quinta-feira, 30 de abril de 2009

A Grande Nau da Humanidade

A GRANDE NAU
DA HUMANIDADE

Sou homem e nada do que   
é humano me é estranho
Terêncio




1ª Parte
UMA NAU DE MUITAS VELAS

I
A ALEGORIA DA NAU

1.   A Condição Humana
Neste Estudo apresentamos a visão de um educador e pensador humanista. É uma apreciação e uma sugestão de quem observa o mundo ao seu redor, com muitos sonhos, muitos valores dispersos e alguns tropeços inevitáveis.
O nosso mundo não é um mar de rosas. Tem muitos jardins e muitas terras áridas; tem alegria, dor e esperança. O nosso mundo plural, cheio de paradoxos naturais.      
Este é o nosso mundo real: um desafio a cada dia e em cada esquina. É um barco singrando os mares, ora calmos, ora revoltos...
Vemos muita gente alheia aos problemas sociais, só preocupados em resolver os próprios problemas de subsistência e prosperidade, às vezes alheio à solidariedade.
As pessoas não percebem que crescer é crescer junto, compartilhar.
Não percebem que estamos num mesmo “barco”.
Não conhecem a alteridade.
É muito bela e sugestiva a imagem da nau, como símbolo da vida, com suas alegrias, esperanças, tanto na tempestade como na bonança. É o símbolo do planeta Terra em que vivemos. É o símbolo da humanidade. 
É também símbolo da Igreja Cristã. Foi significativo que Cristo convocasse pescadores, portanto navegadores, para seus primeiros discípulos.
Aqui, sob a alegoria da NAU, analisamos a problemática da condição humana na terra. Damos foco especial às Igrejas Cristãs e à Solidariedade e Convivência Humana.

As pessoas precisam tomar as rédeas do próprio destino e do destino do mundo. Nada é alheio à pessoa humana consciente. Precisamos nos aperfeiçoar sempre. O conhecimento e a consciência são a chave do desenvolvimento e do bem-estar de todos.
 Precisamos de motivação para irmos além da visão trivial da vida e do mundo.
Precisamos articular a individualidade com a alteridade. É isso que nos ensina a Filosofia Tetralógica, que aqui seguimos.

2.    A nau é uma bela alegoria porque todo o barco navega em ambiente fluido e belo. A água é bela e é belo o céu e o pôr e o nascer do sol que nela se espelha.
         Deus ao mar, o perigo e o abismo deu
           Mas é nele que espelhou o céu...”, disse F. Pessoa.
A água é inconstante como a vida. Todo navegante está sujeito a ter de enfrentar grandes tempestades, na hora que menos espera. Há até os piratas dos rios e dos mares que podem assediá-lo. Há riscos sempre à espreita, no mar e na vida real.
  
Apesar dos perigos, a nau não pode ficar no porto ancorada, a não ser para se reabastecer e para fazer-lhe reparos. Isto feito, segue o seu destino que é navegar. De porto em porto, de mar em mar, a nau segue o rumo traçado. É seu destino.
A igreja é uma grande nau, navegando por mares calmos e mares revoltos.
A vida também é assim. A nau é uma bela e sugestiva alegoria da vida.

3. A igreja cristã tem muitas naus, numa mesma frota. Todas singrando os mares, lutando contra as intempéries, para cumprirem sua missão. As calmarias não dão produtividade.
Todas buscam construir o Reino de Cristo na Terra conectado com o Reino do Céu, num vínculo espiritual vital. Acolhem todas as dimensões da pessoa humana que busca a plena auto-realização, com auto-estima e bem-estar, em sua dimensão pessoal e com os vínculos sociais que vai tecendo na vida.
O 5º Império está no subconsciente coletivo da Lusofonia.

Dentro da igreja cristã há o catolicismo, há os cristãos ortodoxos, há o luteranismo, o anglicanismo, os presbiterianos, os batistas, os metodistas, a Assembléia de Deus, etc, etc.
Há outras igrejas que precisam ser avaliadas para saber se, de fato, são cristãos ou se apenas usam o nome cristão para dele auferir vantagens econômicas, políticos, etc. O eventual julgamento não cabe neste espaço, nem na pena deste escriva.
Bem dizia Cristo: “Na casa do meu Pai há muitas moradas”. O que significa esta afirmação?
Há também outras espiritualidades e filosofias devida, respeitáveis. Cito apenas o budismo, o judaísmo, o islamismo, dentre outras.

As naus conduzem as pessoas, com seus sonhos, seus ideais e seus bens materiais e espirituais.
Cada igreja é uma nau? Cristo está em todas as naus, através de seu representante? Quem são os seus representantes?
Umas mais, outras menos, todas enfrentam tempestades. Algumas naufragam. Por que naufragam?
“Onde estiverem dois ou mais reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”, disse Cristo.

  4.    É que hoje, e há muitos séculos, as igrejas guerreiam-se, em vez de se amarem mutuamente.  Em vez de somar, dividem. Disputam como Esaú e Jacó; ou como San, Can e Jafé; ou como José e seus irmãos. Ou disputam a túnica de Cristo e então rasgam-na em pedaços. Exemplos não faltam.
As igrejas lutam por aquilo que as separa e não sabem o muito que as une.
Parece que, hoje, as pessoas começam a ser mais conscientes. Começam a despertar.
O essencial é ser fiel à essência do Cristianismo.
Mas não nos iludimos. Por toda a parte, hoje como ontem, há pessoas mascaradas lendo a Bíblia e amaldiçoando os “pecadores”.

Há muitas pessoas pregando o ódio inter-étnico e inter-religioso, fabricando inimigos e prometendo a paz universal, enquanto efetivamente disseminam a guerra.
Todos sabemos que a honestidade tem limites, no seu pensar e agir, mas a estupidez não os tem. O honesto não pode servir-se das mesmas armas morais do desonesto, se o fizesse, seria um deles, o que é desertar.

      Há muita gente séria, atuando positivamente, indicando caminho, por um mundo melhor, buscando metas possíveis.
Precisamos saber apelar para o bom senso.


II
A IDENTIDADE DE CADA UM

1.  O que distingue cada um é a força motriz da motivação de seu agir e dos princípios que o regem.
Talvez esteja na hora de todos os crentes, teístas e todos os cristãos se “reunirem”, buscando os princípios comuns e diretrizes, enfim tudo o que nos une.
Alguém arguirá: há por aí muitos mau caráter; há muitos egoístas, traidores, golpistas, traiçoeiros; há muitos lobos com pele de ovelha, por toda a parte...
Dizer-se Teísta não traz garantias de ética e moralidade. O não cristão pode ter mais ética, generosidade e dedicação. Ente os humanos há muita hipocrisia e dissimulação. Os cristãos não estão imunes à maldade, dentro e fora de si mesmos. Ninguém está.
Maus-caráter há-os por toda a parte e nos lugares onde menos se espera. Entre os doze (12) apóstolos houve um traidor (1).
Em toda a seara, o capeta dará um jeito de, em horas mortas, ir lá semear a cizânia. Mas outros fazem a sementeira infame, em plena luz do dia, sem que as pessoas percebam o engodo. 
Se não houver jeito, vamos conviver com eles, com cautela, como recomenda o Mestre: Sede astutos como as serpentes”... Ajam de acordo com as circunstâncias, mas sejam leais e fiéis aos seus princípios. (Mt. 10,16). A astúcia tem como contraparte o respeito e a sobriedade: “Sede gentis e generosos como as pombas”.

2.    Cada igreja estabelece os seus parâmetros de espiritualidade e atuação; mas nunca é válido o que possa ir contra a essência do cristianismo, no caso cristão. Até porque a Constituição cristã é o Evangelho.
O que os homens fizeram, os homens podem mudar, desde que tenham credibilidade e delegação.

Precisamos fazer um rol dos 10 (dez) e dos 21 valores essenciais do cristianismo.
Há países cuja Constituição, a lei maior, tem menos de 10 artigos. As restantes são leis complementares e leis comuns.
Por que o Cristianismo não pode ter seu CÓDIGO BÁSICO, de raiz bíblica, e depois as Diretrizes e Normas Complementares?

3.     Por que as religiões não poderão sentar juntas e estabelecer o seu rol de valores essenciais e os complementares? E por que não estabelecer as condições de convivência e cooperação?
Isto poderia fazer parte do PACTO MUNDIAL INTER-RELIGIOSO. É preciso ousar.
Depois, cada grupo estabeleceria a própria espiritualidade e os valores complementares e as linhas de atuação social.

Mas um pacto neste espírito não pode discriminar ninguém. Apenas precisamos definir as condições.
As pessoas podem se reunir, ser solidárias e cooperar apenas como cidadãos conscientes, de caráter e de boa vontade. Juntos podem discutir e fixar um PACTO que a todos sirva de diretriz programática estabelecendo parâmetros.
Nesta Nau são bem-vindas todas as pessoas de boa vontade que saibam e queiram compartilhar o pão do saber...
É essencial que as pessoas estudem e tenham credibilidade de conhecimento e de prática.
A GRANDE NAU
DA HUMANIDADE

2ª Parte

NAU DE VELAS INFLADAS

III
DESAFIOS DA NAU

1.  Precisamos vencer o viés triunfalista de quem é o maior, computando a quantidade e esquecendo a qualidade. O maior grupo é aquele onde as pessoas são mais conscientes e vivenciam mais seus valores, levando a uma real melhoria das condições de vida de cada um e das comunidades. (Moeda falsa não é computada no balanço).
Paulo é muito claro neste quesito: (I Co 13. 1-13).

Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos
se não tiver caridade,
serei como o sino de bronze que soa
ou como o címbalo que retine(...)”
(...) ainda que eu tenha toda a fé,
a ponto de transpor montanhas,
se não tiver caridade, nada serei...” (publicar como texto independente)

(Ver texto completo em Anexo – clique)
     Hoje Paulo diria:
     Ainda que tenha os mais altos diplomas, das melhores Universidades do Mundo e todo o saber e sabedoria dos grandes sábios, se não tiver caridade e respeito à dignidade humana, com alteridade, serei apenas como um belo sino de bronze, que soa no campanário, ou como o violão que esparge seu som, ou como um moderno e sonoro aparelho de som tocando belas canções; e ainda que eu tenha toda a fé de um monge oriental, a ponto de saber mover o sol e as montanhas, e acalmar as tempestades do mar, se não tiver respeito e amor ao próximo, nada serei.
Nada é fácil. A vida não é fácil. É preciso acostumar-se com isto. Haverá sempre obstáculos a vencer. É um desafio permanente.
Se a nau for forte e bem guiada por um timoneiro competente, poderá navegar, tranquilamente, mesmo em grandes tempestades.
Mas lembre-se: o melhor timoneiro de sua Nau é você mesmo. Saiba preparar-se adequadamente e agir solidariamente. Nunca perca de vista o essencial da vida.
 O melhor médico de você é você mesmo.
Se alguém vier prometer a felicidade com facilidades, não se deixe iludir.
O que outros podem é mostrar-lhe o caminho; mas é você que precisa trilhá-lo. A felicidade é sempre conquista pessoal; a auto-realização, também.
Só você pode conquistá-la. E ainda assim, a “felicidade” é sempre precária: é uma conquista que se renova a cada dia. Quem se desleixar, perde-a. É como as plantas: se não as regarmos, secam.
Seja você o timoneiro de sua nau.

2.  A comunidade pode ser um ótimo refúgio, na solidão e nas horas amargas, se nas horas de paz e “prosperidade” você soube compartilhar e dar apoio aos outros: se você cumpriu as obras de misericórdia, sem paternalismo.
O que dá credibilidade não é o que as pessoas dizem ou o poder de que dispõem, mas o seu caráter, o seu comportamento, sua ação, o seu esforço de transformação, a sua capacidade de compartilhar e de ajudar para que todos cresçam por esforço e vontade própria, por respeito à própria dignidade e aos outros.

As diretrizes dos valores que nos orientam não podem nos confundir. Devem ser simples para serem levados à prática. Excesso de teorização pode trazer confusão...O excesso de informação leva à máxima desinformação...
Alguns “dogmas” só perturbam. É preciso saber que, às vezes, na prática a teoria é outra. Acrescenta as circunstâncias.
Mas não esqueçamos que a prática é de alta complexidade. O que não podemos é perder-nos em teorias vazias... Não podemos ver como retilíneo o que é redondo ou ondulado.
Não podemos deter-nos em palavras, palavras, palavras. A palavra deve ser LOGOS: Deve ter força e efeito transformador.

3. Diálogo aberto e franco
       As igrejas não devem se esconder atrás de dogmas para fechar o diálogo e impor opinião na controvérsia.
       Os ministros das igrejas, nos seus diversos níveis, tendem a considerar uma crítica como um ataque. É problema de arrogância, vaidade e insegurança... Isto é um desvio e falta de diálogo que precisa ser sanado.
Ninguém tem o monopólio da verdade. A verdade pode estar condicionada às circunstâncias e ao ponto de visão.
É preciso dialogar sempre. Deus fala por sinais que permeiam as ações humanas. Que não seja diálogo onde um só é o que fala; os outros apenas ouvem.
A manifestação de Deus é dialógica; por isso o verbo se fez homem, para conviver com os homens. Deus é o LOGOS: a palavra transformadora: é DIÁLOGO.
A sociedade civil aprendeu melhor a necessidade de dialogar. Por isso muitas instituições têm a sua “ouvidoria”, para saber o que pensa o povo, antes de dizer ao povo o que pensa.
As circunstâncias direcionam o diálogo, para não ser diálogo de surdos... 

4.   As igrejas falam muito e ouvem pouco.
No entanto a lei é: ver, ouvir, pensar, falar e agir. Não temos um só sentido nem uma só faculdade/competência.
Por isso Deus nos deu dois ouvidos e uma só boca, diz Vieira.
É preciso ver e ouvir os sinais que nos cercam, que vêem das ruas ou que vêm da natureza.

Por que as igrejas não implantam uma ouvidoria independente, ocupada por pessoas sábias e sensatas? Será por que têm medo de serem questionadas? Ou não sabem responder?
 No entanto, o diálogo nunca pode ser usado para constranger as pessoas. Deve ser sempre leal e sincero, sem viés e sem armadilhas.
Não é o estudo, nem o poder, nem a autoridade que conferem sabedoria e sensatez. O que é então? Pergunte ao Sermão da Montanha. Lá está a resposta. (Mt 5.3-12)
Isto precisa mudar. Cristo era sempre questionado: dialogava. Esta foi a sua pedagogia. Por que não seguir o exemplo? Cristo dialogava até com aqueles que lhe  armavam armadilhas, nas perguntas, tentando ouvir alguma palavra que, retorcida, jogariam contra ele. Faziam o jogo, as “pegadinhas”, tentando “derrubá-lo”. Ele só se irritou e reagiu energicamente, ao entrar no Templo de Jerusalém, vendo o Templo transformado em Mercado... Aqui usou astúcia...

Ouvir não é deixar-se dominar. Isto seria subserviência. Há muita gente falando, sem pensar ou falando só para ofender, incomodar e desestruturar. É diálogo de surdos.
É preciso saber onde a pessoa quer chegar e o que representa a sua opinião ante a razão e na comunidade.
Ouvir não é ceder à maledicência contra os interesses maiores. Não ter sangue de barata...
Por isso a pentalogia: Ver, Ouvir, Pensar, Falar e Agir.
            Agir para transformar...
É preciso ouvir e ver para saber se a mensagem está sendo compreendida e se é adequada.

Lembrêmo-nos: “O Espírito fala (sopra) onde quer” e não tem só um porta-voz. Não dá para fechar os ouvidos à voz do Espírito.
O Espírito jamais deixará se prender por quem quer que seja. O Espírito da liberdade ninguém pode acorrentá-lo. Ninguém.


IV
A NAU DA VIDA REAL

1. Algumas pessoas, certamente sinceras e leais, dizem que as igrejas são tristes. Em alguns casos esta característica é patente. Mas por quê? É um contrasenso...
A igreja é igreja dos vivos e não de mortos. Quem crê ainda que morto viverá. Esta é a promessa. Por quê tanta tristeza? Por que tatá amargura postiça?!
Isto não é norma cristã. Pode então ser uma patologia?!
Isto é evangélico? Não me parece.
“Deus alegra o coração das pessoas”
 (“Letificat cor hominum”)  
Rejubilai-vos (“Jubilate”) diz o Salmo.
A Bíblia está repleta de convites à alegria. Por que seguir outro rumo? Ou é desvio de rumo?
Por que chorar sempre a morte de Cristo? Ele ressuscitou. Esta é a Mensagem... Alegrai-vos...
Todas as igrejas deveriam respirar um ar simples, discreto e nobre de alegria. A luz que penetra pelas portas e janelas; os bancos e altares; o comportamento das pessoas; tudo deve transpirar uma alegria profunda e nobre, com simplicidade.  
Uma alegria interior que se reflete nos gestos, nos     olhos e na fala...
A alegria deve partir da alma da pessoa. Não pode ser apenas um sorrir para o exterior.

No passado se apelava muito para templos majestosos, atendendo à majestade da divindade transcendente. Esses templos hoje são monumentos admiráveis, mas não imitados. A linguagem hoje é outra.  O pensamento das pessoas é outro: apela para um espírito de simplicidade.
A grande alegria vive-se no mais fundo da alma, no silêncio do nosso Templo Interior. O templo é espelho do pensamento e do sentimento da época.
Mas não esqueçamos que também a angústia, a tristeza e o sofrimento, a saúde e a doença nos hão de acompanhar por toda a vida...
Vieira disse:
Se houver necessidade de construir uma Igreja, e, ao mesmo tempo, houver necessidade de construir um hospital, para tratar os sofrimentos do povo, deve-se optar, primeiramente pela construção e equipamento do hospital. Só depois devemos pensar na construção do Templo.

  2.   Isto é diferente de uma alegria superficial dos espetáculos profanos, geralmente fantasiosos, superficiais e fúteis, só diversão, mas não menos válidos. Cada um no ambiente adequado. Igreja só espetáculo e Casa só de Espetáculos Teatrais não é Igreja. Pode ser casa de Cultura e de divertimento.
Igreja é casa da Palavra e casa de Oração, Reflexão e Meditação. Aí a pessoa aprende a encontrar-se consigo mesma, com os outros e com Deus.

       No momento da celebração, qualquer lugar toma certa dimensão sacral, embora seja um espaço comumente profano. A Celebração e o Espírito criam sacralidade.
Se acreditamos num Deus imanente e transcendente, mais que um Deus vingador, nada temos a temer... Deus dá alegria, segurança, esperança, paz e contentamento.
A igreja não pode ser triste. Se é a Casa do Pai e dos Irmãos...é espaço de alegre e descontraída convivência.
 Mesmo nos momentos de preocupação e de tristeza, a esperança nos garante uma alegria profunda, que é dada pela confiança no Pai, que tudo governa.

No entanto há ministros, em todas as religiões, que vivem à sombra do Deus vingador, um Deus da Vingança e da Morte; um Deus da Guerra... Esse não é o nosso Deus. É uma fantasia. Assim, apenas estão desconstruindo e traindo o Evangelho...
A Igreja, em si, é, por natureza, um espaço de alegria, jovialidade, simplicidade e fraternidade. Tudo o mais é criação eventual, que só é válida se estiver focado na essência da Mensagem... sem superficialidades e futilidades.
Em nossa Nau se vive a vida plena de seres humanos que trabalham, cantam, conversam, dançam, se divertem alegremente, mas também sofrem e se entristecem, seguindo o rumo do seu destino e as circunstâncias da vida.

  3. Conclusão
Será que estamos aqui propondo algo revolucionário? Que isto a muitos escandalizará?
Há pessoas que querem a Igreja com grandes fechaduras e com as portas e janelas trancadas. Mas o Evangelho não é assim.
O Evangelho escancara portas e janelas. Aliás, é um grande cenáculo, imenso, sem portas, nem janelas, e até sem paredes e sem telhado. Que fantástico!

A mensagem de Cristo foi proclamada, a céu aberto, ao ar livre: pelas ruas, morros e praças. O grande Sermão da Montanha foi efetivamente proclamado numa colina, com o povo sentado no chão, deslumbrado com a Nova Mensagem, que revolucionava tudo o que conheciam até então, da boca dos sábios e dos profetas...

Ainda quando falou no cenáculo, falou para o mundo, como se portas e janelas não existissem... ou estivessem escancaradas.
A gruta onde Cristo nasceu tinha todo o seu frontão aberto do Oriente para o Ocidente.

Nas Igrejas Clássicas, as pessoas entram na Igreja rumo ao Oriente e saem rumo ao Ocidente: O pôr-do-sol espelha-se no altar, entrando pela porta frontal, e pela rosácea no alto do coro.
Sempre relações de espaços imensos, muito além das paredes dos templos. O Oriente e o Ocidente dando-se as mãos.

Por mais romântico e utópico que isto possa parecer, consideramos que é necessário lutar pela simplicidade original, mesmo em Templos ou Catedrais Majestosas.

Queremos uma Nau grande, firme e segura, em que todas caibam e aí tenham lugar.
Nossa Nau é um espaço risonho e franco onde a vida acontece naturalmente, sem artificialismos. As pessoas vivem, dialogam, trabalham, são generosas e algumas gananciosas. Mas todas querem realizar seus sonhos, num mundo mais cordato... Todos compartilham generosamente o pão da palavra e o pão da mesa.
Queremos que nossa Nau, com velas ao vento, tenha um bom timoneiro que, nas calmarias como nas tempestades, nos leve seguros e confiantes a porto seguro. Esta é a nossa bandeira.
Recomendamos a leitura de

Alegria (Sorrisos – poemas professor)
(Abril/ 2009)
LR

[Em construção]

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