sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Igreja é o Povo de Deus

IX
A IGREJA É O POVO DE DEUS
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Espero ter dado um contributo positivo, e um outro rumo a esta sórdida polêmica, onde a Igreja, inquieta e sob pressão, parece não ter encontrado ainda serenidade e sabedoria suficiente para reagir. Por isso os paradoxos se agravam.
A igreja, aturdida, vai se tornando motivo de escândalo, como se fosse uma chaga generalizada. A reação é falsa, porque a questão é restrita a menos de 0,01%  do clero, de apenas alguns poucos países. É injustiça, generalizar um problema restrito.
Mas a generalização é um fato, por inabilidade das autoridades, que, enfim, deixaram pôr em xeque uma Instituição essencial, nos tempos modernos, abalando sua credibilidade.
A Barca não pode ficar ancorada no Porto. Precisa prosseguir viagem, enfrentando as eventuais tempestades  do alto mar. É preciso que a imprensa supere as atitudes levianas em que se envolveu. Mas a Igreja também precisa aprender a gerenciar crises, sem perder a calma, a sabedoria  e a serenidade, e sem reagir como adolescente magoado. Precisamos não só “ser simples como as pombas, mas também ser astutos como as serpentes”.
Nem todas as provocações precisam ser respondidas.
Alguém não se mostrou à altura dos novos tempos...
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Se alguém me retrucar que deixe isso por conta da hierarquia e que quem é de fora não tem que se intrometer onde não é chamado, eu apenas lembro: A hierarquia é da Igreja, mas não é a Igreja; apenas está a serviço da Igreja. A Igreja é o Povo de Deus.
E acrescento: a Igreja é a nossa casa. Somos todos responsáveis por ela. É a casa do Pai. Ou não é assim?!
Tradicionalmente, há 2.000 anos, as famílias se reuniam na casa dos pais/avós (reuniões familiares), e na Igreja,  no salão e no largo da Igreja – (encontros interfamiliares da Comunidade).
A Igreja tinha algo de ágape. Era espaço de convivência. Era o espaço das festas populares. Às vezes era também o espaço do coreto. Era o centro de convivência da comunidade
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Esta é, certamente, uma grande oportunidade que à Providência oferece à Igreja para repensar sua missão e sua atuação e recuperar suas forças matriciais, ganhando novas energias e superando complexos, pouco edificantes, próprios do acúmulo de desvios de tempos autoritários e dogmáticos...
A Igreja precisa ser repensada, em muitos aspectos. As veleidades imperiais que dominaram alguns setores, estão passando. É imprescindível que não perca a oportunidade de rejuvenescer. Precisa saber mudar o que pode e precisa ser mudado. Precisamos saber derrubar o muro que separa, em amplos espaços, a Igreja, do “mundo”.
O que faço, neste texto, é uma análise crítica da situação criada, em prospectiva e não em retrospectiva.
Como assumi uma linha positiva, o trabalho tornou-se muito prazeroso. Sinto-me como quem está ajudando a construir algo essencial ao nosso mundo.
Este é o foco deste ensaio, que ofereço à meditação e para reflexão de todos os que amam a vida, a Igreja e a humanidade. Todos precisamos de  mais luz.

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