sábado, 19 de dezembro de 2009

Poemas de Natal

SONETO DE NATAL

Machado de Assis


Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"

NATAL

Eduardo Guimarães

Jesus é nado! Jesus é nado!
Cantam os galos, Jesus Nasceu!
E no presepe, glorificado,
Abre ele os olhos da cor do Céu...
Jesus é nado! Jesus é nado!
Cantam os galos, Jesus Nasceu!

Brilha uma estrela no firmamento,
no firmamento lá de Belém.
Passa, bramindo no mar o vento
e os sinos tangem: Belém! Belém!

Os três Reis Magos chegam do Oriente
Com os presentes para o Messias
Que abre os olhos, resplandecente,
ao som de célidas melodias.

Cantam lá fora todas as aves,
numa harmonia celestial,
trinos cadentes, trinos suaves...
Doce harmonia! Salve, Natal!

Cantam os galos. Jesus nasceu!
E no presepe, glorificado,
abre ele os olhos da cor do céu,
de santas luzes aureolado!

Pelas florestas e pelo Val
Ecoam hinos. Jesus é nado!
Salve, Messias! Jesus nasceu!
Jesus é nado! Jesus é nado!

Dia tão santo! Dia Sagrado!
Dia Bendito, Dia do Céu!
Jesus é nado! Jesus é nado!
Cantam os galos. Jesus nasceu!

HINO DOS REIS MAGOS

Antônio Gonçalves Dias


Entre a pobreza e miséria,
Em singela habitação
É nascido o Deus-Menino
Para a nossa salvação.

Povos e reis, adorai-o,
É nascido o Redentor:
Vem viver, sofrer na terra,
Vem morrer por nosso amor.

Deixou a corte celeste
E as galas ricas dos céus,
Quem entre os homens é Homem,
Quem entre os anjos é Deus.

Povos e reis, adorai-o,
É nascido o Redentor:
Vem viver, sofrer na terra,
Vem morrer por nosso amor.

Lá das partes do Oriente,
Deixando os domínios seus,
Vêm os Magos pôr as c’roas
Aos pés do Menino-Deus.

Povos e reis, adorai-o,
É nascido o Redentor:
Vem viver, sofrer na terra,
Vem morrer por nosso amor.

Vem of’recer os presentes
Que a Arábia feliz produz.
Louvor a Deus nas alturas,
Louvor na terra a Jesus.

Povos e reis, adorai-o,
É nascido o Redentor:
Vem viver, sofrer na terra,
Vem morrer por nosso amor.


Poema de Natal
Jorge de Lima

Ó Meu Jesus, quando você
ficar assim maiorzinho
venha para darmos um passeio
que eu também gosto das crianças.

Iremos ver as feras mansas
que há no jardim zoológico.
E em qualquer dia feriado
iremos, então, por exemplo,
ver Cristo-Rei do Corcovado.

E quem passar
vendo o menino
há de dizer: ali vai o filho
de Nossa Senhora da Conceição!
- Aquele menino que vai ali
(diversos homens logo dirão)
sabe mais coisas que todos nós!
- Bom dia, Jesus! – dirá uma voz.

E outras vozes cochicharão:
- É o belo menino que está no livro
da minha primeira comunhão!

- Como está forte! – Nada mudou!
- Que boa saúde! Que boas cores!
(Dirão adiante outros senhores.)

Mas outra gente de aspecto vário
há de dizer ao ver você:
- É o menino do carpinteiro!
E vendo esses modos de operário
Que sai aos Domingos para passear,
nos convidarão para irmos juntos
Os camaradas visitar.

E quando voltarmos
pra casa, à noite,
e forem pra o vício os pecadores,
eles sem dúvida me convidarão.

Eu hei de inventar pretextos sutis
pra você me deixar sozinho ir.
Menino-Jesus, miserere nobis,
segure com força a minha mão.

Natal

Henriqueta Lisboa


Vejo a estrela que percorre
a noite larga.

Vejo a estrela que perturba
fundos mares.

Vejo a estrela que revela
a eternidade.

Mas para onde foi a estrela
contemplada?

Para onde foi no momento
mais amargo?

Em que cimos ora habita
que debalde

Se enchem os olhos de
brandas orvalhadas?

Vejo a estrela – tão de súbito! –
ao meu lado.

Vejo os olhos do Menino
desejado.

AO MENINO JESUS

Poema Português Anônimo

Bem podia Deus nascer
Numa cama de ouro fino,
Mas p’ra dar exemplo ao mundo,
Quis nascer tão pobrezinho.

Ó meu menino Jesus,
Meu menino, meu amor,
Vieste nascer ao mundo,
Sendo vós do céu Senhor.

Eu hei de dar ao Menino
Cinco pedras esmaltadas,
Cada pedra, cinco quinas,
Cada quina, cinco chagas.

CANÇÃO DO BERÇO

Poema Português Anônimo

Estava a Senhora
À borda do rio,
Lavando os paninhos
Do seu bento Filho.

Maria lavava,
José estendia
Chorava o Menino
Com frio que tinha.

- Cala, meu Menino,
Cala meu amor,
São os orvalhinhos
Que vêm do Senhor.

Não choreis, Menino,
Não choreis, amor:
Serão os pecados
Dos homens sem dor?

O sol já vai alto,
Na montanha além,
Aquecer o Menino,
Solzinho, vem, vem.

Os filhos dos ricos
Em berço doirado,
Só vós, meu menino,
Em palha deitado!...

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