o senhor P. JC

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