sexta-feira, 23 de abril de 2010

Uma âncora firme

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UMA ÂNCORA FIRME

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Na década de 60, tive nas mãos, e ainda guardo, um impressionante documento: “Exame de Consciência  da Igreja do Silêncio”. Agora insisto na necessidade de um “Exame de Consciência da Igreja do Barulho”, onde o barulho, às vezes é mais constrangedor  e mais incômodo do que o silêncio  opressivo. A Igreja é ainda uma grande reserva moral da humanidade. Sempre será?! Precisamos Restaurar a força  de sua Mensagem.
           
            A humanidade precisa desta âncora firme. As pessoas não podem  fazer a Igreja perder um milímetro de credibilidade, por incompetência, ou inapetência de diálogo, ou por falsos silogismos e débeis conspirações.
            Precisamos ir ao fundo das questões e tomar atitudes dignas das Igrejas e da Humanidade.
Por isso considero este ensaio de interesse público.
A Igreja está perdendo o diálogo e o discurso, em meio a certos resquícios de arrogância localizada, no momento em que o mundo mais precisa de sua credibilidade.
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O Equilíbrio  da humanidade depende, em larga escala, do equilíbrio da igreja cristã. A voz da Igreja  era,  até anos recentes, uma das vozes com mais credibilidade da civilização moderna. A palavra da Igreja chegava como um oásis de água fresca no deserto, ou um geiser nas geleiras dos polos.
Algumas Encíclicas Papais e Documentos do Concílio do Vaticano II, marcaram época da  História da Cultura Mundial.
 Hoje já denota certo esfriamento, que leva a certo declínio que já desponta no horizonte.
A Igreja ousada, vai deixando  uma sombra de medo.  Medo de quê?! Só se for de si mesma. Igreja do medo não é mais  a mesma igreja. Não é a Igreja do Evangelho.
A igreja não pode abdicar de ser Luz do mundo, fechando-se em atitudes obsoletas, como cultora do atraso e não guia ou timoneiro seguro.
No meio da sociedade mundializada e globalizada, a Igreja vai ficando SÓ. Nosso mundo vai se embrenhando num consumismo vazio, e a Igreja não lhe mostra alternativa. Perdida em questões dogmáticas e ritualistas. Fala só. Perdeu o diálogo.
Ante aqueles que a acuam, atacando-a, vai demonstrando sinais de apavoramento, por suas infidelidades...
A Igreja, fechada em seus dogmas, como a ostra, cada vez está mais vulnerável.
A igreja vai perdendo seu elã natural, no coração dos fiéis. Será que os novos gestores não estão à altura  de sua missão?!
A Igreja não consegue  mais o diálogo necessário, no tom  adequado,  para dar resposta adequada aos grandes desafios da modernidade. Falta sabedoria.
A Igreja do Evangelho é uma Igreja de sabedoria. Os dogmas são apenas suporte ocasional. O essencial é a vida e a convivência . A Caritas. Onde está a “Caritas”, o amor, aí está Deus.

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A humanidade começa a sentir saudade da força espiritual e moral  de João Paulo II, de Paulo VI, de João XXIII, de Pio XII, e de outros. Cada um teve sabedoria e visão pastoral ampla,  articulada com o mundo em que viveram. Foram Luz no seu mundo. Acreditamos que Bento XVI será capaz de  perceber e seguir os Novos Rumos que a humanidade espera da Igreja, na linha pastoral. Mas terá de aprender algumas lições, como todos...
O mundo mudou e a Igreja se  cristalizou... Perdeu mobilidade... Perdeu-se em pompas. A Igreja das vaidades, também não é a Igreja  de Cristo (Vaidade das vaidades!!!). Os gonzos das portas e janelas criaram ferrugem e emperraram (?!). Mas as portas e janelas que alguém fechou, alguém pode abri-las... Por elas poderá  entrar nova luz e nova energia

A Igreja ainda é um grande baluarte no cultivo e preservação de alguns dos valores essenciais da humanidade e do  convívio entre as pessoas e os povos, pela defesa da vida.
A Igreja não pode se homiziar  nas “glórias”  do passado,que não dizem nada ao nosso mundo, nem esconder, atrás da porta, os crimes que, em seu nome, alguns cometeram. Precisa então despertar para o novo tempo, ao qual tem muito a oferecer, se souber encontrar o novo rumo.
Falta-nos um Vieira verberando de Roma para o Mundo:
Por uma omissão perde-se a nação”.
A Igreja tem muito a dizer, mas parece atônita ante os paradoxos próprios e os do nosso tempo.

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Confunde-se muitas vezes a Igreja com a hierarquia. Este é um equívoco a superar.  A igreja só pode ser grande socialmente, se for grande no coração dos fiéis; se os fiéis se sentirem confortáveis, respeitados e motivados, exultantes e livres, em suas vivências mais profundas.
A igreja e os homens que a gerenciam são coisas distintas. Confundi-las pode ser desastroso. O cristianismo não pode pagar pelos erros  cometidos por seus dirigentes. É arriscado “endeusar” os dirigentes da igreja, que são falíveis e mortais. Eles passam e a Igreja é “eterna”. Os pagãos, alguns, é que consideravam seus imperadores como deuses ou semi-deuses. Mas isso acabou.
Criticar os dirigentes não é criticar a Igreja. Erros dos dirigentes não são erros da Igreja.
Há muitos problemas conceituais a revisar, sem arrogância e sem temores... A igreja precisa saber dialogar com todos, sem distinção, como fazia  o seu Mestre. Com todos, sem distinção, sem complexos, sem preconceitos e sem discriminação... Para isso precisa de mais humildade e de mais sabedoria; de mais Evangelho...
Sentir-se livre e responsável socialmente, é a marca da religião de Cristo.
            Acreditamos que o fulcro da questão é conceitual e só depois é prático.
            Ao perder o foco da essência do Evangelho, a Igreja perde credibilidade e entrega o espaço para os lobos: para os grandes grupos financeiros que  dominam as igrejas eletrônicas, onde o lucro muitas vezes  é o foco e nisto são muito eficientes, e não só. Mas não são Igreja; fazem comércio.
Em síntese:  a Igreja precisa ser sempre mensageira da Esperança. Sem Esperança não há fé nem solidariedade. Sem esperança não há Igreja de Cristo. O mundo precisa de esperança, mas esperança não é  apenas uma palavra...
É uma prática,  na vida real e no convívio humano, atendendo  a alguns princípios basilares.
A esperança foi uma força matricial do cristianismo.


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