sexta-feira, 23 de abril de 2010

Diálogo Competente

VIII
DIÁLOGO COMPETENTE COM O NOVO TEMPO
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Ninguém pode ficar alheio a esta polêmica: “Restaurar?! Como?!” Não podemos tampar o sol com  a peneira. Há muito para ser refeito. Precisamos  vencer a inércia.
Mãos à obra. Precisamos ir muito além da polêmica, em novas dimensões.
A ordem é tomar decisões adequadas ao diálogo com o nosso tempo, acautelando-se dos “falsos profetas”.  Um diálogo aberto, acolhedor, estimulante, cheio de vida. Um diálogo sábio, respeitoso e responsável, respeitando a diversidade e garantindo a identidade de cada um. Buscar a unidade sem unicidade, gerenciando as contradições arrogantes.
Fazer apenas meia culpa, humilhar-se, pedir perdão (?!)  não  resolve e nem é digno. Não podemos nos apequenar. Ser humilde não é humilhar-se.
Para pedir perdão precisamos ver se não cometemos  graves injustiças: se não cometemos crime de perjúrio  contra alguém.
            Perdoar é uma das atitudes mais nobres, posto que, às vezes, muito difíceis das pessoas que cultivam as dimensões espirituais da vida e da convivência humana. Faz parte  da essência do Cristianismo. Faz parte do cultivo da dignidade da pessoa humana.
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A Igreja precisa saber qual a sua Mensagem. Precisa saber que  a sua Mensagem não vem só de Roma. Porque Roma é da Igreja, é um grande símbolo, mas não é a Igreja. A Igreja é Povo de Deus.
A verdadeira VOZ de Cristo pode estar mais veemente e firme em Calcutá; em Salvador, da Baía; na Cidade do Cabo, na África; nos textos inspirados de Michel Quoist, na voz das Crianças de Fátima ou nas Festas do Divino,  dos Açoreanos.
Às vezes fala mais alto uma igrejinha tosca, coberta de palha, como aquelas  em que os jesuítas iniciaram sua missão prodigiosa no Brasil, ou um Hospital – Santa Casa de Misericórdia, do que muitos discursos solenes do Papa.
Precisamos estar atentos  para ouvir a voz de Deus, onde quer ela se manifeste.
Temos muitos “címbalos que tinem”, sem nada para anunciar.
Até porque “a fé, sem obras é morta”.
Se não tiverem algo mais do que elucubrações teóricas de grandes teólogos
O Papa esteve no Brasil e pediu perdão pelos desmandos da Igreja durante a Colonização. Mas não soube destacar  o número imenso de heróis que deram a vida, a saúde e a sabedoria pelos povos  desta terra, brancos, índios e negros. Não exaltaram o milhares de “Nóbregas”, “Anchietas”, “Vieiras”, etc, etc, que fizeram aqui  uma obra monumental, de uma qualidade incomparável em relação ao que fizeram muitos na Europa e que a Igreja exalta. Os nossos heróis a Igreja parece esquecê-los (?!). Estão longe dos holofotes de Roma.
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Há um sinal de alarme. Precisamos reagir positivamente. É preciso coragem para mudar  o que pode e deve ser mudado. O mundo não é dos fracos, nem dos frouxos, nem dos pusilânimes... Nossa grandeza está dentro do nosso coração, ou não está!
Imploremos com S. Francisco de Assis:
“Senhor,
Dai-me  força para mudar o que pode ser mudado...
Resignação para aceitar o que não pode ser mudado...
E sabedoria para distinguir uma coisa da outra...”
Os males da humanidade não se resolvem, atacando os sintomas, mas resolvendo as causas, em suas reais dimensões. O termômetro que denuncia a febre não foi o causador da febre. Quebrá-lo não tira a febre, e ainda põe em risco a vida do doente.
Precisamos de decisões radicais, isto é, pela raiz. Isto me lembra uma canção brasileira:
O espírito desta minha atitude levou em conta  as palavras de Vieira, citadas no texto, no final do bloco 56:
Defendeste a pátria? Cumpriste o teu dever.
A Pátria foi ingrata?! Fez o que costuma fazer
.”



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