quinta-feira, 30 de abril de 2009

O Sermão do Mandato II - O Mandato Passo a Passo

III
O MANDATO – PASSO A PASSO

1. O Sermão do Mandato, o Mandamento Novo, Cristo pregou em toda a sua vida, mesmo sem lhe dar o nome. Explicitamente ele o pregou no último período da sua vida: a última semana da sua pregação: A SEMANA SANTA, que é a Semana do Mandato.
Ele dividiu o Sermão do Novo Mandamento, em três partes, sendo duas sem Palavras: a 1ª e a 3ª Parte; e uma, a 2ª, com palavras, onde ele decifrou os enigmas e as alegorias. Muitos enigmas deixou em aberto, para que nós procurássemos interpretá-los. “Entenda quem lê”, diria o poeta, Fernando Pessoa.

1) Entrada Triunfal em Jerusalém
A 1ª parte manifestou-se em três atos:
- A chegada a Jerusalém, montado num jumentinho, e aclamado pelo povo:
“Hosana!
Bendito o que vem, em nome do Senhor!
Hosana nas alturas”.
Enquanto cantava, o povo erguia ramos de palmeira e de oliveira.
Chegou a Jerusalém como rei ou general da paz e da fraternidade, com simplicidade, entre os pequeninos. Foi a antítese de uma entrada triunfal imperial. É a força do Império interior...
Cristo chegou como a antítese do general vitorioso, que chega, montado num garboso cavalo branco, aclamado pelo exército e pela multidão, em clima guerreiro, cercado por soldados armados e tocando sonoras trombetas... e antecedido por batedores armados...
Cristo, por opção, chegou montado num humilde jumentinho. Chegou aclamado freneticamente pelo povo simples, num espetáculo mambembe. Naquele tempo, e ainda hoje, é comum ver pela Palestina, e por todo o Oriente Médio, pessoas andando pelas ruas, montado num jumento.
O rei dos reis, de um reino espiritual, no céu e na terra, não precisa de soldados armados, nem de um majestoso cavalo branco que outro poder maior derruba.

Cristo veio mostrar que o seu reino era outro, sem exibicionismos precários... Às vezes os atos e comportamentos são mais eloquentes do que as palavras. Este é um caso vibrante de mensagem... que não se apaga...
Este é o exórdio, o primeiro grande ato, do Sermão do Mandato.
Esta linha de análise faz a entrada “triunfal” de Cristo em Jerusalém muito mais evangélica e coerente com a mensagem cristã.

2) Expulsão dos Vendilhões
- No 2º ato, da parte silenciosa, novamente transcorre uma ação que marcou história: Cristo dirige-se ao Templo de Jerusalém para orar e ensinar. Vendo os vendedores e os cambistas negociarem dentro do templo, chicoteou a todos e derrubou as mesas pelo chão e expulsou os cambistas, dizendo:

“Minha casa é chamada Casa de Oração
e vocês fizeram dela Covil de Ladrões”

Este Sermão de Ações provocou a revolta e a ira dos negociantes.

3) Última Ceia
- O 3º ato da 1ª Parte foi no Cenáculo, durante a Última Ceia;
Durante a refeição, Jesus levanta-se, tira o manto e, silenciosamente, vai lavar os pés dos Apóstolos. Eles ficaram atônitos e inconformados pelo ato inesperado, próprio de servos e não do Senhor...
PRÁTICA: No dia da 5ª Feira Santa, os Cristãos, no momento de sua ceia (o jantar brasileiro), poderiam fazer um minuto de silêncio. Em seguida, o pai poderia passar um pouco de água nos pés dos filhos. Seria o Lavapés em família. Significado: servir uns aos outros: augúrio de que todos trilhem os caminhos do bem social e familiar.

2. Alguém pode perguntar:
Mas por quê lavar os pés?
Porque os pés nos levam por toda a parte, e nos dão mobilidade. Os seres humanos são peregrinos; movimentam-se no espaço. Os pés são necessários para as pessoas serem ágeis e cuidar da sustentação e auto-suficiência de toda a sua família Os pés são essenciais para as pessoas atenderem as outras e para irem divulgar o Evangelho da Paz, com suas atitudes solidárias.
Cristo viveu mais um ato simbólico do Sermão do Mandato. Mas entenda-o quem puder: os pés nos levam ao trabalho, nos levam à escola, nos levam pelo mundo a ensinar, nos levam ao encontro daqueles que precisam de nós, nos levam ao Templo, nos levam aos divertimentos e nos trazem de volta para o lar. Os pés mais o cajado são os meios de locomoção dos tempos passados
Na Última Ceia Jesus instituiu a Eucaristia: o alimento da alma dos peregrinos. A Eucaristia integra o Sermão do Mandato: Compartilhar o pão... Esta é a grande lição...
PRÁTICA: A família pode celebrar a Última Ceia, no recesso do Lar: no momento combinado alguém, após uma pausa, distribui um pequeno pedaço de pão ásimo, especialmente preparado, com um cálice de suco de uvas... Alguém diz algumas palavras para falar do significado do pão e do vinho. Esta é a ceia do Mandato.

3. Na 2ª Parte, em um só ato, Jesus, após a saída extemporânea de Judas, proclama o
Novo Mandamento:
Filhinhos, dou-vos Novo Mandamento”:
“Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei,
também vos ameis uns aos outros
(Jo. 13,34-35)

O amor mútuo das pessoas tem, como paradigma, o amor de Cristo para com os homens, por quem deu a vida.
Mais adiante Cristo insiste (Jo. 15,12):

O meu Mandamento é este:
Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei

Os Dez Mandamentos tinham outro parâmetro:
Pouco antes, ao lhe perguntarem:

“Mestre, qual é o grande Mandamento da lei?"

Respondeu Jesus:

“Amarás o senhor teu Deus, de todo o teu coração,
de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.
Este é o grande e o primeiro mandamento.
O segundo é semelhante a este:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo”
(Mt. 22,36-40).

Ama a teu próximo como a ti mesmo.”
No Antigo Testamento a equação do Amor era mais individual e o parâmetro também. No Novo Testamento, o amor estimula a vida comunitária...a reciprocidade e o parâmetro é Cristo. Assim Cristo reformulou o Decálogo Mosaico. Foi uma revolução.
Grupo Kairós
[Texto em construção]

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