sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Auto Consciência


AUTO CONSCIÊNCIA HUMANA
As Forças Articuladoras da consciência

Conhece-te a ti mesmo
Sócrates.

I
As Fragilidades dos Humanos

1. Neste estudo abordo o drama do ser humano no mundo, que vai dizimando as pessoas e dificultando a convivência social.
As pessoas não estão preparadas para se defenderem da avalanche de falcatruas que as cerca, por todos os lados, com cara de bondades. Há forças subliminares que interferem nas ações e reações das pessoas, de que  estas nem sempre têm domínio.
Ser consciente, competente e lúcido é ser capaz de distinguir a verdade da falsidade, aprender a não ser enganado por profetas mascarados, ou por lobos travestido de ovelhas, ou gaviões fantasiados de passarinhos, de que  está cheio o nosso cotidiano moderno.
Precisamos aprender a pensar, a questionar sem dogmas intocáveis, entre os mortais. Aceitar a diversidade e a pluralidade entre pessoas do bem. Viver uma realidade múltipla, sem polaridades maniqueístas.
Aprender a viver a Tetralogia Analítica de que falaremos adiante.

2. A humanidade, com as conquistas fantásticas das ciências modernas, conseguiu ir à lua e visitar outros planetas do espaço sideral, no macro universo. Também conseguiu dessecar o microuniverso dos seres vivos, como as bactérias ou as forças motrizes de um organismo, como um espermatozoide ou um átomo de urânio.
Mas apesar de toda a ciência, o ser humano, em sua essência, ainda é um desconhecido.
A ciência do homem é a mais difícil de todas as ciências”, diz Alexis Carrel, em sua obra: O Homem esse Desconhecido, (p.24)
Diz o mesmo autor:
Imensas regiões de nosso mundo interior continuam desconhecidas” (p. 18)

3. Observando os descaminhos da humanidade, perdida em vícios, em desonras que o fragilizam, na ganância, na arrogância, na mentira e em neuroses degenerativas da personalidade, o mesmo autor sentencia:
O Homem está acima de todas as coisas. Com a sua degenerescência, desvanecer-se-ia a beleza da nossa civilização e a grandeza do universo”.
Li estas observações sábias e me lembrei da frase central de toda a filosofia do maior filósofo que o mundo conheceu: Sócrates:
Conhece-te a ti mesmo e dominarás o Universo”.
Esta frase é a força matricial de toda a filosofia do grande sábio.
 Conhece-te a ti mesmo”.
A verdade é que as pessoas se desconhecem a si mesmas. Conhecer-se a si mesmo é o mais alto objetivo dos seres racionais.
Conhecer-se a si mesmo é conhecer-se nas forças articuladoras de seu psiquismo e de sua personalidade: a articulação da individualidade com a alteridade; as forças centrífugas e centrípetas, que constroem a própria identidade de ser racional.
Por isso diz o Gênesis: “Não é bom que o homem esteja só”


4. Saindo das observações sábias de Alexis Carrel, fui folhear uma outra obra de outro sábio:
Quatro Gigantes da Alma: o medo, a ira, o amor e o dever”, escrito por
Mira Y Lopez. Jose Olympio, 1998.
O Sábio autor propõe-se “ajudar as pessoas a libertarem-se de seu próprio jugo” que a si mesmo impõem.

Busquei nestas duas obras de grandes mestres, a alma humana, porque precisava entender o que se passa na cabeça e no psiquismo de algumas pessoas.
Assusta-me ver algumas pessoas bem chegadas a mim, tão convictas de mentiras, que para eles são verdades inquestionáveis e irretocáveis.

II
Identidade Própria e Alteridade

5. Busquei, nestes livros, alguma luz, para que pudesse ver, pressentir e prosseguir .
O psiquismo humano, quando doente, nos trai, sem vergonha. Afirma inverdades com toda a convicção e não fica com o rosto ruborizado de vergonha.
De tantas pressões e de tanto querer o irreversível, o psiquismo cria um mecanismo oportunista, para fazer a pessoa sentir-se segura, em um atoleiro mental. Confunde o que deseja com o direito de possuí-lo.
As pessoas têm cinco sentidos fisiológicos para se inter-relacionarem com o mundo que os rodeia.  São as cinco portas da alma: os cinco sentidos:  os olhos, o ouvido, a boca, o tato e o olfato.
O ser humano é um animal social, gregário. Vive em comunidades, onde há sempre mútua dependência e mútua complementariedade. Daí a necessidade de educação para a mútua solidariedade e mútua cooperação: para compartilhar.

6. O ser humano desenvolve forças centrípetas e centrífugas, em seu psiquismo.
 As forças centrípetas firmam a sua individualidade, o zelo por sua dignidade humana, e o seu caráter.
As forças centrífugas moldam sua relação com os outros e com o ambiente. Moldam seu espírito de cooperação, seu respeito pelo outro, sua identidade coletiva e sua solidariedade, seu respeito à dignidade alheia, sua alteridade.
As forças centrípetas e centrífugas da individualidade e alteridade, constroem a identidade e a personalidade das pessoas.
As forças centrípetas e centrífugas precisam ser formadas por uma educação séria e em perspectivas holísticas que dá às pessoas o equilíbrio e o respeito mútuo, entre os iguais. Numa micro realidade familiar, na comunidade  local e na comunidade global.
O ser humano desenvolve outras forças, outras portas de interação no seu psiquismo a que alguns chamam de o sexto sentido, que é a competência  inata de captar  ocultas relações, tirar conclusões, estabelecer ilações, fazer opção e tomar decisões.
Diria então que a pessoa tem, efetivamente, seis sentidos. O sexto sentido é o mais complexo e articula os outros cinco sentidos, a serviço da coerência, da eficiência, e da harmonia da pessoa consigo mesma e com os outros, na Comunidade.
Esta é a base da Tetralogia Analítica.

7. Um grande sábio orador, profundo conhecedor da alma humana e de seus valores e fraquezas, afirmou:
Deus deu-nos uma boca, dois olhos e dois ouvidos.
Nisto nos deu uma lição:
devemos olhar mais, ouvir mais e falar menos”.
Pela boca morre o peixe. Mas isto ocorre se falarmos, sem primeiro olhar e ouvir atentamente.
Outros dizem: o silêncio é ouro, falar é prata.
São mensagens da sabedoria popular que nos apontam para a necessidade que o ser humano tem de observar o mundo ao seu redor, antes de falar; antes de dar opinião, antes de decidir.
Estas normas sinalizam que todas as pessoas interagem, nos dois sentidos, umas com as outras, com as forças centrífugas e centrípetas.

III
Distúrbios, Conflitos e Harmonização

8. O eventual poder de cada um é compartilhado e interdependente. Não há real poder absoluto. Quando este se manifesta, egoisticamente,  arrisca a harmonia interna e externa das pessoas, consigo mesma e  com os outros, produzindo conflitos e o desequilíbrio próprio e alheio.
Isto ocorre em pessoas mal formadas, em seu caráter, produzindo o egocentrismo, o egoísmo e o individualismo, que são forças centrípetas, fechando-se para as forças centrífugas.
São a causa do desequilíbrio psíquico, mental e sócio relacional das pessoas. Muitas vezes são a raiz de psicoses, de neuroses, de discriminações, de rejeições do outro, de desmoronamento da vida familiar e comunitária.
São forças negativas que levam ao mal-estar pessoal e coletivo, desagregando a dignidade, o respeito mútuo, as forças de coesão social e coesão interna, desencadeando forças negativas que produzem a guerra da pessoa, dentro de si mesma, e com os outros.

9. Todas estas forças complexas e sua coesão e articulação formam-se e organizam sua articulação, no chamado quadro psicológico de referências da pessoa, marcando a personalidade humana. É algo como uma central de comando interno que  rege a ação e a reação das pessoas, o seu modo de pensar e de agir, consigo mesma e com os outros. São mecanismos internos, pré-estabelecidos, onde age o consciente, o subconsciente e até o inconsciente.
Neste quadro de referências, estão os pressupostos de nossas ações, de nossas reações, de nossas opções e de nossas decisões.
De vez em quando precisamos rever, reavivar e reajustar  o nosso quadro de referências, em função das circunstâncias, das novas estruturas e da nova conjuntura.
Nosso quadro de referências é, continuamente, alimentado por nosso subconsciente. Muitas vezes é alimentado por forças subliminares do poderoso marketing que nos atinge, sem a nossa consciência poder se posicionar. Nosso quadro de referências pode ser invadido e nos dominar... Muitas vezes o ser humano é vítima de um quadro de referências que o seu inconsciente lhe impôs.

10. Não podemos perder de vista os princípios do humanismo integral,  resumidos na tetralogia analítica: o ver, sentir,  pensar e agir; ou o pensamento, o sentimento, a ação e a alteridade; ou o pensamento, a emoção, a reação e a alteridade; ou o saber, o ser, o fazer e o conviver.
A Tetralogia Analítica pode assumir diversas configurações conceituais, dentro do mesmo modelo de articulação.
Conhecer-se a si mesmo é reconhecer-se noutro e pelo outro; é abrir-se para o outro superando a ideologia da ostra.
As pessoas tendem a ter distúrbios sérios, em seu quadro de referências, até porque o quadro de referências não é estático, mas dinâmico. Vai, lentamente,  se ajustando às novas circunstâncias e às novas conjunturas.
A Consciência Humana está vinculada ao quadro de referências que vai sendo construído no seu psiquismo.
A pessoa nem sempre domina e nem sempre controla as coordenadas que interferem em seu quadro de referências, sem o controle da consciência. É esta circunstância que produz o conflito da pessoa consigo mesma e com os outros.
Há uma infra-estrutura subconsciente interferindo na superestrutura consciente, levando às contradições  pessoais.
A Tetralogia Analítica é a base da superação de egoísmo e do egocentrismo ocidental “capitalista”, a base da superação do consumismo desenfreado. A alteridade leva à responsabilidade social e à superação da ignorância e da pobreza; é o caminho para extirpar a discriminação e a intolerância injusta. É o caminho da justiça e da paz.

IV
Distúrbios da Personalidade

11. Uma pessoa que se pretende democrática, pode assumir posições e atitudes autoritárias ou tirânicas, produzindo conflitos absolutamente incoerentes e inconsistentes.
A pessoa pode assumir posicionamentos egoístas e individualistas, à revelia do que seu inconsciente pensa e sente.
Nessa confusão e balbúrdia de ideias e sentimentos, a pessoa passa a falar muito e a se fechar para o que vê e ouve. Foge da realidade e torna-se uma pessoa perigosa para si mesma e para os outros. Perde a consciência da alteridade, e, por conseguinte, perde a consciência de si mesmo. Perde a consciência da verdade, da justiça, do equilíbrio e da harmonia.
Se a nossa identidade se constrói na alteridade, na relação com o outro, quando um polo desaparece e deixa de atuar, o outro degenera.
Estes distúrbios psicológicos podem criar conflitos que dificultam o relacionamento humano interpessoal.

12. Este é o ponto fraco das pessoas na modernidade. Elas perdem a dinâmica da convivência e se desestruturam, se desarmonizam, dentro de si mesmo, dificultam as relações de alteridade, e, lentamente, se desintegram, perdendo a consciência e a capacidade de compartilhar e de conviver. Fecham-se em si mesmas, como as ostras. Tornam-se egocêntricas. Julgam-se o centro do Universo.
Sem o saberem, as pessoas constroem o próprio jugo que as domina, oprime e subjuga.
Sabendo disto, a pessoa precisa buscar o caminho de volta,  o caminho da auto-libertação. Para ser bem sucedido, neste empreendimento, geralmente a pessoa  precisa do auxílio de outra pessoa confiável e especializada.