PERALTA
V I T A S O F I A
A ARTE DA VIDA
LIVRO 01
Uma Filosofia Tetralógica
PERALTA
V I T A S O F I A
A ARTE DA VIDA
LIVRO 01
Ed. Macrópolis, São Paulo, 2.012
VITASOFIA
A Arte da Vida
LIVRO 01
ÍNDICE
DEDICATÓRIA 06
INTRODUÇÃO – TEMPOS DE MUDANÇA 07
PARTE – 1
REFLEXÕES PRELIMINARES.
PRÓLOGO 1:
NOTA PRÉVIA.
Capítulo 01. Paradoxos da Liberdade 12
PRÓLOGO 2:
REFLEXÃO E AÇÃO.
Capítulo 02. O Ponto de Apoio de Arquimedes. 15
Capítulo 03. Movendo o Mundo. 18
PARTE – 2
VITASOFIA, A VIDA EM EQUAÇÃO
Capítulo 04. Síntese de um Ideário. 22
Capítulo 05. Os Parentes da Vitasofia. 25
Capítulo 06. Forças Matriciais. 27
VITASOFIA, NOVAS PERSPECTIVAS
Capítulo 07. Abrangência do Novo Sistema. 29
Capítulo 08. Valores Ético-Humanísticos. 33
Capítulo 09. Ideias e Vivência. 36
Capítulo 10. Pensar Traz Responsabilidade. 38
PARTE – 3
CAMINHOS PERENES. NOVOS CAMINHOS
VITASOFIA, UM NOVO PARADIGMA
Capítulo 11. Novo Parâmetro de Reflexão. 42
Capítulo 12. Vitasofia, na Travessia da Vida. 45
Capítulo 13. Ideias que Movem Mundos. 48
NOVOS PARADIGMAS PARA NOVA VIDA.
Capítulo 14. Extensa Rede de Relações. 51
Capítulo 15. Portas Abertas da Vitasofia. 54
Capítulo 16. Novo Paradigma e Nova Mentalidade. 57
PARTE – 4
MISSÃO DA VITASOFIA
Capítulo 17. Caminho da Sabedoria. 61
Capítulo 18. Efeito Transformador. 65
Capítulo 19. Os Quatro Pilares da Vitasofia. 68
Capítulo 20. Busca da Grande Síntese. 70
Capítulo 21. Luzes do Passado. 72
Capítulo 22. O Saber Sem Fronteiras. 74
DO NÍVEL CONCEITUAL ÁS PRÁTICAS
VIVENCIAIS. FLEXIBILIZAÇÃO E
ARTICULAÇÕES.
Capítulo 23. Da Reflexão à Ação. 77
Capítulo 24. Pigmeus e Gigantes. 79
Capítulo 25. Bases da Intervenção Social. 81
Capítulo 26. Superar a Teoria da Conspiração. 83
Capítulo 27. Conceitos e Práticas Transformadoras.85
PARTE – 5
TETRALOGIA ANALÍTICA, BASE
METODOLÓGICA DA VITASOFIA.
Capítulo 28. Busca do Homem Integral. 88
Capítulo 29. Tetralogia e Alteridade. 91
Capítulo 30. Tetralogia e Compromisso Social. 94
PLATAFORMA DA VITASOFIA.
Capítulo 31. Fronteiras do Conhecimento. 96
PARTE – 6
EPÍLOGOS.
Epílogo I:
Capítulo 32. Compromisso com a Vida. 100
Epílogo II:
Janelas Para a Posteridade.
Capítulo 33. O Desconcerto do Mundo. 103
Capítulo 34. Avanço ou Decadência?
(Filosofia do Beija-flor). 106
REFLEXÃO FINAL.
Capítulo 35. Vitasofia, uma Âncora da Civilização.
(A Era da Esperança). 108
LIVRO 02
GLOSSÁRIO DA VITASOFIA 112
DEDICATÓRIA
- Dedico a Vitasofia – Arte da Vida
a todas as pessoas: crentes, agnósticos ou descrentes,
que acreditam que, juntos,
cada um fazendo a sua parte,
podemos preservar a vida e a honra, e
construir um mundo melhor para TODOS.
- A todos os milhões de jovens e adultos
que lutam contra a indiferença letárgica
e contra o desconcerto do mundo,
lutando por melhorias na educação e
na justiça e pela dignidade humana
para que o mundo possa evoluir positivamente,
para que, sempre, o amanhã possa ser melhor do que hoje.
-A todos que acreditam que os valores do Humanismo Total
são imprescindíveis à preservação o da vida,
enquanto são a força motriz
da luta entre a civilização e a barbárie;
que tal luta nefanda se trava em todas as trincheiras
do nosso mundo desconcertante,
onde se faz o permanente elogio da virulência,
e o cultivo da insensatez e da indignidade,
pondo em risco a vida e a sobreviência da espécie humana.
- Dedico-a também
.a todos os meus ex-alunos e colegas Professores
da USP, da FINTEC e da EUROPAN;
.à Inez e aos nossos Filhos e familiares,
que deram o suporte psicológico e a tranquilidade necessária,
para a elaboração deste trabalho;
.aos meus ex-colegas de Aveiro,
em especial ao grande companheiro, Fernando Ladeira;
.a todos os amigos do Brasil e do mundo;
.a todas as pessoas que têm olhos de esperança.
TESE CENTRAL DA VITASSOFIA
A tese central , desenvolvida e defendida nesta obra, é:
Os quatro eixos da Tetralogia Analítica, propostos na VITASSOFIA - ARTE DA VIDA, com os valores do Humanismo Multidimensional, são aptos para se transformar em forças matriciais e motriciais, capazes de funcionar como alavanca eficaz para reequacionar permanentemente e possibilitar a expansão e a preservaçãoo da dignidade e da vida humana.
INTRODUÇÃO
TEMPO DE MUDANÇAS
1
Vitasofia é uma obra-síntese de um pensamento elaborado em cinco dezenas anos, de muito estudo, muita observação, muita reflexão e muitas práticas.
Mais que o saber, busca o querer, o compartilhar e o vivenciar. Busca o ser e a alteridade.
Não é uma obra para impressionar os intelectuais. É uma obra que não separa o conhecer do experimentar e do vivenciar. Os intelectuais, genericamente falando, ficam na teoria sem real compromisso com a prática. Esta obra segue outro rumo: busca permanente compromisso com a prática transformadora da sociedade. Quer abrir perspectivas de bem-estar.
Penso num “saber de experiências feito” de que falava o grande Camões.
Ao cidadão consciente, mais do que muito saber, interessa o saber viver.
“Não aprendemos para a escola, mas para a vida”.
A grande mensagem subjacente à Vitasofia é a luta pela sobrevivência da civilização humanista e pelos autênticos valores democráticos.
Tem como tônica a preservação da dignidade humana e dos demais valores humanistas, como a grande bandeira de nosso tempo; a bandeira que está faltando no cenário mundial.
Opõe-se aos predadores e aos demagogos de todos os naipes e a todas as espécies de manipulação da opinião pública. Luta pela realidade e as essências contra as aparências enganosas.
Devo esclarecer que estas ideias foram tomando corpo, em diversos contextos, sem intenção de formatá-las. Depois de muitos anos percebi que havia um corpo de ideias, coerente, inovador e com potencial transformador.
2
Apresento-me aqui como um semeador de ideias.
Vivi uma época de profundas transformações, em plena atividade, da década de 50 do séc. XX aos nossos dias.
Certamente, os últimos 60 anos foram a era das maiores transformações, técnicas, científicas, humanísticas e até religiosas e de costumes de todos os tempos.
Alguns classificam esta nova fase da civilização como a Era das Incertezas.
Penso que a vida e o mundo, com seus valores, suas dúvidas e até com as suas mazelas e catástrofes, são como um imenso livro aberto, do qual podemos tirar sábias lições.
A partir desta obra e de outras similares, estamos contribuindo para dar partida a Era da Esperança, Era do Novo Humanismo.
As lições da história, positivas ou negativas, podem nos mostrar o caminho de revitalização da nova humanidade, que há de surgir de todas as dúvidas, incertezas e das boas perspectivas que vive a nossa civilização.
Nossa época vive, certamente, as mais atrozes dores de novo parto, que há de acontecer, depois desta era de tantas incertezas, tantas mentiras camufladas, tanta nesciência, tanta ganância e presunção e tanta violência que campeia à solta, por esta civilização desconcertada e de tantas certezas volúveis e passageiras.
3
Pensamos que a Vitasofia pode contribuir para ajudar a definir e decidir os novos rumos de uma nova fase da civilização da humanidade, superando o consumismo letal que põe em xeque a vida no nosso mundo.
Mantive sempre compromisso sério com uma teoria sólida e com uma prática vivificadora.
A Vitasofia representa um grande potencial na humanização do mundo. O quarto pilar, a alteridade, integrado à estrutura mental do raciocínio, pode cooperar significativamente para a construção de um mundo mais humano.
A alteridade, a pluralidade, a espiritualidade e o Humanismo Multidimensional constituem-se a chave e os pilares da Vitasofia.
A Vitasofia propõe-se como um caminho para a fraternidade universal, através da alteridade institucionalizada.
A base filosófica da Vitasofia é “cristã”, buscando o denominador comum de todas as religiões, buscando a formulação de uma agenda conjunta, pela fraternidade universal.
Em algumas igrejas cristãs, a hierarquia vê, como intromissão indébita, pessoas estranhas à hierarquia se manifestarem sobre questões eclesiais. Está subentendido que consideram o tema como monopólio da hierarquia. Esta é a opinião do atraso.
Penso que devemos ser muito humanos, sinceros, leais e transparentes em nossas posições.
As igrejas, todas as igrejas, hoje, têm pessoas muito preparadas, homens e mulheres. Estas pessoas deveriam ter voz ativa na igreja. Em alguns casos, tais pessoas poderiam ajudar a criar uma igreja mais participativa, mais vivencial e mais prática.
Uma igreja mais humana, mais flexível, mais versátil e menos dogmática na sua prática.
A igreja cristã não é como alguns pensam, uma entidade hermética, acessível somente à hierarquia eclesiástica, que preserva o próprio monopólio do sagrado.
Penso que esta obra é bem representativa da época de transição em que vivemos.
As pessoas mais preparadas da Igreja não podem ser tímidas e ilustres desconhecidos. Devem ter respeitada a sua presença. Afinal, não se acende uma luz para colocá-la debaixo de um caixote...
Lembramo-nos que o Espírito sopra onde quer.
4
Na vida aprendi que, em vez de lastimar as perdas, devemos ser criativos e buscar formas de ganho e de superação. Negatividade é decadência.
Em vez de chorarmos por perdermos o sol, preservemos os olhos, livres para apreciar as estrelas, sabendo, que o sol voltará, senão amanhã, nos próximos dias.
“Se choras por teres perdido o sol,
as lágrimas não te deixarão ver as estrelas”,
disse Tagore.
Demos à vida menos tristezas e agonias, e mais alegrias com mais poesia.
Onde é difícil a travessia, vamos construir uma ponte, para aproximar as pessoas. Para levar-lhes mais fraternidade, mais alegria e mais cordialidade.
5
A Vitasofia em princípio, não tem compromisso com a religião, como é lógico. No entanto não deixa de levar em conta o fator religioso, que faz parte da estrutura da sociedade e das pessoas.
Por este motivo, transitamos livremente entre diversas religiões, adotando delas alguns modelos de reflexão efetivamente úteis. Até porque por seu papel civilizatório, são um real patrimônio da humanidade.
Uma das tônicas práticas da Vitasofia é esta:
Faça tudo o que puder, pela humanidade melhorando sempre o próprio saber e o próprio desempenho.
Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a si.
Nota: Esta obra é complementada por:
- Humanismo Multidimensional.
- 21 Razões do Humanismo Pleno.
- Novos Rumos do Humanismo.
- Humanismo e suas perspectivas.
- Espiritualidade em tempos decadentes.
Vitasofia – A Arte da Vida
PARTE – 1
REFLEXÕES PRELIMINARES.
PRÓLOGO 1: NOTA PRÉVIA.
Capítulo 01. Paradoxos da Liberdade.
PRÓLOGO 2: REFLEXÃO E AÇÃO.
Capítulo 02. O Ponto de Apoio de
Arquimedes.
Capítulo 03. Movendo o Mundo.
PRÓLOGO 1
NOTA PRÉVIA
(23.7.2012).
(4.8.2012).
(15.8.2012).
(19.10.2012).
Capítulo 01
PARADOXOS DA LIBERDADE
1
Vitasofia é, essencialmente, um posicionamento positivo e propositivo. Consideramos a Vitasofia como uma nova Vanguarda de uma virada civilizatória que vai abrindo caminho de nova sociedade, ansiosamente esperada, abolindo trilhos.
2
Observada pelo avesso, a Vitasofia situa-se em meio a uma civilização que revela suas fragilidades e alguns rumos insustentáveis, produzindo insegurança social.
Todas as civilizações têm seus vilões. Todas as civilizações têm decadência.
Vitasofia situa-se num mundo consumista compulsivo e desequilibrado; num mundo onde as superficialidades fúteis se tornam celebridades notáveis (?!). Num mundo de ideias fabricadas, ou sem ideias, que não deixa as pessoas pensarem.
Posiciona-se num universo de teorias mais ou menos oportunistas e utilitaristas, de cunho dogmático e agnóstico, que se impõem por uma publicidade muito bem orquestrada, nos meios de comunicação, dominando instituições e pessoas, deixando-as abobalhadas.
Posiciona-se contra as forças deletérias que vão jogando no lixo da história, os mais destacados e essenciais valores éticos e morais, espirituais e intelectuais da humanidade.
3
Vitasofia contrapõe-se a modelos estereotipados e repressivos de dominação social, tendo como modelo típico o sistema impositivo, teoricamente apresentado como incontestável, que é o sistema de julgamento e direcionamento “politicamente correto”, típico de mentalidades farisaicas e levianas, que vai abolindo a consciência, julgando por slogans.
Vitasofia situa-se como contraponto a um pensamento político que tende a abolir a diversidade e a pluralidade de culturas e de modos de ser, de viver e de pensar; opõe-se a uma praxe que vai abolindo também as identidades nacionais, regionais e pessoais, em nome de uma uniformidade artificial mundial que facilite o poder do consumismo e a dominação ideológica e econômica de grandes grupos à escala planetária, obedecendo a robôs.
Denunciamos a pusilanimidade de muitos... Só ações positivas podem desbaratar os vilões.
4
A Vitasofia considera a pluralidade de culturas, identidades e ideias articuladas, como a grande riqueza da humanidade. A perda das identidades é uma violência brutal, que envenena a história e as raízes dos povos e das pessoas.
A Vitasofia mostra que há caminhos e valores capazes de construir um mundo melhor para todos. Mostra que há esperança e que há razão, e que a insanidade que vai se apoderando das culturas e das políticas, através dos meios de comunicação, como todos os modismos, tem os dias contados, dentro do movimento pendular dialético, que preside a ação humana, desde que estejamos preparados e não nos deixemos dominar, pela mentalidade deletéria da publicidade, que nos faz crer que pequenos grupos são legiões...
5
A Vitasofia, com o Humanismo Total e Global, quer resgatar e revitalizar os grandes e perenes valores da humanidade; os grandes valores que estão entronizados no coração e no espírito dos povos.
Nada nos surpreende se alguns vilões mascarados tentarem depreciar os posicionamentos da Vitasofia, por não se submeter a padrões pré-consagrados por “celebridades” fabricadas nos grandes centros de controle do poder econômico, político e do pensamento das pessoas, pela propaganda maciça.
Neste sentido, a vitasofia é essencialmente propositiva e não repressiva. Mostra, naturalmente, que há luz que, ao se multiplicar, vai banindo o escuro.
A grande praga do nosso tempo é a metodologia fascista, que não impede as pessoas de pensar, mas obriga-as a pensar o que interessa ao poder controlador e não a elas.
Propomos atitudes e práticas saudáveis e sustentáveis.
Com respeito ao livre arbítrio e à dignidade humana, instruindo e esclarecendo.
Só uma educação de qualidade e humanista liberta as pessoas e garante a soberania da sociedade. Sem esta realidade não há democracia de que tanto se fala...
Cabe às pessoas encontrar soluções adequadas a cada situação.
Acreditamos que são as ideias e as ações coerentes e responsáveis que movimentam o mundo.
6
A Vitasofia quer que cada um cuide de suas ideias e atitudes, discretamente, mas sempre.
A Vitasofia inspira-se nos grandes filósofos e nos grandes pensadores da humanidade, passando por Sócrates, Platão, Aristóteles, a Bíblia, Agostinho, Tomás de Aquino, Jacques Maritain, Bérgson, Teilhard de Chardin, R. Tagore, Padre Antônio Vieira, Rui Barbosa, Erich Fromm, G. Jung, e muito mais.
PRÓLOGO 2
REFLEXÃO E AÇÃO
(12.6.2012).
(16.7.2012).
(19.7.2012).
(21.7.2012).
(15.8.2012).
(19.10.2012).
Capítulo 02
O PONTO DE APOIO DE ARQUIMEDES
1
A presente obra, Vitasofia, abrange uma extensa rede de referências, que passam pelas Ciências Humanas, pela filosofia, pela literatura, pela história, pela política e pela cultura geral.
Baseia seus posicionamentos na Tetralogia Analítica, com seus quatro pilares: - a Razão, o Sentimento, a Ação e a Alteridade; ou, de outro modo: Observação, Pensar, Agir e Compartilhar.
A Vitasofia propõe a harmonia da Razão e da Emoção visando o equilíbrio emocional, mental e espiritual da pessoa.
Propõe o equilíbrio da Ação e da Alteridade, visando a superação do egoísmo e do egocentrismo, criar pessoas livres e independentes e, ao mesmo tempo, solidárias, altruístas e generosas.
Propõe o equilíbrio entre as forças centrípetas e centrífugas, e entre as convergências e as divergências do pensamento humano.
Enfim, apesar de manter os pés no chão, penso que a Vitasofia ainda é uma deliciosa utopia viável. Funciona como o ponto de apoio e a alavanca de Arquimedes e com os quais, se os conseguisse encontrar, ele garantia que seria capaz de mover o mundo.
A grande proposta prática:
Faça tudo pela humanidade e não faça nada que possa degradar a espécie humana e a natureza.
2
Assim teríamos uma sociedade de pessoas conscientes, competentes e responsáveis, capazes de articular o eu com o outro; capazes de compartilhar o ter e o ser; capazes de contribuir para uma sociedade mais livre, produtiva e altruísta.
Se quisermos melhorar as condições de vida e os valores humanos das pessoas e assim ajudar a preservar a espécie humana mais saudável e a civilização mais consistente, precisamos saber como, onde, por quê e para quê atuar. Temos de levar em conta as circunstâncias, para não nos equivocarmos e não sermos tragados pelo turbilhão ou por rolos compressores da opinião manipulada; para não sermos rejeitados pelos que defendemos.
3
A Vitasofia – Arte da Vida, procura articular as forças, competências e habilidades humanas, em nível intelectual, moral, espiritual e na prática da vida cotidiana. Ajuda as pessoas a conhecerem-se a si mesmas, com suas competências e precariedades.
As pessoas têm dificuldade em dizer o que as motiva e os princípios que regem suas vidas e quem são. Perguntados, informam a data de nascimento, suas características físicas e talvez sua profissão e estado civil. Mas a pessoa é algo mais, difícil de decifrar.
4
O elo de toda a Vitasofia, como filosofia da vida, é a aliança com Deus, como um ser Criador do mundo e da vida, presente em todos, presente no coração humano; um ser que alimenta a esperança, a criatividade e a alegria das pessoas; enfim, um Pai, companheiro, sempre presente, que nos estimula a prosseguir viagem, mesmo nas horas difíceis, e nos ajuda a superar obstáculos.
Precisamos ser capazes de superar os condicionamentos sociais repressores em que estamos envolvidos, sem o saber. Precisamos ser capazes de ver, ouvir, falar e agir com a nossa consciência.
5
A religiosidade consciente, leal, sincera e adulta é uma força fantástica na humanidade, uma força criadora e sempre estimulante, que nos traz a esperança e nos impele à cooperação, por uma humanidade e um mundo melhor para todos.
Propomos, subjacente ao texto, discretamente, um novo modelo de apreensão e de vivência da filosofia da vida, da religião, da política e das relações humanas, que é apenas um dos desdobramentos do que aqui exponho.
Propomos uma economia solidária e justa, marcada pela alteridade, consolidada na identidade.
Propomos as forças matriciais de um novo amanhecer.
A Religião leal e sincera garante a luta perene pela dignidade humana e pela superação do egoísmo, que traz a ganância, a corrupção, a angústia e a luta fratricida, que joga irmão contra irmão.
6
O cultivo leal das forças espirituais, na vida, é a mais valia que distingue as pessoas de fé, dos descrentes. No entanto, penso que não há descrente. Quem crê, nunca está sozinho. Quem crê vivencia a mensagem do Natal Cristão.
Em qualquer circunstância é capaz de sentir, no fundo de sua alma, o “Glória a Deus nas alturas”.
Penso que não há descrentes; há apenas os desiludidos com certas inconsistências de certas pessoas ou instituições sem credibilidade.
Como um texto fundamentalmente humanista, a Vitasofia não adota religião alguma. Posiciona-se supra religiosamente. No entanto, estimula a espiritualidade.
A Vitasofia pode servir de veículo de iluminação e de conscientização de toda a gente, independentemente de ser crente ou descrente.
7
As religiões, como outras instituições sociais, públicas e particulares, ainda estão asfixiadas por mentalidades obsoletas e burocratizantes que travam a atravancam suas forças vitais de renovação e de revitalização, das pessoas, das sociedades e das próprias instituições.
A criação e desenvolvimento de novos paradigmas de reflexão e de atuação poderão revitalizar a sociedade e o mundo, com mudanças sociais que levem a um mundo melhor, mais livre, mais solidário, mais justo, mais consistente, mais responsável e mais coerente.
Em vez de dar sequência ao processo de desagregação dos grandes valores de nossa civilização humanista, a Vitasofia quer criar condições para restaurar, e dar credibilidade aos valores basilares da nossa civilização, a que defendemos, no que eles têm de melhor para a humanidade e para sua auto-sustentabilidade.
Capítulo 03
MOVENDO O MUNDO
8
Todos precisamos assumir nosso papel, na definição e construção de um mundo melhor e mais equilibrado, nas relações da racionalidade, dos sentimentos, da ação e da alteridade.
Se temos princípios e valores essenciais a cultivar, precisamos adequar nossa ação às novas circunstâncias, para as quais não podemos fechar os olhos, nem a razão.
A renovação constante é essencial. As estruturas, que se tornaram obsoletas, precisam ser, naturalmente, descartadas, substituídas ou renovadas.
A restauração deve ser um estado permanente em todas as organizações.
Precisamos restaurar o processo de melhorias contínuas e graduais, propostas pela metodologia Kaizen, de que falamos adiante.
9
Precisamos saber viver, com sabedoria e responsabilidade, o eterno paradoxo do perene e do transitório. Não podemos nos refugiar no imobilismo...
Não podemos nos isolar, na periferia da sabedoria, do conhecimento e da dinâmica social, no que ela tem de melhor.
Precisamos ter a maturidade, a lucidez e flexibilidade necessárias para transitar, livre e criativamente, entre o centro e a periferia das civilizações.
Num mundo conturbado, envolto em fraudes, e até de boas vontades, nas ideologias da esquerda, da direita ou do centro, precisamos saber garimpar os eventuais pontos de verdade, de seriedade, coerência e sustentabilidade do que dizem, pensam e fazem.
Não podemos, jamais, temer a verdade dos fatos...
10
Em nosso mundo, multiforme e plural, a diversidade de conceitos, competências, habilidades e modos de ser e de viver, estimulam todas as pessoas de boa vontade a um diálogo franco, sereno e permanente, para cada um se conhecer como é e como pensa, com plena transparência e sinceridade. Um diálogo autêntico, de acolhimento, sem preconceitos, aceitando a diversidade e a diferença.
O Diálogo franco e sereno é um dos maiores desafios a todas as filosofias, a todas as grandes religiões, do ocidente e do oriente, e a todas as instituições culturais, políticas, econômicas e sociais.
Propomos o diálogo possível, entre pessoas de boa vontade.
Não há diálogo possível entre humanos e leões esfomeados, ou tiranos desequilibrados.
Num diálogo leal e sereno, todos temos muito a aprender e a compartilhar, uns dos outros, se efetivamente, queremos progredir.
11
Desperdiçamos muitas forças, combatendo-nos ou refutando-nos, em polêmicas inúteis, muitas vezes autoritárias e tirânicas, eventualmente originadas da inveja, da ganância ou da intriga.
Para haver serenidade e lealdade a princípios e à ética, precisamos exorcizar e esquecer as mágoas ou equívocos do passado, focando, preferencialmente, o presente e o futuro. Até porque as pessoas de hoje não poderão responder por eventuais ou reais erros e equívocos do passado, de que não participaram.
Cada um responda pelo seu presente, que é onde se manifestam as forças e fraquezas de cada filosofia, de cada religião e de cada instituição social. Sem uma atitude leal e sincera de acolhimento mútuo, não há diálogo construtivo e revitalizante.
Dialogar é sempre um esforço conjunto para buscar um possível denominador comum. No entanto, como tudo o que é humano, o diálogo também tem limites: os limites da razão e do bom-senso.
12
Só unidos, solidariamente, poderemos contribuir para sanar as feridas e equívocos de nosso tempo.
Todos sabemos que, ao lado de estupendo vigor de uma espiritualidade livre que se expande, como algo essencial ao coração humano, mas muitas vezes cheia de inconsistências, nosso mundo vai sendo atravessado por um niilismo avassalador, inquietante e impotente que leva ao nada, ao pânico, à inquietação e à insegurança sem esperança.
Nunca podemos deixar de prestar atenção às forças deletérias que perpassam e inquietam a humanidade...
13
Nosso mundo, dominado por grandes conglomerados econômicos, educacionais e midiáticos, precisa encontrar um novo caminho que lhe dê força, tranquilidade e criatividade que garantam sua identidade humana e espiritual.
Todos os teístas, e também os eventuais ateus, precisam se unir nesta urgente cruzada, alegre e pacífica, promotora de paz interior e a paz social.
Todas as pessoas de boa vontade precisam se unir, numa imensa campanha ou movimento pela recuperação da dignidade humana e pela preservação da civilização, contra a barbárie selvagem, abertamente estimulada, por forças deletérias, do consumismo sem ética e sem limites.
Estes princípios abrem espaço para um retumbante Manifesto em Defesa da Humanidade e da vida ameaçada.
Vitasofia – A Arte da Vida
PARTE – 2
VITASOFIA – O MUNDO EM FOCO
VITASOFIA, A VIDA EM EQUAÇÃO
Capítulo 04. Síntese de um Ideário.
Capítulo 05. Os Parentes da Vitasofia.
Capítulo 06. Forças Matriciais.
VITASOFIA, NOVAS PERSPECTIVAS
Capítulo 07. Abrangência do Novo Sistema.
Capítulo 08. Valores Ético-Humanísticos.
Capítulo 09. Ideias e Vivência.
Capítulo 10. Pensar Traz Responsabilidade.
V I T A S O F I A
A VIDA EM EQUAÇÃO
Perspectivas de Transformação
(28.6.2012).
(29.6.2012).
(4.7.2012).
(6.7.2012).
(18.7.2012).
(21.7.2012).
(17.8.2012).
Capítulo 04
SÍNTESE DE UM IDEÁRIO
1
A elaboração da vitasofia foi um grande desafio, que surgiu no meu percurso mental, sem estar programada. Chegou, naturalmente, e se me impôs, como tantas outras coisas que redigi. De fato é uma consequência de outros textos que elaborei. Redigi-o prazerosamente. Já estava formatado nas coordenadas de meus pensamentos. Desenvolvê-lo não foi fácil, por seu cunho teórico-prático, por deixar as soluções para o leitor decidir, após encontrá-las.
Este é o alicerce sólido de um ideário humanista. Levo adiante este desafio para que muitos possam dele aproveitar. Não poderia guardar para mim o que não é meu. Pertence ao mundo que me ensinou.
A vitasofia me surpreendeu, porque não era esperada.
Confesso que alguns tópicos não foram fáceis. Deram-me suadouro, devido às amarrações sistêmicas do pensamento. Penso que o resultado valeu a pena.
O que fizemos aqui é uma síntese de algumas ideias, articuladas com uma linha de pensamento. Algumas ideias mais parecem tópicos para abrir o debate mais amplo. As frases mais contundentes, são um cordial convite à meditação. São as portas de entrada para o deslumbrante mundo interior, para autorreflexão e autoconhecimento.
São as portas dos novos tempos que se anunciam.
2
Penso que esta é uma síntese com um foco original.
Vai pouco além de um alinhavo.
Cabe ao leitor e aos especialistas a apreciação. Espero que todos possam dele tirar bom proveito.
A vitasofia procura a equação filosófica e funcional, do pensamento, da vida e do mundo. Diria que é uma filosofia prática.
Quis elaborar uma obra que possa, efetivamente, contribuir para o bem-estar e bem pensar das pessoas.
Não quis apenas mais um livro, mas um livro que valha a pena ler e estudar com prazer e curiosidade, em busca de algo mais. Uma leitura que traz proveito.
Penso esta obra como uma porta que se abre para o infinito.
Estou mais preocupado com a prática do que com a teoria, mas sem da teoria me descuidar.
3
Sabemos que elaboramos uma obra imperfeita, inacabada, de pensamentos que se abrem, mas não se fecham. Sim, fizemos algo, não para ter ilusão de saber tudo, mas para aguçar as forças da razão e do sentimento; para mostrar caminhos.
Onde começamos uma ideia, o leitor é convidado a continuá-la, a seu modo, dentro de parâmetros, com disciplina.
Há muita coisa discutível, para desafiar o leitor.
Esta é uma obra inacabável, por natureza. Nesta filosofia, com estes parâmetros, estaremos sempre a recomeçar, enquanto assumirmos outros níveis.
Perfeição humana? Impossível. Pura ilusão. Perfeição entre humanos é decadência; dispensa-nos de pensar.
O sábio quanto mais sabe, mais conhece as suas deficiências. Só o ignorante como tem vistas curtas, pensa que tudo sabe. Não é capaz de conhecer a sua ignorância e a nesciência, em que se debate.
Enquanto vivemos, temos de sempre prosseguir; sempre buscar algo novo, sempre peregrinar por novos pensamentos, até ao fim dos tempos.
Este texto é também um guia possível e disponível.
4
Não pomos limite à inteligência.
Vivemos em campo minado, por todos os lados, por ideologias muito frágeis que se apresentam com imbatíveis e que precisamos saber driblar, com a luz de nossa mente.
A perfeição, neste mundo mortal, é apenas ilusão de que precisamos nos libertar. Mas é a perfeição que nos seduz e nos faz sempre continuar a procurá-la, com nossa precariedade. Só quem busca achará.
Diz o nosso poeta:
“A vida é luta renhida.
Viver é lutar.
A vida é combate
Que aos fracos abate
E os fortes, os bravos
Só pode exaltar”.
(Gonçalves Dias).
Capítulo 05
OS PARENTES DA VITASOFIA
5
A minha intenção é que esta obra ajude a autoconsciência das pessoas.
A vitasofia é a vida em equação. A vida na sociedade e a vida pessoal.
Para não sobrecarregar o texto geral, elaborei dois capítulos, como apêndice ao texto, onde expus o conceito básico das Palavras-Chave, aqui utilizadas.
Num outro capítulo, fiz o Glossário Geral da Vitasofia, resumindo os principais conceitos aqui desenvolvidos.
Numa eventual 2ª edição, novos capítulos poderão ser acrescentados.
Um novo volume poderá ser preparado.
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Ao final da redação, procuramos outros autores que se aproximassem, ainda que eventualmente, do enfoque que demos à Vitasofia. De antemão, sabíamos que havia grande aproximação com Sócrates e Platão, na Apologia de Sócrates e com Aristóteles, em Ética a Nicômano, a Bíblia, São Paulo, São Francisco ...
Verificamos que havia alguma aproximação com os movimentos: Voluntarismo, Personalismo e Humanismo.
A vitasofia tem algo a ver, em paralelo, também, com o pensamento de Jacques Maritain, Alceu Amoroso Lima, Rui Barbosa, Emmanuel Mounier, Gabriel Marcel, Ortega y Gasset, Miguel de Unamuno, Teixeira de Pascoais, R. Tagore, Jacques Delors, Ítalo Calvino, Edgar Morin, Fritjof Capra, A. J. Greimas, Pierre Bourdieu, Erich Fromm e muitos outros.
No entanto apenas eu respondo pelas eventuais falhas da formulação das ideias e da apresentação.
Não posso deixar de acrescentar: Fernando Pessoa, Antero de Quental, Camões, Lucrécio, Santo Agostinho, Tomas de Aquino, Averróis, Ezíodo. Esta lista está longe de ser exaustiva.
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A vitasofia não quer dar lições a ninguém. Expõe ideias. Quem com elas concordar faça-as suas. O resto é com o leitor. Dele são os compromissos que em seu interior quiser compactuar.
A vitasofia está em campo antagônico à contracultura e ao “politicamente correto”, por abolirem a consciência crítica, mas compreendemo-los.
A vitasofia quer ser uma contribuição efetiva à restauração da consciência humana, para que as pessoas possam, efetivamente, recuperar o pleno livre arbítrio, hoje claramente restrito e confinado.
Precisamos reconquistar a verdadeira liberdade, superando as fantasias ilusórias...
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Os humanos precisam ter consciência de si mesmos, de suas potencialidades, de suas deficiências e de sua competência e de sua responsabilidade social, para viver e transformar o mundo, com respeito e dignidade. Precisam centrar-se na vida.
O trabalho, a economia e a educação estão a serviço da vida, no dia a dia, e não o inverso.
Ter consciência é viver o presente, plenamente, com os olhos no futuro e base no passado, que nos dá nossas raízes humanas e culturais.
A articulação do presente, com o futuro e o passado, dá-nos o sentido da vida, olhada com serenidade criativa. Mostra-nos que não somos seres amorfos, perdidos no espaço.
A cultura séria, consistente e operante, do humanismo pleno tem muitas décadas perdidas, levando à decadência dos valores humanos, à erosão do equilíbrio social e à decadência dos povos.
As pessoas capazes precisam entrar em ação, sem mais omissões. Entre um mundo humanista e um mundo tecnocrata, há que haver bom senso e equilíbrio.
Pensamos com a sabedoria popular:
“Não há mal que não se acabe
nem há bem que sempre dure”.
Capítulo 06
FORÇAS MATRICIAIS
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O humanismo multidimensional é a base da vitasofia. Esta se desdobra em propostas transformadoras, tais como a Macrópolis e os projetos educacionais e ecológicos.
Outra base é a cairosofia, que aborda a vivência do tempo: o tempo cronológico e o tempo psicológico.
A morte anunciada das utopias políticas oportunistas exige o despertar das consciências, com um olhar altruísta, para que a vida dos esquecidos e deserdados possa, efetivamente, melhorar, por uma educação séria para todos, e com as necessárias oportunidades.
Uma educação com mais verdade, mais solidariedade e mais justiça social, onde cada pessoa tenha onde e como o seu pão ganhar, honradamente, sem ficar subserviente e dependente de esmolas.
Quem pode precisa ter onde trabalhar, com qualidade e produtividade. Mas que todos saibam que o salário vem da produtividade. Quem o recebe precisa ganhá-lo com seu trabalho. Quem pode trabalhar não pode se omitir, nem exigir o fruto do suor alheio.
Prognosticamos uma sociedade una e plural, culta e sadia, com respeito à vida e à natureza. Uma sociedade com gente consciente, competente e responsável, feita por pessoas de caráter, dotadas, consubstancialmente, de fé, esperança, bom humor e olhar positivo e agregador. Uma sociedade onde caibam até pessoas soturnas, desagregadoras e masoquistas, como contraponto. Todos podem melhorar sua vida, se tiverem oportunidade.
Vitasofia marca um posicionamento sociocultural, como ponta de lança da transformação de toda a sociedade, em todos os seus setores constitutivos e conjunturais.
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A vitasofia articulou e consolidou as reflexões teóricas e as consequências práticas do que venho desenvolvendo há muitos anos.
O espírito que move este texto, provém do fato de seu autor, ter na vida, como Camões: “numa mão a espada (o trabalho) e noutra a pena (a reflexão)”.
Este não é um trabalho de gabinete, um trabalho livresco, como são os trabalhos da maioria dos intelectuais. É um trabalho que nasce da experiência e de acurada vivência, fundida com acurada reflexão.
A vitasofia foi surgindo, amadurecendo e se consolidando, enquanto outros projetos iam desabrochando. Foi criada no trabalho, com suor e dedicação. Não foi um trabalho improvisado. Foi um trabalho pensado com persistente reflexão.
Este é o motivo por que a vitasofia tem um compromisso inseparável com a prática transformadora, que articula a Tetralogia Analítica, baseada na observação, com quatro pilares: pensar, avaliar, agir e compartilhar ou pensamento, sentimento, ação e alteridade.
Penso que grande parte dos pensadores atuais, das três grandes religiões monoteístas, além de Dalai Lama, do budismo, R. Tagore, do bramanismo e muitos outros, são solidários com o modelo de apreciação da vida e do mundo, ou com a visão de mundo aqui formulada. A todos, esta obra pode prestar bons serviços e inspiração.
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Penso que, neste trabalho, aliado a outros, dei um pequeno passo, em nível local, que pode ser um grande passo, na preservação da vida e no novo despertar da humanidade.
Estamos aliados, espiritualmente, a uma imensa plêiade de pensadores e gestores que lutam por idênticos princípios, em outras circunstâncias. Ao fim e ao cabo, todos nos damos as mãos, solidários.
No âmbito destes princípios, nunca estamos sós, ainda que separados por milhares de léguas, no tempo e no espaço.
Desta obra vislumbra-se o mundo, em todos os seus eixos complexos, e em sua pluralidade a instigar, que vai construindo uma unidade conjuntural e substancial.
O leitor é desafiado a cultivar o seu potencial humano e intelectual; a não estacionar à margem de seu caminho.
Os novos tempos que já se vão estruturando, em nova conjuntura, precisam da Vitasofia. Precisam de muitos pensadores humanistas que conduzam a porto seguro a grande Nau da Humanidade.
Faz bem olhar o mundo deste grande miradouro, a VITASOFIA. Traz mais esperanças e vontade de participar. Todos querem legar a seus filhos, e à posteridade, um mundo melhor, mais humano e mais solidário. Se isto conseguirmos, não vivemos em vão.
VITASOFIA
NOVAS PERSPECTIVAS
(26.6.2012). Na vida, somos o que pensamos,
(27.6.2012). somos o que procuramos,
(29.6.2012). somos o que sonhamos,
somos o que fazemos,
somos o que amamos.
Capítulo 07
A ABRAGÊNCIA DO NOVO SISTEMA
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Neste opúsculo propomos reunir e sistematizar os elementos característicos da Vitasofia, cujo foco está no despertar da consciência humana, no seu processo de hominização e humanização; enfim nos desafios da vida.
Vitasofia traduz-se como Arte da vida, ou Sabedoria do viver ou Filosofia da Vida, Arte de viver. É uma reflexão filosófica sobre a vida humana.
Uma palavra-chave é a humanização, ou humanismo em suas múltiplas dimensões. Outras palavras-chave deste trabalho são a pluralidade, a multipolaridade, multilateralidade, o humanismo multidimensional, a unidade substancial, a filosofia e a ética dos valores.
Precisamos humanizar a vida humana. Precisamos humanizar o mundo. Precisamos humanizar o nosso país. Precisamos humanizar a nossa família, a nossa casa, a nossa educação e a nossa cultura ... precisamos humanizar a política, a economia, a governança e as relações dos humanos.
Precisamos contrabalançar a economia, com a humanização.
O mundo dos humanos está sendo coisificado. Alguns querem tudo cronometrar, tudo monetarizar. A matemática e a economia são a prioridade absoluta, para muitos, com o desprestígio do desenvolvimento humano e da cultura.
Os valores éticos e humanistas vão sendo descartados. Precisamos reintegrá-los, para humanizar o nosso desenvolvimento já comprometido.
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Humanizar não é afrouxar. Frouxo é o que aí está, onde vale tudo.
O que vivemos é uma política, uma cultura e uma governança desumana e invertebrada, sem espinha dorsal.
Humanismo é firmeza de ideias, de políticas de decisão e vontade consciente; é fortaleza e coerência, com consciência, dignidade e respeito a todos, sem complexos nem discriminações. É ter espinha dorsal, em suas atitudes, como convém aos humanos.
É a pessoa humana poder e saber ser, saber aprender, saber querer, saber apreciar, saber decidir e saber agir, saber conviver e saber compartilhar, e poder querer tudo isto. A competência do saber e a vontade do querer associados e articulados.
Precisamos recuperar e restaurar o espírito democrático, em nossas relações humanas e no modo de pensar. O que hoje se chama democracia não passa de uma fantasia bem ajambrada. (Mas esta já é outra conversa).
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Redigimos este trabalho para reunir algumas ideias, ainda esparsas, e em processo de amadurecimento. Elas foram surgindo, através dos anos, em diversos trabalhos, convergindo para uma unidade nuclear, na diversidade de manifestações.
Partimos do homem uno e múltiplo, por natureza. Negar a pluralidade é negar a hominidade. Reconhecer esta preposição significa mudar algo: mudar muito.
Aprendemos a respeitar a diversidade, com maturidade.
De antemão devemos afirmar que estes são textos precários no que propõem.
Seria absurdo pretender ser exaustivo ao tratar de temas tão complexos, como a vida e as vivências humanas.
Aqui apenas esboçamos um enquadramento de ideias que o leitor pode aprofundar com suas reflexões.
A mais humana das competências das pessoas é a busca da sabedoria, para além do saber.
Os capítulos deste volume foram sendo escritos, em circunstâncias diversas, ao longo dos últimos três anos. Algumas repetições de frases são inevitáveis. As ideias nucleares vão sendo reiteradas ao longo da obra, enquanto a obra se consolida, tijolo por tijolo. Reiteramos para reafirmar e consolidar conceitos.
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Vitasofia é um sistema aberto de pensamento, quase um sistema de portas e janelas abertas para a vida, abertas para o mundo, para oxigenar as ideias.
Todos sabemos que houve mudanças significativas do modo de ser, de pensar e de agir, das pessoas e das comunidades, nos últimos 50 anos. Um novo mundo vai sendo construído. Todos precisamos participar. Que ninguém se omita. Para novo tempo, novas ideias e novos paradigmas. É o que esboçamos aqui.
Mas não podemos jogar fora a água de lavagem, com as joias dentro.
Dou testemunho do mundo em que vivi e de suas metamorfoses, desde a década de 50 do séc. XX. Testemunhei e vivenciei muitas mudanças de paradigma. A mudança foi assumida, como lei e condição da vida.
Um dos pontos centrais deste trabalho é o Humanismo pleno, global e o esboço de um Código Humanista, como garantia da unidade na diversidade.
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Advertimos, desde já, que os elementos componentes do código humanista não pertencem ao mundo da religião. Pertencem ao mundo do cidadão. É questão de cidadania, há muitos séculos. No entanto, todo o cristão é cidadão, mas não se confundem, na vida social e profissional.
Malgrado isto, elementos do Código Humanista são princípios ensinados também pela ética cristã e reconhecidos por todos os povos e filosofias.
Depois da “revolução” vivida nos últimos 50 anos, isto é ainda mais claro. Até porque, neste tempo, houve perdas e ganhos.
As religiões não estavam preparadas para os abalos das mudanças bruscas de mentalidade e de apreensão da realidade. Estavam muito acomodadas. Mas com as mudanças também veio muita precipitação.
Até o pequeno abalo do Vaticano II a muito surpreendeu.
Mas a luta é a mesma, em todas as eras, entre a luz e a escuridão, passando por meios tons e até pelo lusco-fusco.
Vitasofia, Arte da Vida contrapõe-se à Arte da Guerra (de Sun Tsu). Mas se a guerra defensiva for inevitável, teremos de enfrentá-la, sem covardia. Autodefender-se é dever de todos.
“Um país se faz com homens e livros” disse Monteiro Lobato.
Concordamos: São as boas ideias que constroem uma nação próspera, livre, empreendedora, educada, justa e honrada, com bem-estar para todos.
Então um país se faz com boas ideias, bem arquitetadas. Depois vêm as máquinas e as grandes estratégias.
Boas ideias não se colhem prontas, como os frutos de uma árvore. Precisamos semeá-las e cultivá-las com dedicação.
A vitasofia dá a sua contribuição, faz a sua parte, e continuará fazendo.
Acreditamos que grandes ideias, cheias de vida e esperança são fruto de muita experiência e vivência, de muita ação, muito estudo, alguma inspiração e muita transpiração.
Na vida somos o que pensamos, somos o que amamos, somos o que fazemos, somos o que queremos, somos o que vivenciamos.
Capítulo 08
VALORES ÉTICO-HUMANÍSTICOS
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Partimos do homem uno e múltiplo, por natureza. Negar a pluralidade seria negar a hominização, repetimos.
Poderíamos adotar, como palavra-chave da Vitasofia - Arte da Vida; a Humanização, ou Humanismo, ou hominização.
Destacamos a hominização, por ter subjacente o processo evolutivo: o processo contínuo de mudanças para melhor. A humanização traz consigo a consciência.
Falo para quem quer ouvir, não para filósofos empolados.
Falo para toda a gente que vier “desarmado”, para somar e aprender junto, para dialogar e para energizar o mundo e a vida.
Tenho em vista que estamos num mundo envolto em um processo de decadência, pela perda ou embotamento de suas grandes ideias matriciais.
A natural criatividade vai se estiolando, desfalecendo.
Falo para pessoas que vivem os desafios do dia-a-dia, com suas dúvidas, conflitos, suas certezas e suas incertezas... Pessoas que persistem... buscando novas ou velhas saídas... que não desistem.
Pugnamos pela responsabilidade social, pessoal e coletiva, numa sociedade plural e multidimensional, com unidade essencial, num mundo uno, multilateral e multipolar.
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Aqui não há soluções ou receitas, para nada. Há um processo de reflexão. Ninguém soluciona nada por ninguém. Só a pessoa é capaz de encontrar o caminho que mais lhe apraz e convém. Aqui disponibilizamos algumas coordenadas que podem abrir caminhos.
O diálogo acende luzes. Aqui abrimos o diálogo vital.
Neste estudo de sistematização, esboço um ponto de referência, para mim mesmo, e para os leitores.
Num mundo de tantos desmandos, de tanta inconsciência e de tantas atitudes inconsequentes, patentes em todos os tempos, sem deixar de olhar as mazelas sociais, pelo canto dos olhos, prefiro aqui, olhar de frente o potencial positivo da humanidade.
Bem sabemos que se os males humanos se expandem, também a honra, a dignidade e a grandeza se expandem exponencialmente, em grandes ações, por toda a parte, por obra de muitos milhares de pessoas de boa vontade.
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Vai se definindo a característica básica de nosso tempo. Está surgindo, para muitos, a Era da Solidão, alicerçada no egoísmo, no egocentrismo e na indiferença. A nova era assenta raízes nas ruínas do altruísmo e da alteridade, que muitos vão perdendo.
Ainda é uma minoria atuante que adere ao novidadismo, mas estão se expandindo.
Muitas pessoas vão virando peças do sistema e as relações interpessoais vão sendo apenas “profissionais” e ocasionais.
Assim as pessoas vão se isolando e ficando sozinhas. Precisamos restaurar as forças matriciais da humanização: os valores humanistas.
Mas o mundo não está perdido não. São crises de mudança ou de estação...
A grande questão em pauta, na atualidade, é esta: que as escolas ensinem algo mais do que as disciplinas curriculares tradicionais. Que também ensinem valores morais e humanistas.
Que os valores ético-humanísticos sejam ensinados, em programas transversais; que as famílias e as Igrejas também insistam nos valores ético-humanistas, como antes acontecia.
Precisamos investir uma educação permanente, para crianças, jovens, adultos e idosos, pois todos somos responsáveis pela nossa vida, pelo nosso país, pelo nosso mundo e pela humanidade.
Precisamos saber utilizar todos os recursos da educação e de entretenimento digno.
A crise faz bem porque força uma definição. Esta já está chegando. A crise declarada exige novas reflexões. Este é um alto ganho para a humanidade.
É a verdade que liberta
Precisamos descobrir a força da internet, nas relações humanas, em escala mundial.
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Neste trabalho fazemos proposições, celebrando a vida e a esperança.
Em vez de chorarmos pela degradação, já patente, na sociedade, pela insensatez e pela indiferença de muitos, ousemos e abramos novos caminhos e novos espaços, para a justiça, para a honra, para a dignidade e para a solidariedade.
Queremos abrir, e até escancarar as portas da esperança e da motivação. Quero mostrar caminhos e pontes. O caminho, cada um faz o seu...
Compartilhando saberes e reunindo forças, vamos muito mais longe e somos mais eficientes.
Este não é um típico trabalho acadêmico. Nossa preocupação é a vida e não a academia.
“Não aprendemos para a escola, mas para a vida”, já o diz a sabedoria popular.
Procuramos produzir um texto simples e descomplicado.
A vitasofia é um sistema aberto ao pensamento, sem dogmas: um sistema de portas e janelas, abertas para a vida e para o mundo.
Consideramos a vitasofia como uma porta que se abre e não como um limite que barra o caminho, que põe barreiras.
Precisamos saber que, para o bem ou para o mal, nunca estamos sozinhos, nos nossos empreendimentos, nos nossos sonhos, em nossas dúvidas, e nos nossos sofrimentos.
Quem procura, achará.
Capítulo 09
IDEIAS E VIVÊNCIA
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A Vitasofia, inicialmente denominada Globisofia, ou Cosmosofia, nasceu com a missão de ser um novo parâmetro de reflexão, sobre a razão, o sentimento, a ação, e a interação humana, numa perspectiva holística. Enfim, um sistema tetralógico de análise.
O pensamento tetralógico da vitasofia assume o estímulo à confraternização universal, através do conceito de alteridade, como integrante da linha de pensamento que adotamos, rumo à vida solidária, em sociedade.
A alteridade tem, dentro de si, o gérmen da paz e do congraçamento dos povos. As pessoas somente se humanizam, na relação de alteridade.
Na Vitasofia, Arte da Vida, articulamos dez ícones que alicerçam as ideias básicas: a humanização, o humanismo multidimensional, o tempo (Cronos e Cairós), Tetralogia Analítica, o Pacto Humanista Global, o Código Social Humanista, o Humanismo Global os Valores socioculturais, o Quadro de Referências, Decálogo Humanista, Macrópolis. Estas são forças matriciais da Vitasofia.
Uma das bases da Vitasofia é a consideração da vivência do tempo, nas duas modalidades, a que chamamos: cronos e cairós.
Cairosofia é: a sabedoria da vivência do tempo, articulando o cairós e o cronos.
Cairosofia vem da dicotomia grega Kairós/Kronos: o tempo cronológico e o tempo psicológico, como duas faces da vivência humana. É a questão da quantidade e da qualidade que perpassam toda a existência e vivência humanas, com a consciência.
A cairosofia, a arte de vivência do tempo. Está na base, da vitasofia.
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A Vitasofia tem em vista articular ideias, que levem à transformação, com melhorias contínuas, na vida da sociedade, numa perspectiva pessoal (centrado na pessoa) e articulado com a comunidade.
Quem quer ajudar a mudar o mundo para melhor, comece por mudar a sua vida pessoal, mudando sua apreensão da vida e do mundo. Faz bem à mente e à razão.
Pensamos e propomos o que os outros devem fazer, mas raramente pensamos em delimitar o que nós mesmos podemos e devemos fazer.
Queremos usufruir do que os outros fazem (?!).
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Daí o novo par opositivo de Macrópolis, a “cidade” que queremos, com qualidade de vida, e a Megalópolis, a cidade que temos, em quantidade e diversidade de modos de vida e de pessoas, em toda a complexidade dos aglomerados humanos.
A Vitasofia tem, no seu bojo, algo de filosofia, de antropologia, de psicologia e até uma pitada de sociologia, além de alguma espiritualidade, articulando tudo.
Acreditamos que possa haver uma vitasofia cristã, outra islâmica, outra judaica, outra budista, etc. Mas entre elas haverá sempre mais elementos que as unem, do que elementos que as separem.
O cerne da vitasofia é agregador e nunca desagregador. Quer estimular as forças positivas da vida e do mundo: unir e não separar; somar e não dividir; acrescentar e não diminuir.
A vitasofia não quer ensinar filosofia; quer, antes, ensinar a pensar, articulando o saber, o mundo e a vida. Aprender a pensar é buscar a consciência; o conhecer a si mesmo; o aprender a viver. Mas isto também é filosofar...
A filosofia não quer apenas explicar o mundo e a vida. A grande missão da filosofia é ajudar a transformar a mundo e a vida, a partir da autoconsciência.
A Vitasofia quer ser um caminho para encontrar a sabedoria do bem-viver. Tem a marca da pluralidade. Articula-se através de diversas dicotomias.
A Vitasofia quer criar mais prosperidade sustentável, com dignidade, solidariedade bem-estar.
Capítulo 10
PENSAR TRAZ RESPONSABILIDADE
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Procuramos desenvolver os temas básicos da Vitasofia, com muita cautela e prudência, sabendo que trabalhamos numa área minada. Os predadores estão em constante investida para garantir o seu espaço, sem embaraços e sem estudar. Como o claro e o escuro, seguem a disputa, sem acordos possíveis.
Pensar é arriscado. Falar sem repetir outros é ousadia.
Felizmente ninguém ainda decretou o monopólio do pensar, embora sempre haja alguns aloprados que tentam repelir invasão de domínio, como fizeram com Sócrates, no ano 427 a.C.
Mas se alguém quiser fechar a boca de quem pensa, as pedras gritarão...
Viver é gratificante.
Pensar é deslumbrante.
Pensar envolve responsabilidade. As pessoas livres são as que sabem ser, pensar, decidir e expor as próprias ideias, com coragem e responsabilidade.
Sim, porque pensar e dizer envolve responsabilidade.
Muitos são adeptos do pensamento único, sem pluralidade, para prevenir o diálogo. A direita quer pensamento único de direita; esquerda quer pensamento único de esquerda; centro quer pensamento único de centro.
Todos querem impor os próprios dogmas, sem contestação.
O humanismo quer um mundo aberto e diverso, sem donos da verdade, sem tutores da opinião geral.
Ninguém pode ser proibido de pensar, de sentir nem de prosperar. O humanismo não se dobra à corrupção.
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É forçoso reconhecer os grandes monumentos de saber e até de sabedoria, produzidos através dos séculos. Mas reconheçamos que o saber continua como uma obra inacabada: um novo livro aberto à cooperação de todos.
Pensar é como um grande rio: não pode secar, pois dele se alimentam cidades e campos, e milhões de pessoas dele dependem para viver, com qualidade, justiça e liberdade.
Dos formadores/influenciadores da opinião pública, no Brasil, os que têm espaço na TV, nos jornais e nas revistas, os professores universitários, talvez 90% siga rumo idêntico ao aqui adotado, se com ele se depararem. Os restantes 10% dos formadores de opinião são a chamada minoria acomodados. Muitos erigiram como dever, o culto à inteligência. A população em geral são a maioria silenciosa ou silenciada.
Destes, 30% são a minoria esclarecida e 50% da maioria alienada. No seu inconsciente ou no subconsciente estão, tacitamente, na vitasofia, buscando a arte do viver, no seu dia-a-dia. Os parâmetros da vitasofia, a todos servem e abrem portas à consciência e à autorrealização.
São as pessoas que podem mudar a vida para melhor.
Argumento, com argumento se rebate.
Falo tranquilamente, do que penso, sinto e tento vivenciar.
Aqui dou minha opinião, em assuntos que consideramos vitais.
O escopo essencial desta obra é contribuir para oxigenar o mundo e a vida ...
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Não esquecemos que "viver é lutar".
“A vida é luta renhida/
que os fracos abate/
e os fortes, os bravos/
só pode exaltar",
como ensina o nosso poeta Gonçalves Dias.
Na Vitasofia há muitas ousadias a que alguém pode dar continuidade. A Vitasofia também é um espaço aberto. É uma articulação de elementos dispersos mas vitais.
Este é, essencialmente, um trabalho propositivo.
Mas não podemos fechar os olhos e deixar de deplorar tanta insensatez, tanta corrupção e tanto sofrimento pelo mundo afora, nem a depredação, a degradação e o sério comprometimento do hábitat humano.
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Reiteramos que este trabalho é um esboço. Não é obra acabada.
É obra em construção, pedindo novas e acuradas reflexões.
Temos compromisso com a razão e com a vida. Junte-se a nós.
A vida não é simples, nem é fácil. Nunca foi e nunca será.
Viver também se aprende. Viver já é um aprendizado natural.
Precisamos sentir sua complexidade, para dar alguma possível contribuição. Precisamos viver atentos, vigilantes e com humildade, como Sócrates. Não podemos deixar de refletir:
“Quanto mais sei, mais sei que nada sei”.
Como ninguém detêm, como privilégio, o monopólio da verdade e do saber e do pensar, sentimo-nos no dever de lançar um novo olhar sobre a humanidade, e de propor novas abordagens e novas reflexões, em busca de novos caminhos e novas soluções, para dar novos rumos à vida e reduzir a ação dos predadores incautos.
Nota: Neste trabalho cita-se o Evangelho, com a mesma maturidade com que se citamos ou poderíamos citar Sócrates, Sêneca ou outros autores, clássicos ou modernos, sem o mínimo de constrangimento, com todo o respeito.
Vitasofia – A Arte da Vida
PARTE – 3
CAMINHOS PERENES. NOVOS CAMINHOS
VITASOFIA, UM NOVO PARADIGMA
Capítulo 11. Novo Parâmetro de Reflexão.
Capítulo 12. Vitasofia, na Travessia da Vida.
Capítulo 13. Ideias que Movem Mundos.
NOVOS PARADIGMAS PARA NOVA VIDA.
Capítulo 14. Extensa Rede de Relações.
Capítulo 15.Portas Abertas da Vitasofia.
Capítulo 16. Novo Paradigma e Nova Mentalidade.
VITASOFIA – UM NOVO PARADIGMA
Capítulo 11
NOVO PARÂMETRO DE REFLEXÃO
(24-04-12).
(16.8.2012).
“Dêem-me um ponto de apoio
e, com uma alavanca eu moverei
o mundo”. Arquimedes
1
Gênese de um Método
A Vitosofia, inicialmente chamada Cosmosofia e Globisofia, foi amadurecendo e se formatando, ao longo de muitos anos de reflexão, em diversos parâmetros. Foi se consolidando, a partir de estudos de filosofia, de semiótica, linguística, literatura, poesia e artes. Passou por grandes empreendimentos educacionais.
Passou por minha atuação no magistério da Universidade de São Paulo e em outras Instituições.
Passou também pela gestão de projetos universitários, onde busquei sempre um modelo humanista inovador, transformador e articulador de valores, com novos paradigmas, com foco no aluno, no mercado de trabalho e nos valores da nação e da humanidade.
A afirmação de F. Saussure “na língua tudo se relaciona” foi uma frase inspiradora, junto com alguns capítulos de linguística e da semiótica. Daí saiu a descoberta de uma nova apreensão: “Na vida, tudo se relaciona”.
Enfim, a Vitasofia atua pela consciência humana, com sabedoria, contra a alienação, para superar a indiferença a até a apatia que marca o nosso tempo.
Penso que educação e aprendizagem é muito mais do aprender as disciplinas formais curriculares.
As pessoas quando algo não vai bem, reagem com embaraço: “não quero nem pensar”, reagem...
Isto é: enterram a cabeça na areia.
A Vitasofia segue caminho inverso: “Vamos pensar? Talvez surja uma saída, um caminho”.
Procuremos alternativas. Não podemos desistir. Precisamos acionar nossa versatilidade.
A complexidade moderna exige versatilidade, para atingirmos os nossos objetivos e os nossos sonhos.
Precisamos pensar sem censuras; pensar sem fronteiras e sem barreiras. Mas se barreiras houver, vamos contorná-las; não vamos desistir. É melhor errar do que se omitir. Quem pode errar pode se corrigir e adiante acertar, se a boa vontade presidir. Nossa versatilidade mostra as saídas.
2
O Tempo e o Ser
Nunca tive intenção de elaborar um novo sistema de abordagem filosófica, como a Vitasofia, uma janela para captar a filosofia da vida e do mundo. As ideias foram amadurecendo e se impondo. Quando me dei conta, vi surgir algo estruturado, que poderia ser útil a quem quisesse abordar a realidade da vida como ela é, sem viseiras e nem muros, de portas e janelas abertas para a luz. Uma filosofia sem dogmas, mas com lógica existencial e humana.
O Tempo, como algo contínuo e irreversível chamou-me a atenção, por ser uma categoria universal, a que os humanos podem agregar valores substanciais.
A ideia da Vitasofia andou rondando meus pensamentos, por muitos anos, sem intenção real de formatar a ideia, a ponto de poder servir a outros. Queria apenas algo que garantisse a lógica e a segurança teórico-prática das ideias, pelas quais pugnava. Pensava só nas ideias, quando percebi que desenvolvera algo mais do que ideias: Criara um novo modelo para estruturá-las e articulá-las.
Aprendi, com Sócrates, a me preocupar mais com a consciência do homem, e com sua essência e suas existência, do que focar a razão de ser, da existência e origem do mundo, e com suas causas e efeitos. Precisamos fazer uma coisa sem nos descuidar da outra.
É apenas questão de prioridade e de foco.
No momento em que pude me debruçar, mais detidamente, na organização de meus escritos e de meus projetos, para, eventualmente prestar algum serviço ao desenvolvimento dos conhecimentos humanos, em novas coordenadas, e com novos parâmetros, voltou a ideia de nova sistematização, com quatro pilares de sustentação, formando a Tetralogia Analítica, como base de análise, articuladoras de ideias, centradas na alteridade.
Este não é apenas um trabalho teórico, mas uma proposta teórica prática, que vejo como o ponto de apoio de Arquimedes:
“Dêm-me um ponto de apoio, e, com uma alavanca, eu moverei o mundo”.
3
Valores do Código Humanista
Os intelectuais, na atualidade, envergonham-se de falar de Deus e do cristianismo. Não é assunto da moda, depois da proclamação da “morte de Deus”. Falar de Deus parece não ser politicamente correto, se não envolver altos lucros (?!). Este paradoxo é estranho, pois Deus está fora dessa questão… Deus está em outra dimensão.
Reparem que Sócrates, em sua Defesa, no Fórum de Atenas, falou de deus com muito respeito. Dos deuses da Grécia. É Sócrates foi certamente, o maior intelectual de todos os tempos.
Estamos na era Cristã e num país 90% Cristão. Não temos que nos envergonhar do cristianismo, que tanto fez por este país, nem das outras religiões. Só temos de nos envergonhar das mazelas de nosso país e da corrupção que está à solta. Devemos nos envergonhar dos que fazem do cristianismo um negócio, do explorador da boa fé dos cristãos. Deus não está aí.
Ao falar de valores humanistas, como dignidade humana, justiça e lealdade, estamos defendendo os grandes valores humanos do cidadão.
Não é uma questão específica de numa religião. O Código Humanista vem-nos da antiguidade e faz parte da essência da pessoa humana, como ser consciente e responsável. O Evangelho priorizou esses valores. Não os esqueceu.
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Articulação de Novas Forças Matriciais
Ensina, em diversos momentos, pude me deter na ideia do novo sistema, até perceber a força que aí se gerava. Percebi, então, que não me poderia esquivar de elaborar e ordenar estes conceitos que considero forças matriciais, capazes de contribuir para consolidar um novo tempo, que é o que buscam todas as pessoas de boa vontade.
A Tetralogia, com seus quatro pilares (a observação, o pensamento, a ação e a interação), por sua universidade natural, de onde parte a organização das ideias e práticas, numa sociedade mundializada (uma “praça universal”) levou-me à ideia de dar-lhe um nome, um marco. Surgiu então a Globisofia ou a Sabedoria globalizada, onde tudo se relaciona. Ou Sabedoria Global. Por algum tempo o nome cosmosofia também me ocupou, pedindo espaço. Mas as reflexões seguiram outro rumo, independentemente de mim.
Finalmente decidi-me pelo nome Vitasofia. Este neologismo dá mais conta das ideias que pretendo formatar: a sabedoria da vida ou a Arte da vida.
Penso que, no sistema educacional, os temas saídos do Código Cívico Humanista devem ser desenvolvidos, em temas transversais, obrigatórios, com formato vivencial.
Capítulo 12
VITASOFIA, NA
TRAVESSIA DA VIDA
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Descoberta da Vitasofia
O nome final da Vitosofia surgiu, espontâneo, no percurso das reflexões. Chegou e ficou: Vitasofia, a Arte da vida.
A Vitasofia nasceu com oito pilares básicos que considero muito consistentes, e capazes de abrir novos espaços, ao nosso olhar sobre a vida: O humanismo Multidimensional; O Tempo-cronos/cairós; o Movimento Alfa-Ômega; a Tetralogia Analíticas; o Quadro de Referências; o Decálogo Humanista; o Pacto Humanista; a Macropólis; o Código Humanista. Seguiram-se outros pilares articuladores.
Ao estudar a dicotomia do aproveitamento do tempo, pelos humanos, descrito como Kronos e Kairós, na filosofia Grega, novas luzes desabrocharam. Dei destaque a esta dicotomia.
O Kronos é descrito como: o tempo cronológico, sequencial e irredutível; Kairós é o tempo psicológico, de ritmo livre. Considerei estes conceitos como básicos, no mundo globalizado, que privilegia o Kronos, por ser o tempo da produtividade.
Vi que a articulação de Kronos e Kairós na vida real, assumidos como intercomplementares, em interação mútua, seria uma chave para a humanização da sociedade, reunindo produção (Kronos) e fruição (Kairós). Denominei então o novo sistema de pensar, como Cairosofia, no contexto da Vitasofia.
Cairosofia recupera o Cairós; propõe a articulação do Cronos e do Cairós, sem que um conceito exclua o outro. Conforme a opção de vida da pessoa, pode dar-se mais tempo ao Cronos que ao Cairós. O inverso também ocorre. O que não é possível é a exclusão de um ou do outro, sem produzir desequilíbrio...
Senti alto potencial humanista, nesta dicotomia. Outras forças impactantes surgiram, na minha frente, ao formular os demais pilares da Vitasofia Humanista.
O Humanismo Multidimensional, o Código Humanista, a Macrópolis e o Quadro de Referências são outros pilares que abrem caminhos. São pilares inspiradores e animadores.
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Sistematização de Ideias Universais
A ideia é que para viver e ser humanamente feliz, com qualidade de vida e bem-estar, e até para mais produzir, com quantidade e qualidade, a pessoa precisa saber desfrutar e fruir a vida. Precisa ter condições de ganhar o seu pão e o dos seus, com o suor do próprio rosto.
Todos precisam querer e saber participar, com a própria inteligência e com os próprios braços, da construção de um mundo melhor para todos.
Na Vitasofia, o trabalho é honroso e engrandece a pessoa. Trabalho não é castigo, como alguns o qualificam. Por isto reunimos o Kronos e o Kairós, como partes integrantes da vida consciente, aliadas das múltiplas dimensões do humanismo.
Para englobar a vivência do mundo, além do tempo, e para dinamizar a filosofia de vida, ou a nova cosmovisão tetralógica, surgiu a palavra Vitasofia.
Indo mais fundo na questão, percebi que formatei ideias que vão germinando e desabrochando, por toda a parte, tropeçando aqui e acolá. Então são ideias Universais. Nova é apenas a formatação e as circunstâncias.
Mas paradoxalmente, há muita gente, nos meios de comunicação, remando contra a corrente e degradando a vida. Atende a outros interesses...
Muitos dos depredadores vão se tornando celebridades bufas e tacanhas.
O escândalo atrai mais a atenção da opinião pública e dá mais “Ibope” Dá mais “lucro”... num contexto em que muitos apenas querem levar vantagens pessoais, a qualquer preço.
Vi, então, que a Vitasofia é apenas a elaboração e sistematização de ideias, com milhões de adeptos, esparsos e mutuamente desconhecidos...
Vitasofia é a proposta de uma grande síntese de algumas linhas mestra do pensamento moderno, mais consciente e mais construtivo. É um núcleo de ideias em expansão, buscando seu lugar, num imenso cipoal.
A vitasofia dá seu contributo a todo esse imenso mundo de ideias construtivas, às vezes esparsas.
Penso que a Vitasofia pode ajudar a abrir caminhos...
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O Modelo Tetralógico
Penso que milhões de pessoas aguardam esta formatação de ideias, que está na cabeça de muitos.
A Vitasofia propõe um modelo Tetralógico de organização da análise da vida e do mundo, a partir de quatro conceitos básicos e germinais, privilegiando a pessoa humana consciente, em sua totalidade bio-psicológica: o homo faber, o homo sapiens e o homo gregarius (?!). Aliás, devo dizer que foi a Tetralogia Analítica que criou a Vitasofia, a partir de seu quarto pilar: a alteridade.
Os quatros pilares da tetralogia são: razão, sentimento, ação e alteridade, ou pensar, apreciar, agir e compartilhar.
O modelo Tetralógico, que interpreta a ação do homem consciente, no mundo, é um modelo abstrato, como todos os modelos teóricos. O modelo teórico germinal do pensamento é dicotômico /binário: suporte e aporte. [Ex.: Pedro estuda: (o -> )].
Penso na Vitasofia como um barco seguro, para quem quer fazer a arriscada mas a empolgante travessia da vida; para quem quer fazer a travessia do caminho das índias, que é o próprio mundo interior.
Saibamos que as boas ideias pertencem à humanidade.
A ciência é uma só, mas a inspiração para formatá-la surge quando menos se espera, geralmente de uma cabeça atenta, preocupada e focada, consequência de muito estudo e dedicação. Surge como uma premiação.
Capítulo 13
IDEIAS QUE MOVEM MUNDOS
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Nova Síntese Global
A Vitasofia passa a se posicionar ao lado de outros sistemas ideológicos, com outras perspectivas, que se multiplicam, em nosso mundo plural. Penso que a diversidade, sincera e leal, sem falcatruas, pode levar a uma nova síntese global, capaz de trazer mais justiça e bem-estar a todos os povos, em todas as classes sociais. Isto, logicamente, dentro da expectativa de que “ideias movem mundos”.
Não ideias soltas precipitadas. Mas ideias pensadas, trabalhadas, experimentadas, suadas, questionadas, amadas e respeitáveis.
Substituímos a Arte da Guerra, pela Arte da Vida.
Afinal, penso que toda a filosofia e toda a ciência devem ter, por meta, a difusão de conhecimentos e atitudes que possam trazer melhorias contínuas às pessoas, ajudando a construir um mundo, com mais consciência, dignidade e bem-estar.
Considerei boas e úteis estas ideias e nelas investi. Sobre elas me debrucei. Para formatá-las, vou fazendo alguns esboços. Não penso em elaborar um tratado de sistematização. Essa tarefa outros que a tomem. São ideias em processo de maturação. A base Tetralógica da nova filosofia dá-lhe plena consistência, onde o quarto pilar, a alteridade, leva à permanente revitalização. Alavanca o processo.
Vitasofia, a Arte da Vida é, antes de tudo, uma ideia germinal; uma ideia matricial que pode dar bons frutos.
Alguns, como sempre, logo aparecerão para criticar às ideias força da “Vitasofia”. Críticas positivas serão sempre bem-vindas, mas virão também as críticas negativas: não há trigal sem cizânia. O que nos importa é que a ideia cresça e, como boa árvore, dê bons frutos.
As críticas ajudarão a consolidá-la e a divulgá-las. Positivas ou negativas desde que sejam respeitosas, todas as criticas somam e enriquecem.
Não sei o que é mais fácil: se elaborar e produzir ideias ou aplicá-las, na vida prática.
Só sei que, sem boas ideias, bem articuladas, todo o planejamento e investimento leva ao nada.
Nas ideias que aqui exponho estão embutidos mais de 50 anos de estudo, experiência e de ação, com muito suor e emoção.
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A Cosmosofia, Globisofia e Vitasofia
A Cosmosofia, a Globisofia e a Vitasofia são formas diferentes de encarar e procurar entender uma organização de ideias.
A Cosmosofia enfoca o mundo, a partir da significação da palavra cosmos, em grego, com o conceito de harmonia universal; o universo ordenado por leis reguladoras; ordem de convivência, ordem mundial, beleza.
Cosmos opõe-se ao caos. Está na base do conceito de cosmovisão.
Globisofia traz o conceito de global de totalidade, de inteiro, onde nada falta, integral, completo. Opõe-se a parcial. Traz ainda o conceito de globalização que leva à “aldeia global” ou à “praça universal” de Vieira.
Vitasofia parte de um conceito abstrato: a forma de vivenciar o tempo, na perspectiva da autossustentabilidade e da autorrealização da pessoa humana, na sua realidade total: o físico, o psíquico e o espiritual; o social e o individual.
As noções dos três nomes se integram, numa mesma perspectiva da humanização.
Bem sabemos que o significado das palavras signos são sempre arbitrários e não necessários, mas podem ser motivados por opções que o termo nos propõe.
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Vitasofia Aplicada
A Vitasofia é uma plataforma teórica, de onde olhamos o mundo, com olhar transformador e regenerador, em busca de um mundo melhor para todos, sem golpes, sem falcatruas e sem burlas, dissolvendo conflitos e incongruências e harmonizando paradoxos; diluindo as trevas com a luz; acalmando a tempestade com a bonança.
Tiramos da Vitasofia algumas linhas e alguns fios condutores que possam provocar, aqui e acolá, um novo amanhecer, para a sociedade, para um presente e um futuro melhor.
Deste olhar Vitasófico, elaboramos algumas plataformas de atuação:
O Movimento “Humanismo Multidimensional”.
O Código Social Humanista.
O Pacto Humanista Global.
Sistema Abaeté de Educação.
O Movimento Macrópolis.
O projeto Paideia.
O Decálogo Humanista.
O Movimento Alfa-Ômega.
O projeto “Universidade Alfa”.
O projeto “Educação Viva a Ativa”.
NOVOS PARADIGMAS PARA NOVA VIDA
(23.6.2012).
(23.7.2012).
= Uma Síntese =
“Nada do que é humano me é estranho”
(Terêncio).
Capítulo 14
EXTENSA REDE DE RELAÇÕES
1
Vitasofia – A Arte da Vida abrange uma extensa rede de referências, que passam pelas Ciências Humanas, pela literatura, pela religião, pela política e pela cultura geral. Baseia seus posicionamentos na Tetralogia Analítica, - a Razão, o Sentimento, a Ação e a Alteridade. Propõe a harmonia da Razão e da Emoção visando o equilíbrio emocional, mental, espiritual e social da pessoa. Propõe o equilíbrio da Ação e da Alteridade, visando a superação do egoísmo e do egocentrismo, visando criar pessoas livres e independentes e, ao mesmo tempo, solidárias, altruístas e generosas: pessoas participativas e criativas.
Assim teríamos uma sociedade de pessoas conscientes, competentes e responsáveis, capazes de articular o eu com o outro; capazes de compartilhar o ter e o ser; capazes de contribuir para uma sociedade mais livre e produtiva; capazes de construir uma nação com bem-estar e qualidade de vida para todos.
Meu intento é que estes textos possam inspirar e motivar as pessoas, para ajudarem a construir um mundo melhor para todos.
A Vitasofia – Arte da Vida, procura articular as forças, competências e habilidades humanas, em nível intelectual, moral, espiritual e na prática da vida cotidiana. Articula o ser e o parecer.
As forças da razão e do sentimento precisam ser reequilibradas, harmonizadas e otimizadas.
2
Aqui procuramos definir as coordenadas, de princípios e ideias, que possam conduzir a um novo modelo de vida humana e de desenvolvimento, com fundamentos filosóficos, culturais, políticos e econômicos. Um modelo, onde a filosofia, a cultura, a educação plena e o desenvolvimento humano tenham pleno apoio do desenvolvimento econômico e onde o desenvolvimento econômico sadio possa ter pleno apoio e respeito da cultura e ao desenvolvimento humano.
Queremos que a Vitasofia seja levada à prática, a partir da mente e dos sentimentos das pessoas.
Queremos que a vitasofia coopere com a formação de nova mentalidade, em novos e mais humanas e eficazes perspectivas, com paradigmas mais humanos e mais produtivos que não leve a ações predatórias.
Queremos unir forças, com todas as pessoas de boa vontade, que, pelo mundo afora, lutem por um novo paradigma teórico-prático que recoloque a ciência, a cultura e o desenvolvimento econômico e humano, no rumo de uma sociedade solidária, com qualidade de vida para todos.
Cremos que esta é uma utopia desejável e realizável.
Aqui damos mais destaque ao desenvolvimento humano, que é o lado essencial, por muitos esquecido.
É o lado essencial, que se articula com um novo desenvolvimento econômico, autossustentável que preserve a natureza, em moldes dignos e racionais.
3
Pugnamos por uma nova visão de mundo, que se consolide em nova educação, nova cultura, nova política, novo desenvolvimento urbano e rural, que leve a uma sociedade mais humana e mais sadia, com mais bem-estar.
Pensamos que o atual modelo de desenvolvimento é predatório, em suas bases e em seus resultados nefastos. Deve ser reequacionado, por ser insustentável.
É hora de inovação, com saber e sabedoria.
Devemos buscar novos paradigmas de desenvolvimento econômico e social.
Falar deste assunto palpitante é um grande desafio e uma grande oportunidade de interagir com a sociedade.
A educação, enquanto precisa formar pessoas cientificamente competentes e profissionais eficientes, precisa formar cidadãos dedicados, solidários, éticos, respeitadores da dignidade humana, da natureza e do bem comum.
O desenvolvimento econômico e o desenvolvimento humano precisa se desenvolver em paralelo, dentro dos objetivos nacionais e universais.
4
Proponho, subjacente ao texto, discretamente, um novo modelo, um novo paradigma de apreensão e de vivência da filosofia, da religião, da política e das relações humanas, que é apenas um dos desdobramentos do que aqui exponho. Proponho uma economia solidária e justa, marcada pela alteridade. Proponho as forças matriciais de um novo amanhecer.
O nosso paradigma, entre outras exigências, quer que as pessoas, as instituições e as nações vençam o egocentrismo e deixem de impor às demais os interesses próprios, como se fossem interesses universais.
É legítimo e necessário defender interesses próprios, específicos. No entanto, que se respeitem e sejam apoiados os interesses coletivos, que a todos beneficiam e protegem. Cada um cuide do que é seu. Que todos cuidem do que é de todos, sem golpismos. Que a solidariedade vença o egoísmo.
Capítulo 15
PORTAS ABERTAS DA VITASOFIA
5
Penso que a filosofia, ao penetrar fundo, nas forças da mente, onde pode se deparar com os requintes da sabedoria, toca as fímbrias do manto de uma espiritualidade que a enleva, como parte do desenvolvimento humano integral.
A filosofia, a poesia e a espiritualidade são irmãs gêmeas. São emanações da vida.
No entanto, cada uma tem o próprio encanto e o próprio modo de vida.
O racionalismo moderno quis confinar tudo, no mundo da razão e perdeu-se em seus complexos. Impediu muitas gerações de verem o outro lado do pensamento, para além da razão.
A espiritualidade precisa fazer parte da educação integral das pessoas, sem dogmatismos, que são vedados na filosofia.
Nosso tempo está desenterrando essa outra face, escondida na poeira do tempo.
O mundo racionalista é um mundo castrado e castrador, um mundo triste, com algo de estéril. O sentimento fecunda a razão e faz surgir nova vida. O sentimento é o outro lado complementar da razão.
A razão, só e isolada, cria um mundo mal humorado, arrogante e até insensato: um mundo da incerteza, que afeta as decisões e as ações das pessoas. Mas esse mundo já vai sendo superado, pelo império da diversidade, fortalecendo a unidade. Este é o autêntico espírito humano.
O humanismo pleno é a base da vitasofia.
O humanismo pleno é a grande força capaz de levar à realização plena do ser humano, através de políticas adequadas.
A vitasofia traz-nos um mundo de portas abertas às pessoas de boa vontade.
6
Todos precisamos assumir nosso papel, na definição de um mundo melhor e mais equilibrado, nas relações da racionalidade, dos sentimentos, da ação e da alteridade.
Se temos princípios e valores essenciais a cultivar, precisamos adequar nossa ação às novas circunstâncias, para as quais não podemos fechar os olhos e a razão.
A renovação constante é essencial. As estruturas, que se tornaram obsoletas, precisam ser, naturalmente, descartadas, substituídas ou renovadas. A mudança é condição essencial da vida, no mundo.
Precisamos saber distinguir o que é circunstancial do que é perene.
Neste sentido acredito que o sincero, leal e respeitoso debate de ideias, eventualmente antagônicas, é uma atitude sadia e salutar que não deixa as instituições se estagnarem ou se anularem ou degenerarem. O essencial é ser fiel aos princípios básicos e ao bem comum.
Saber que ninguém tem o monopólio da verdade. Juntos vâmo-la construindo e descobrindo, em suas múltiplas facetas.
7
Precisamos saber viver, com sabedoria e responsabilidade, o eterno paradoxo, do perene e do transitório.
Não podemos nos isolar, na periferia da sabedoria, do conhecimento e da dinâmica social, no que ela tem de melhor. Precisamos ter a maturidade e a lucidez necessárias para transitar, livre e criativamente, entre o centro e a periferia das civilizações e das ideias.
Num mundo conturbado, envolto em fraudes, e até de pessoas de boa vontade, nas ideologias da esquerda, da direita ou do centro, precisamos saber garimpar os eventuais pontos de verdade, de seriedade, coerência e sustentabilidade do que as pessoas dizem, pensam e fazem. Acima das posições ideológicas, o que vale é a pessoa e sua credibilidade: suas credenciais.
8
No nosso mundo, multiforme e plural, a diversidade de conceitos, competências, habilidades e modos de ser e de viver, estimulam todas as pessoas de boa vontade a um diálogo franco, sereno e permanente, para cada um se conhecer, como é e como pensa, com plena transparência e sinceridade. Um diálogo autêntico, de acolhimento, sem preconceitos, aceitando a diversidade e a diferença.
O Diálogo franco e sereno é um dos maiores desafios a todas as filosofias, a todas as grandes religiões, do ocidente e do oriente, e a todas as instituições culturais, políticas e econômicas. Precisamos saber distinguir o permanente, do transitório e circunstancial.
O mundo dos humanos é cheio de paradoxos.
O que alguns chamam de “diálogo” não passa de um monólogo autoritário e prepotente.
9
Vivemos num mundo, numa sociedade e em vidas multidimensionais, mas alguns teima em tratá-las como unidimensionais, para garantirem sua “autoridade” e talvez seu pretenso monopólio da “verdade”.
Alguns falam de democracia e praticam a tirania, em suas relações sociais mais simples. Precisamos aprender o caminho que leva à amenização de alguns destes paradoxos, que, aliás, fazem parta da condição humana.
Num diálogo leal e sereno, todos temos muito a aprender e a compartilhar, uns com os outros.
No entanto, muitas vezes o que as pessoas dizem e o que pensam estão em relação de disjunção. São manifestações para a plateia, no palco da vida. Não falam o que pensam mas o que lhes pode trazer alguma vantagem. Há muita gente mascarada. Muitos são caçadores, em asas de passarinhos ...
Precisamos saber e querer tirar a máscara que, para alguns, já está pegada à cara ...
Desperdiçamos muitas forças, combatendo-nos ou refutando-nos, em polêmicas inúteis, muitas vezes autoritárias e tirânicas.
Ninguém tem o monopólio de nenhuma verdade. Ninguém, nessa terra de humanos, está livre de eventuais erros ou equívocos, muitas vezes involuntários e inconscientes.
Capítulo 16
NOVO PARADIGMA E NOVA MENTALIDADE
10
Chegam a ser sedutores os rumos que as minhas reflexões me revelaram, e aqui fui manifestando. Sinto-me gratificado pelas perspectivas que a sabedoria me revelou.
Precisamos, sim, com sabedoria e responsabilidade, mudar de mentalidade, abandonar nossos preconceitos; mudar nossos paradigmas de vida, de desenvolvimento e de educação, de produtividade e de consumo.
Precisamos apreender o nosso mundo complexo e multidimensional; o mundo real.
Deste mirante da Vitasofia vejo um mundo mais belo, mais fértil e até deslumbrante e sedutor; um mundo onde todos, solidários, querem construir um mundo melhor.
Faz bem pensar e desenvolver as forças vitais de nossa mente. Essas são as forças que podem abrir as portas de um mundo melhor, e mais consistente e solidário, sem fechar espaços às pessoas de boa vontade.
11
Para haver serenidade e lealdade a princípios e à ética, precisamos exorcizar e esquecer as mágoas ou equívocos do passado, focando o que esse passado nos legou de melhor. Quem esquece o passado fica desenraizado e enfraquecido.
As pessoas de hoje não podem responder, por eventuais equívocos do passado mas podem aprender as lições de vida e os benefícios que herdaram.
Quem não respeita a história passará pela vida sem viver. Vivamos o presente, voltados para o futuro.
Celebramos o passado para preparar o futuro.
As pessoas pensam e se preocupam em amealhar bens para o futuro e esquecem de viver o presente; ou simplesmente esquecem-se de viver.
Devemos saber aprender as lições do passado e preparar o futuro, vivendo intensamente a vida, que é o presente.
Preparar o futuro sem viver o presente é atitude de néscios. É nem ter presente nem futuro.
Afinal, o que é o futuro senão o prolongamento do presente, em novas e sucessivas etapas?!
Cada um responda pelo seu presente, que é onde se manifestam as forças e fraquezas de cada filosofia, de cada religião e de cada instituição social, de cada pessoa. Cada um assuma a sua responsabilidade.
Quem não sabe viver e desfrutar do presente não terá futuro. A vida é um presente contínuo. Só vivemos esse presente eterno, se soubermos viver.
Sem uma atitude leal e sincera de acolhimento mútuo, não há diálogo construtivo e revitalizante.
12
Só unidos, solidariamente, poderemos contribuir para sanar as feridas e equívocos de nosso tempo; para sanar as insanidades.
Todos sabemos que, ao lado de estupendo vigor de uma espiritualidade livre, que se expande, nosso mundo vai sendo atravessado por um niilismo avassalador, inquietante e impotente que leva ao nada, ao pânico, à inquietação e à insegurança sem esperança.
Pensamos que a espiritualidade, como a razão, é algo essencial ao coração humano, embora, muitas vezes, esteja repleto de inconsistências e dúvidas.
Para efetivamente mudarmos o paradigma do desenvolvimento e da educação, não basta falar e querer; é preciso ter saber e competência com muita sabedoria, para saber e decidir os princípios e valores humanistas e a ética que sustenta o novo paradigma.
Nosso mundo, dominado por grandes conglomerados econômicos, educacionais e midiáticos, precisa encontrar um novo caminho que lhe dê força, tranquilidade e criatividade que garantam sua identidade humana e espiritual. O valor da vida não pode ser esquecido, num mundo que prioriza a economia e a lucratividade.
Só uma sociedade míope pode deixar o desenvolvimento humano como última prioridade...
13
Todas as pessoas, para além de opções ideológicas ou religiosas, precisam se unir nesta urgente cruzada, alegre, pacífica e solidária, promotora de paz interior e da paz nas nações e nos povos, em busca dos valores vitais, que todos reconhecem e que a todos reúnem, em torno do bem comum.
14
A Vitasofia luta por uma causa: a restauração e restabelecimento da dignidade humana, em todos os níveis sociais.
Esta é a bandeira que vamos hasteando pela vida afora.
A vitasofia propõe as bases de um novo paradigma de desenvolvimento humano, econômico e educacional que restitua e garanta a dignidade às pessoas e a toda a humanidade, nos quatro cantos do mundo.
Precisamos encontrar parâmetros consistentes para uma efetiva mudança de mentalidade.
O modelo em vigor, nos dias de hoje, é manifestamente nefasto ao bem comum, embora não possamos desmerecer os benefícios que trouxe à humanidade. Os malefícios precisam ser erradicados, oportunamente.
Pelos malefícios inerentes a este modelo, é opinião quase geral, que precisa ser encontrado outro modelo, outro paradigma.
15
A competição empresarial, precisa desenvolver as bases de uma cooperação construtiva, pelo desenvolvimento humano dos povos e das nações, enquanto desenvolve a economia, a ciência e a tecnologia.
A cultura do desperdício, precisa reencontrar-se com a austeridade racional e responsável.
Precisamos estabelecer um novo paradigma de desenvolvimento econômico e humano, com novo paradigma de filosofia, de educação, de cultura e dos meios de comunicação.
O desenvolvimento econômico não pode ser erigido como o valor maior; a humanidade tem, paralelamente outros valores necessários e imprescindíveis à sua sustentabilidade, que não podem ser descuidados nem descartados. Isto só é possível, com uma sólida mudança de mentalidade.
Vivemos em tempos competitivos, que exigem ação, consciência, boa preparação e agilidade.
Precisamos competir conosco mesmos. Queremos ser amanhã melhores do que hoje...
“Por uma omissão perde-se uma nação”, disse o grande mestre, P. Antônio Vieira.
Os acomodados não poderão ir muito longe...
Vitasofia – A Arte da Vida
PARTE – 4
PRÁTICA DA VITASOFIA
MISSÃO DA VITASOFIA
Capítulo 17. Caminho da Sabedoria.
Capítulo 18. Efeito Transformador.
Capítulo 19. Os Quatro Pilares da Vitasofia.
Capítulo 20. Busca da Grande Síntese.
Capítulo 21. Luzes do Passado.
Capítulo 22. O Saber Sem Fronteiras.
DO NÍVEL CONCEITUAL ÁS PRÁTICAS
VIVENCIAIS.
FLEXIBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÕES.
Capítulo 23. Da Reflexão à Ação.
Capítulo 24. Pigmeus e Gigantes.
Capítulo 25. Bases da Intervenção Social.
Capítulo 26. Superar a Teoria da Conspiração.
Capítulo 27. Conceitos e Práticas Transformadoras.
MISSÃO DA VITASOFIA
(23.7.2012).
Capítulo 17
CAMINHO DA SABEDORIA
1
Novo Caminho para a Sabedoria
A Vitasofia - A arte da vida, elabora um modelo de coordenadas do pensamento humano e suas articulações.
A Vitasofia não é uma filosofia, É apenas um caminho para buscar uma sabedoria, comprometida com a vida, com uma filosofia de vida ou com um projeto de vida.
A Vitasofia, inicialmente foi denominada Globisofia. Nasceu com a missão de ser um novo espaço, e um novo parâmetro de reflexão das pessoas, sobre a vida e o mundo. É um caminho da consciência e do bem-estar, onde cada um tem o próprio rumo. Vai fazendo o próprio percurso. O traçado se faz, caminhando. Nunca estará pronto. Não há um figurino. Na complexidade da existência, fazemos opções cada dia.
Nosso foco é mais prático e menos teórico.
A reflexão tem base em quatro pilares de sustentação: na razão, no sentimento, a ação e na alteridade, numa perspectiva holística, buscando a unidade, na diversidade Enfim, é um sistema tetralógico de análise.
O pensamento tetralógico da Vitasofia assume o estímulo à confraternização universal, através do conceito da alteridade, como integrante da essência e da vivência humana. Partimos dos elementos comuns que identificam todos os seres da espécie humana, iniciando com a humanidade e a racionalidade.
A Vitasofia traz, dentro de si, o gérmen da paz e do congraçamento das pessoas e dos povos, com base na sabedoria Universal e multimilenar ainda dispersa.
Também na Sabedoria há inúmeros elementos, comuns a todos os humanos. Há unidade na diversidade, com a conveniente articulação para evitar a dispersão.
2
Dez eixos do Humanismo
A Vitasofia articula-se em dez eixos dinâmicos: O Humanismo Multidimensional; O Quadro de referências; A Dialética do tempo: o Cronos e o Cairós; A Tetralogia Analítica; A Autoconsciência humana; Paradoxos e Paradigmas; Decálogo Humanista; A Macrópolis; O Pacto Humanista Global; O Código Humanista.
A Vitasofia não tem respostas para tudo, e nem se propõe dar respostas ou soluções; apenas mostra caminhos e indica parâmetros e paradigmas.
O mérito de achar algo ou de se achar, de se encontrar, é do leitor.
A Vitasofia é, antes de tudo, um desafio aos talentos de cada um; às vezes uma provocação. Por isto, coloca-se na posição de Sócrates, talvez o maior sábio de todos os tempos, que declarou:
“Quanto mais sei, mais sei que nada sei”.
Quem assim se posiciona não para de progredir.
Este é o caminho do saber e da sabedoria.
3
A Dialética do Tempo
Superação de Antagonismos
A Cairosofia, um dos eixos Vitasofia, vem da dicotomia grega Kronos e Kairós: o tempo cronológico e o tempo psicológico, como duas faces da vivência humana.
É a questão da quantidade e da qualidade que perpassam toda a existência e vivência humanas: o modo de vidar ou a filosofia do viver.
Na Cairosofia, na perspectiva da vitasofia, o Kronos, (o tempo cronológico, o tempo da produção) e Kairós, (o tempo da fruição imponderável), dão-se as mãos na autorrealização da pessoa. O progresso material e o progresso espiritual não são valores auto excluídos. São duas faces de um mesmo medalhão.
Na ordem do essencial para a vida humana não é conveniente que haja quantidade sem qualidade e nem qualidade, sem quantidade. Nada absoluto. Tudo relativo.
A Vitasofia focaliza a vida total dos humanos e sua relação com toda natureza.
O equilíbrio do tempo e a hierarquia de valores estão bem marcados na frase seguinte:
“nem só de pão vive o homem”. (Evangelho).
Daqui deduzimos que a mística vitasofia já nos vem da antiguidade.
Sócrates assim se posicionava:
“Homens de Atenas (…) "Não vos sentis envergonhados por vos
preocupardes com a aquisição de riquezas, reputação e honras,
enquanto não vos importais, nem atentais para a sabedoria, a verdade, o aperfeiçoamento de vossa alma?!
E Sócrates prossegue:
“Recomendo a vós, jovens e velhos, a não zelarem mais por vossos corpos e por vossas riquezas, do que pelo aperfeiçoamento possível de vossas almas” (Apologia de Sócrates).
4
A Dialética do Tempo: Kronos e Kairós
A Cairosofia, em consequência, obriga a repensar as bases da modernidade, onde a produção, os valores econômicos e o acúmulo de capital são erigidos como valores, máximo, gerando o consumismo selvagem, sempre na linha do Kronos.
Precisamos, sim, dar destaque a Cronos; mas sem deixar de dar o destaque adequado a Cairós.
Privilegiar o Kronos, a produção, marginalizando o Kairós, a fruição espiritual, leva ao desequilíbrio da natureza, à ganância, à corrupção e à neurose. Marca a gênese dos males que infestam a sociedade, com suas doenças congênitas decorrentes: a ganância, a violência, a corrupção e o desequilíbrio moral.
A Vitasofia, articulando Kronos e Kairós, induz ao equilíbrio talvez impossível, mas sempre procurado. A Cairosofia realça o cairós, harmonizado com cronos; a espiritualidade, à fruição da vida e da arte, a realidade de vida sem se descuidar da produtividade, que garante a vida biológica sadia e sustentável, com autorrealização da pessoa.
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Trabalho não é castigo
Vitasofia resgata a liberdade, que é dominada pela irreversibilidade do tempo cronológico. A articulação do Cronos com o Cairós liberta as pessoas conscientes. Para estas, o trabalho não é mais tido como uma condenação, mas algo que honra as pessoas.
Quem não trabalha morre de tédio, de carências e de frustração. Quem não tem algo de útil e de interessante para fazer, sente-se inútil.
O trabalho é essencial à autorrealização humana.
Quem não trabalha sente-se e descartável. Ou descartado. A vida perde sentido para ele.
A Vitasofia harmoniza o kronos e o kairós, em proporções adequadas, flexíveis e responsável, conforme as circunstâncias.
A quantidade de produção e a qualidade de vida, leva à preservação da dignidade humana, à autossatisfação e à alegria de viver. Articula os bens materiais, com os bens espirituais e mentais, formando a unidade da vida.
A filosofia do Kairós está em contraponto com o Kronos, de forma integradora e intercomplementar. Uma dá suporte à outra, buscando o equilíbrio ideal, sempre sentido, e nunca alcançado, devido à dinâmica do processo. As circunstâncias mudam e os procedimentos também.
Capítulo 18
EFEITO TRANSFORMADOR
6
A Cigarra e a Formiga
A aliança da cigarra e da formiga, do conhecimento conto infantil, são ícones perfeitos da cairosofia. Mas e preciso alterar o final da história.
A formiga trabalhou intensamente em três estações. No inverno, tempo de frio, tinha reserva para alimentar todo o seu pessoal, sem trabalhar, impedida pelo frio… A cigarra, que contou alegremente, enquanto as formigas trabalharam, não pode fazer reservas para o inverno. Foi então bater à porta da formiga, pedindo ajuda.
A formiga, lhe perguntou: “O que fizeste no verão? “Respondeu a Cigarra: Ora! Cantei para alegrar toda a gente”.
Ao que a formiga retrucou, com certo desdém :”Ah! Cantaste?! Pois dança agora!” E bateu-lhe a porta na cara. A cigarra saiu, cabisbaixa, humilhada e envergonhada, como se o que ela fez não valesse nada!… Como se fosse uma inútil e safada… O desdém da formiga valeu por uma condenação a morte.
A Historia é anti-humanista. Faltou senso, solidariedade e respeito à diversidade de talentos.
Ficaria melhor à formiga reconhecer as competências de cada um e agradecer. Afinal também as formigas trabalhavam. Mas faz bem ouvir o canto da cigarra. Era esta a hora da retribuição.
(Reconstituímos esta fábula, em outro lugar).
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A Macrópolis e a Megalópolis
A Vitasofia tem como objetivo, articular ideias que levem à transformação, com melhorias contínuas, da vida pessoal e da sociedade, numa perspectiva holística.
A vitasofia não pensa nas nuvens. Pensa com os pés no chão, e o olhos e os ouvidos atentos à vida cotidiana.
Daí a nova oposição de Macrópolis, com a Megalópolis; a “Cidade” que queremos, com qualidade de vida, com a Cidade que temos, em quantidade e diversidade de modos de vida e de pessoas, em toda a complexidade dos aglomerados humanos.
Onde quer que esteja, a pessoa não pode perder a capacidade de sonhar. Só quem sonha é capaz de ajudar a criar um mundo melhor.
Em termos de Megalópolis, na quantidade de faturamento e bens econômicos, o Brasil é a sexta economia do mundo.
Em termos de Macrópolis, levando em conta a qualidade de vida, o Brasil está no 78º lugar. Um desequilíbrio insuportável, entre qualidade de vida e economia. Entre Macrópolis e Magalópolis: cidade pequena em qualidade e imensa em quantidade.
A Vitasofia nos leva a pensar na Macrópolis, que foca a qualidade de vida do cidadão. Quantidade, sem qualidade, produz insuportáveis dissonâncias que causam irritação, neurose, frustração e todos os males da sociedade.
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O Cerne é Agregar
A Vitasofia tem, no seu bojo, algo de filosofia, de antropologia, de psicologia e até uma parte da sociologia, além de alguma espiritualidade subjacentes, articulando tudo.
Acreditamos que possa haver uma Vitasofia cristã, outra islâmica, outra judaica outra budista, outra brâmane, etc. Mas, entre elas, haverá sempre mais elementos que as unem do que elemento que as separam. Diria que tem mais de 80% de semelhanças. A isto chamo Humanismo Global pleno.
O cerne da Vitasofia é agregador e nunca desagregador. Dá destaque ao que une, somando forças, sem interferir nas diferenças. A diversidade é natural.
A Vitasofia propõe a soma e a multiplicação, para distribuir e compartilhar
Na Vitasofia cabe o Evangelho pleno, muitos elementos que formam a base de outras filosofias orientais, com destaque para a filosofia Socrática e seus sequazes.
A Vitasofia não faz opção religiosa. Respeita a opção de cada um. Livremente contata cada religião ou filosofia de vida, do passado ou do presente, para sondar seus elementos constitutivos, buscando o denominador comum do Humanismo Global.
Em termos socioculturais há uma intersecção marcante, entre o Cristianismo, e outras filosofias de vidas ou religião. Há muitas obras que estudam e destacam esta aproximação. A seu tempo as divulgaremos.
Em todas elas, estão as sementes da Vitasofia que aqui formatamos.
Neste trabalho observamos e analisamos o Humanismo a partir do Cristianismo, por ser a religião do autor. A base comum do Humanismo Global não descrimina religiões. Cada uma contribui com o que tem, nesta linha, para um mundo comum e mais humano, mais preparado para outras reflexões em outras dimensões.
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Filosofia acima das Religiões?
A Vitasofia, como filosofia, independe das religiões. Trata das coordenadas do pensamento humano. Mas esta independência estrutural, não impede eventuais referências pertinentes.
O modelo da Vitasofia, em si, não se filia a nenhuma religião ou espiritualidade.
Como dissemos, é apenas um modelo de articulação e de interpretação da vida.
Por isso, dissemos acima que poderá haver naturalmente uma Vitasofia Cristã, outra Judaica, outra Islâmica, outra Budista, outra Brâmane, etc. Todas, na sua diversidade têm um ponto amplo de intersecção que garante a unidade, na diversidade.
Há muito mais pontos que os unem do que os que separam
Na base da Vitasofia está toda a tradição mística e filosófica do Oriente, da antiguidade, e toda a sabedoria dos povos, centrada no Evangelho.
Procura buscar os valores da subsistência e do bem-estar humano, sem esquecer os valores espirituais e psicológicos que fazem parte essencial do equilíbrio das pessoas e da sociedade.
Capítulo 19
OS QUATRO PILARES DA VITASOFIA
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Tetralogia Analítica
A Vitasofia adota, a Tetralogia Analítica, como método de análise da vida no mundo. Este método assenta em quatro pilares que lhe dão sustentação: a razão, o psiquismo, a ação e a alteridade e: o pensamento, o sentimento, a atuação e a interação, ou observação, reflexão, ação e interação.
Se todo o conhecimento tem, por objetivo último, trazer melhoria da qualidade de vida e da consciência das pessoas, então a interação/alteridade é a primeira coluna, na ordem prática.
A Vitasofia, quando adotada para verificar os elementos constitutivos do ser humano, abre, às pessoas, perspectivas deslumbrantes. Posiciona a pessoa humana, não como um ser soberano, independente e senhor de si, e arrogante, mas como alguém soberano, independente, atuante e também responsável e corresponsável pela consciência e pela soberania atuante do outro, na alteridade.
O ser humano não é visto como um ser só e isolado, mas como um ser solidário e integrado. É visto não como alguém isolado, mas como pessoa integrada com os outros. Alguém que cresce, solidariamente, com os outros.
Na Vitasofia aprendemos que o ser humano não sobrevive, ilhado, nem engaiolado.
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Dar e Exigir Contrapartida
A Vitasofia nos abre perspectivas existenciais que exigem e articulam atitudes que rumam, naturalmente, para a paz mundial, com o bem-estar de todos. Logicamente é um rumo à espera de agentes.
A Vitasofia, como corolário, exige, que quem pode mais, dê mais oportunidades e melhor metodologia educação e saúde aos menos favorecidos ou desfavorecidos, ou, simplesmente, os excluídos, sem paternalismos. Quem tem mais dê mais e quem tem menos dê menos.
A Vitasofia exige em contrapartida: que os excluídos aproveitem as oportunidades e, com o próprio esforço, tirem as pedras do seu caminho, e construam uma vida e um futuro melhor para os seus. Mas que lhes sejam oferecidas as condições necessárias, sem falcatruas e sem paternalismos deletérios e humilhantes.
O carente não é um inválido; quer oportunidades e não doações humilhantes e eleitoreiras.
A construção de um mundo melhor é obra de todos, sem exclusão de ninguém. Um mundo justo não admite paternalismos, nem parasitismos, nem sabotadores, nem subserviências.
Capítulo 20
BUSCA DA GRANDE SÍNTESE
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Uma Filosofia Ancestral
A Vitasofia é proposta como uma grande síntese articulara do pensamento moderno, mais consciente e mais construtivo; mais comprometido com a transformação do mundo ...
Vem sendo aplicada há, aproximadamente, 30 anos. Inicialmente, de forma intuitiva. Foi amadurecendo, com a prática do pensar e do agir, até adquirir o formato atual. Elaborar este texto impôs-se nos como um dever.
A Vitasofia supera certos antagonismos e paradoxos da lógica ocidental, onde o princípio da identidade e da não-contradição são corolários básicos. Admite o paradoxo. Insiste na diversidade e na pluralidade. Leva em conta as circunstâncias e as intenções. Estas podem mudar a essência da ação.
No entanto estas novas condições não ferem as referidas leis da identidade e da não-contradição. Antes as confirmam ao advogar um pensamento aberto.
Os conceitos Yin e Yang, do Taoísmo são plenamente aceitáveis, e úteis, no espírito da vitasofia. Assim, entre os humanos, não há elementos absolutos. Há, sim, forças em movimento, procurando algum equilíbrio, sempre instável. Esta é a condição da vida, a condição humana, sem cartas marcadas.
Os seres, as ações e reações têm valores distintos, conforme o contexto e as circunstâncias. Nada é absoluto, entre os humanos: tudo é dinâmico. Tudo se move. O núcleo central é perene. Tudo se inter-relaciona.
Bem dizia o filósofo:
“Eu sou eu as minhas circunstâncias”.
Na consideração do bem e do mal, vemos forças antagônicas se articulando e disputando espaço. O “bem” sempre tem alguns resquícios de “mal” que pode se expandir, e no “mal” sempre há alguns resquícios de “bem” que também pode se expandir.
Depende das circunstâncias.
13
Convergências e Divergências
As forças centrípetas e centrífugas estão sempre em movimento. As convergências e as divergências fazem parte de um processo contínuo das energias telúricas, no coração na mente das pessoas.
Assim dizemos que “nada é tão bom que não possa melhorar, nem tão mau que não possa piorar”.
Ou de outra forma: “nada é tão ‘bom’ que não possa piorar, nem tão ‘mau’ que não possa melhorar”.
Quem tem juízo e os pés no chão está sempre atento e vigilante.
A partir de uma hipótese teórica podemos dizer que, se o bem e o mal ocupar um espaço limitado, num circulo, quando o bem crescer, o mal diminui na mesma proporção e contínua.
O adágio popular diz: “Não há ‘mal’ que não se acabe e nem ‘bem’ que sempre dure”.
Esta concepção da vida pode nos dar novas perspectivas, em todas as direções.
Se firmamos essa correlação contínua, num retângulo, teremos o seguinte formato:
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Critério da Verdade
Estes conceitos dão uma reviravolta no pensamento filosófico que cria abstrações rígidas, nem sempre aceitáveis, quando analisa a dinâmica vida humana, onde muitas realidades se comportam num contínuo, dinâmico de zero a dez (0 a 10) e não num modelo estático binário: 0/1 ou absoluto: A = A; A ≠ de Não-A, então onde está o A não está o Não-A. Aqui, os princípios de não contradição não é, aparentemente, tão absolutos, pela ausência, em muitas circunstâncias do A absoluto e do Não-A também absolutos.
Não é o princípio de identidade que não funciona, mas a forma como é aplicado, sem atender às circunstâncias, que produzem a pluralidade, as forças em conflito ou em ajustamento. A vida humana não cabe numa equação, sem cair em lastimáveis simplismo, que só a ditaduras fascistas suportam.
Capítulo 21
LUZES DO PASSADO
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Símbolo do Taoísmo
O símbolo do Taoísmo ilustra esta realidade dinâmica: observe: a parte mais escura do círculo tem um ponto branco e a parte branca tem um ponto escuro). Este é um modelo abstrato de raciocínio que insiste: não há o bem nem o mal absoluto, entre os humanos. Há forças em confronto, buscando equilíbrio.
Certamente devemos olhar estas novas perspectivas, com cautela, para não criarmos um novo absoluto: a não identidade ou a contradição absoluta, que também não existe, no mundo dos humanos. Tudo está em movimento, para o bem e para o mal.
Não podemos esquecer os contextos, “onde o menos vale mais”.
Sem dúvida, esta nova concepção causa alguns abalos, no modo simplista como alguns concebem a lógica clássica. São dúvidas perfeitamente ajustáveis, para pessoas atentas. É preciso estudar mais. Estudar sempre. Não podemos nos esconder atrás de fórmulas fixas e “imutáveis”. Toda a viagem pode nos reservar surpresas.
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Quem Carrega o Facho?
Na atualidade, com as perspectivas dinâmicas do mundo atual, que sempre caminha, (para o bem ou para o mal), não podemos confinar nossos conceitos de filosofia, encastelados dentro de muralhas, longe do burburinho das “ruas”, por onde a vida transita, com todo o seu realismo de alegrias, sofrimentos e esperanças, num carrossel alucinante.
O Bem é quem carrega o facho. O Mal solta o vento e a chuva, tentando apagá-lo.
Não podemos nem ser pedras frias, nem répteis, nem animais sem espinha dorsal.
Como na parábola do Evangelho, o agricultor semeia o trigo. Logo, às escuras, surge o inimigo para semear a cizânia.
Vemos o mundo, naturalmente, dinâmico, maleável e multiforme, em permanente mutação como as estações do ano e as horas do dia.
A mudança é a lei da vida dos terráqueos. Há elementos, imutáveis por natureza, em velocidades distintas. Há também os elementos mutáveis, que garantem a identidade genuína e as forças matriciais. Tanto Heráclito como Parmênides tinham algumas razões, quando um dizia que tudo se move e o outro dizia que nada se move...
É nestes parâmetros que sintamos Vitasofia, a filosofia do Kairós, onde dois conceitos antagônicos se podem articular, na vida real das pessoas: o Kronos e o Kairós.
Na vida real, precisamos saber articular o tempo cronológico (Kronos) e o tempo não cronometrável (Kairós). O tempo da produtividade e o tempo da fruição, do enlevo.
Mas vamos mais longe: Kronos e Kairós podem conviver, na mesma pessoa, e simultaneamente. A pessoa pode dar ao trabalho uma dimensão espiritual ou de fruição poética. Quem decide é o espírito e não a matemática.
Na prática isto não é contraditório. Na teoria estática, pode ser.
Enfim, o trabalho cronológico e produtivo pode ser visto por alguém, como fruição. O trabalho pode ser visto como algo que satisfaz a pessoa e não como ação penosa, como castigo. O Kronos e o Kairós estão na alma e no psiquismo das pessoas.
A letra mata e o espírito vivifica. O valor vem de dentro de nós.
Capítulo 22
O SABER SEM FRONTEIRAS
17
Compatibilidade do Cronos e do Cairós
A Vitasofia faz isto: Considera e propõe o Kronos e o Kairós como intercomplementares, em momentos diferentes da vida ou simultaneamente.
Propõe um esforço vital, para que Kronos e Kairós atuem intercomplementarmente, em circunstâncias que têm efeito especial, na atuação da pessoa.
Bem sabemos que a Civilização Moderna é alucinante. Privilegia apenas o Kronos, a produtividade, o cronômetro.
Aforismo que marca nosso tempo: O “tempo é dinheiro”.
Para muito só interessa o cronos; o tempo da produção – Não vêm que o cairós realimenta o cronos. Não vêm que os humanos não são máquinas e precisam ter motivos de autossatisfação, para além da produtividade. Não vêm que produtividade e satisfação não são incompatíveis.
O Kairós, como tempo psicológico, da fruição, da convivência, da poesia e da espiritualidade, do ágape, do não-cronômetro, tem como frase típica:
“nem só do pão vive a pessoa humana”.
Para a Vitasofia, trabalho e fruição não são atitudes contraditórias ou paradoxais. São atitudes complementares, na vida real, que fazem a pessoa mais humana e a levam à plena autorrealização.
O Cairós revitaliza o cronos, como o cronos garante a autossustentabilidade do cairós.
Neste contexto vale lembrar as diversas fases e dimensões do tempo, em nossa vida, e em nossos dias.
O texto que segue é inspirado em (Ec. 3):
Na vida tudo tem seu tempo certo;
Tempo para plantar e tempo para colher;
Tempo de sol e tempo de chuva;
Tempo de calor e tempo de frio;
Tempo para andar e tempo para parar;
Tempo para amar e tempo para pensar;
Tempo para aproveitar e tempo para esquecer;
Tempo para trabalhar e tempo para descansar;
Tempo para se isolar e tempo para compartilhar;
Tempo para sorrir e tempo para chorar;
Tempo de primavera e tempo de verão;
Tempo de outono e tempo de inverno;
Tempo de buscar e tempo de perder;
Tempo de guerra e tempo de paz;
Tempo de falar e tempo de se calar;
Tempo de nascer e tempo de morrer;
Tempo de sonhar e tempo de cair na realidade...
Estas diferentes e até paradoxais ocorrências ou atitudes como estados psíquicos, podem ocorrer, simultaneamente, na mesma pessoa. Não há separação absoluta entre ações das pessoas.
18
Resgate e Reunião de Valores
A Vitasofia oferece-nos perspectivas teórico-práticas existenciais, muito dinâmicas e auspiciosas. Abre caminhos. Ao menos tira de nossa mente alguns conceitos perturbadores e criadores de discórdia. Remove obstáculos. Junta o que alguns separam.
A Vitasofia quer resgatar e reunir valores esparsos.
A base da Vitasofia foi-nos inspirada pelo saber e sabedoria da humanidade, formulada através dos séculos, sem fronteiras, pelo Logos.
Há um certo espírito de fraternidade e de solidariedade, em todos os seres humanos de todos os povos da terra, e de todas as religiões e crenças, nos termos da boa vontade de cada um.
A missão da Vitasofia é estimular os valores que unem as pessoas e não os que as separam.
A Vitasofia foi se corporificando, em nossa mente, através de muitos anos de reflexão e de práticas, com as forças dinâmicas do ser humano. Ela abre, para a pessoa pensante, perspectivas novas, deslumbrantes, instigantes e integradoras, em seu esforço permanente de conhecer os grandes princípios e valores mais profundos que renovam a vida humana na terra.
A Vitasofia ajuda-nos a entender melhor a alteridade, na convivência humana, rumo à solidariedade e à fraternidade universal, consolidadora da paz, com justiça e bem-estar. Abre novos caminhos, sob novas luzes.
A vitasofia quer estabelecer um saber sem fronteiras, sem preconceitos e sem discriminação.
19
Post-Scriptum:
Ao elaborar um sistema, com algumas inovações, no método de filosofar, não o faremos por diletantismo. Só enfrentamos este desafio, com coragem e dedicação, na medida em que ele pode agrega algum benefício aos estudiosos. Espera-se que o, parcialmente, novo modelo possa agregar valores que possam trazer benefícios à sociedade e às pessoas pensantes e sonhadoras.
O grande desafio é abrir caminhos para a constituição de um saber sem fronteiras, com sabedoria, e a seguir o rumo mais adequado e produtivo.
DO NÍVEL CONCEITUAL ÀS PRÁTICAS VIVENCIAIS
FELIXIBILIZAÇÃO e ARTICULAÇÃO
(25.6.2012).
(28.6.2012).
(29.6.2012).
(30.6.2012).
(12.7.2012).
(16.7.2012).
(20.7.2012).
(21.7.2012).
(31.7.2012).
(15.8.2012).
Capítulo 23
DA REFLEXÃO À AÇÃO
1
Para tirarmos proveito da visão de mundo da vitasofia, precisamos saber que a boa filosofia nos leva da reflexão à ação. No entanto alguns filósofos preocupam-se mais com a reflexão teórica sem compromisso com a eventual prática. A maioria dos cientistas também se detêm nos parâmetros teóricos.
Fato é que a filosofia, em si, detêm-se no nível das ideias. Queremos ir além.
A Vitasofia articula o nível conceitual e a prática transformadora. Aqui surgem as incertezas e as contestações.
O foco do texto é a prática, com os conceitos que lhe dão suporte e razão. O pensamento leva à ação.
O saber exige ideias claras e distintas. O fazer também.
Neste capítulo vemos como poderemos abrir novos caminhos para uma vida melhor.
Contra a indiferença com que muitos vêm os desacertos, as tragédias e outras mazelas de nosso tempo, a Vitasofia mostra o caminho que pode levar a algumas soluções.
2
Os conceitos desenvolvidos, neste trabalho, foram elaborados, ao longo de muitos anos de prática e reflexão. Aqui os sistematizamos, como contributo a quantos, nesta hora de necessária transição civilizatória, buscam novos paradigmas de sustentação, preservando a dignidade, o respeito, a razão e a alteridade.
Temos de nos perguntar: transição de onde, para onde? De quem para quem? Novo paradigma? Para substituir o quê? Que vantagens temos a esperar?
3
A Vitasofia preconiza um leal, sincero e competente espírito de diálogo. Mas um diálogo efetivo e não apenas afetivo e simulado. Diálogo de quem sabe ouvir e sabe articular. Diálogo de gente consciente, eficiente, decidida e responsável, com vontade de pensar e agir.
É no diálogo e na ação que se fortalece o cidadão, a nação e o universo. O tirano não tem diálogo. Impõe.
O diálogo pressupõe firmeza e flexibilidade de inteligência, alma e coração.
4
A flexibilidade fortalece a unidade de quem tem consciência e sabe o que quer. A inteligência não pode ser engessada, sem se tornar estéril.
Mas dialogar com surdos é bobagem. É entregar-se. Diálogo só existe com a predisposição leal dos dois lados. Não se dialoga com onças ou leões esfomeados e nem com jararacas agitadas.
O “diálogo” dos fracos e dos covardes é rendição, antes de lutar. Alguns propõem diálogo, como política entreguista de rendição e de covardia incondicional. Seria uma contradição nos termos adotados.
Diálogo é para os fortes e sábios e não para pedagogas e psicólogas, assustadas e temerosas. No diálogo inconsistente, as pessoas sempre se dão mal.
É arma de oportunista que quer vencer com papo furado...
O diálogo é próprio de quem tem vontade de compartilhar.
A vitasofia vai direto à solução, após localizar o problema. Aponta o caminho que convém, a partir da perspectiva de nossos conceitos.
A vida nos exige fertilidade e abomina a esterilidade de nossas ideias insustentáveis.
Capítulo 24
PIGMEUS E GIGANTES
5
Reconhecemo-nos num mundo em ebulição, em intensa excitação, buscando novos caminhos, em meio a muita indecisão e muitas dúvidas e inquietações.
As falsas soluções são o motivo maior de preocupação de quem pensa.
Por enquanto, o que mais se vê é muita arrogância, muito oportunismo, muitas inconsistências, muita ignorância, muita tirania intelectual, muitas intrigas e maledicências, muitos posicionamentos insustentável.
Mas há mais gente séria que não é ouvida. Num meio de oportunistas, quem tem razões não tem vez. São cacoetes de uma sociedade autoritária e em processo de falência moral. Tem “razão” quem tem algum “poder”(!!!).
Há muitos pigmeus, fingindo-se de gigantes e muitos grupelhos dizendo-se legiões... É propaganda enganosa, que convence (!?) os incautos. Mas não traz soluções. Apenas camufla os problemas.
6
Há muito retrocesso, em campo, levantando bandeiras esfarrapadas. Soltam-se muitas palavras vazias e estéreis. Há muitos leões empalhados, tentando apavorar os incautos.
Um pigmeu em pé, em cima de um elefante, tem altura de gigante... Não deixa de ser pigmeu.
Há muitos cegos guiando cegos... Isto é trágico... Os dois caem no barranco...
Mas nem todos os meios são de oportunistas... Há muita gente séria que não é ouvida, nem consultada...
7
Bem sei que é próprio dos humanos agir, pensando, e pensar, agindo.
O pensamento e a ação devem ser regularmente, nos humanos, a força propulsora da vida e da criatividade transformadora e vivificante. Isto é essencial, ao menos para quem decide e gerencia um projeto de intervenção social, a partir das ideias que presidem às ações ...
A consciência e a vontade devem preceder a ação. Ainda que não sejam conceitos formalizados.
O caminho se faz a caminhar. Depois se buscam outros recursos, para o caminho encurtar e otimizar, sem precisar contornar a montanha e outros obstáculos. Os novos caminhos são mais eficientes, porque mais direitos e mais duráveis.
Capítulo 25
BASES DA INTERVENÇÃO SOCIAL
8
Para não se limitar a uma vida trivial e automatizada, a pessoa precisa ser consciente. Precisa saber claramente: o que faz, porque faz, para que e para quem faz, como, quando e onde faz e as razões, as dimensões humanas e as circunstâncias e consequências de toda a sua ação. Precisa avaliar a sua sustentabilidade e viabilidade.
Tal avaliação pode ser intuitiva ou formal.
Sim, a pessoa agente precisa saber as causas e as consequências de sua ação, no presente, e suas possíveis repercussões no futuro. Precisa saber as forças matriciais e motriciais que geram e movimentam sua atuação. Precisa conhecer os paradigmas que adota e os paradigmas a que se opõe o seu modo de agir.
Nunca se pode subestimar o outro lado...
O agente precisa saber que ganho social pode esperar... O plano A e o plano B precisam ficar claros, com o custo e as consequências de cada um.
9
Toda a intervenção social precisa ser filosófica e ideologicamente pensada e justificada. Só com clarividência podemos optar. Caso contrário, nossa ação pode tornar-se contraproducente: trazer resultados contrários ao que buscamos.
Toda a ação humana tem causas, forças motrizes e algumas consequências; algumas esperadas, outras inesperadas, que podem nos surpreender.
Os grandes princípios e valores humanistas devem ser sempre respeitados, na teoria e na prática.
Tudo o que for feito, contrariando os valores humanistas, é ilegítimo e trará consequências indesejáveis.
Na mente do gestor da ação, isto precisa estar claro, pera saber tomar atitudes adequadas, durante o processo de definições, decisões e de execução.
10
Pensar, avaliar, dialogar e agir devem pressupor, em quem age, e no modo de agir, alguns conceitos verificáveis: saber, competência, capacidade, responsabilidade; e também: sabedoria, honra, e idoneidade, que lhe garantem a necessária credibilidade.
Quem faz e decide precisa saber dialogar, pois ninguém age e nem vive sozinho ...
Em tudo o que se planeja e se executa, deve ser avaliada a oportunidade circunstancial e a sustentabilidade humana e ambiental, para que não haja danos insuportáveis, às pessoas e à natureza. Se danos houver, precisam ser compensados.
A preservação racional e o cultivo da natureza, hoje, são atitudes necessárias e imprescindíveis, desde que mantidas nos parâmetros da razão e da ética.
Capítulo 26
SUPERAR A TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
11
Para além de atitudes tirânicas, insustentáveis e discriminatórias, propomos a flexibilidade racional, responsável, consistente, mas decidida e firme.
Nossa sociedade, nos últimos 50 anos, muito fez, muito acertou, muito errou e muito aprendeu, com os erros e com os acertos. Amadureceu?! Talvez.
Corrijamos os erros, tentemos expandir os acertos, e abrir novas frentes seguras. Lembremo-nos que o barco foi feito para navegar como o avião para voar, não para ficar parado.
Deixemos o que é nefasto e fiquemos com o melhor, adotando novos paradigmas, sustentáveis e coerentes...
12
Em muitos setores, o ambiente e a humanidade se degradaram, em dimensões físicas, mentais e espirituais, em nível individual e social.
Está na hora de esboçar um novo mundo, uma nova humanidade, com dignidade, respeito, honra e sustentabilidade; uma humanidade de cidadãos, atuantes, conscientes e responsáveis.
As conspirações existem. São uma lastimável realidade. Não percamos tempo (mas não nos descuidemos), com a teoria da conspiração, que não está tão generalizada, a não ser quando lhe abrimos as portas, ingenuamente. É preciso se prevenir; mas mais urgente é saber agir positivamente, para ter bons resultados e a vida cultivar.
Convencer as pessoas que não existe, que é pura invenção, é a grande arma da conspiração.
13
A pessoa omissa, covarde ou amorfa não é cidadã. O grande mal de nosso mundo vem da omissão e da covardia dos mais capazes, mas de fraco caráter ... e sem ousadia.
Os mau-caráter levam sempre vantagem, porque são mais ousados e até atrevidos.
“Os filhos das trevas são mais ágeis e ousados do que os filhos da luz” (Lc. 16,8).
Precisamos pensar como formar uma nova geração de pessoas de conhecimentos sólidos e sábios. De pessoas lúcidas, amantes da vida e do bem. Amantes da própria nação e da humanidade.
Precisamos formar pessoas conscientes que saibam evitar as armadilhas da ideologia “politicamente correta” e saibam tomar decisões justas, sem carimbos previamente preparados e artificiais.
Precisamos saber formar uma nova geração de pessoas inteligentes e criativas. Mas não precisamos de ventríloquos, repetidores ou simplesmente reprodutores de frases da moda, de ditos sem graça, e às vezes de boçalidades, sem qualquer criatividade, que estão na moda. Uma geração que saiba citar nossos sábios; que saiba citar e vivenciar o que eles têm de melhor, o que possa contribuir para todos, para o bem da humanidade.
14
Aqui refletimos sobre a vida e sobre o mundo, nas perspectivas conceitual e vivencial: na teoria e na prática.
Pensamos que o Diálogo franco, competente e leal, é a solução para todas as tiranias, inconsistências, omissões e fraquezas.
O Diálogo franco e competente faz as pessoas pensarem, se esclarecerem, adquirirem a consciência, compartilharem e assumirem, juntas e solidárias, suas responsabilidades.
15
O mundo das ideias teóricas e o mundo da ação transformadora devem caminhar juntos.
As boas ações não têm sustentabilidade e expansão eficaz, sem conceitos firmes e adequados, que convençam a inteligência humana e motivem o seu querer efetivo.
O que é bom precisa de divulgação. Precisa ser conhecido e reconhecido.
Sabemos que uma ação, uma atitude, um gesto, falam mais do que mil palavras, para o bem ou para o mal.
Mas sabemos também que, sem conceitos adequados, claros e leais, muitos se iludem ou desiludem e seguem rumos até contrários ao que pensam e querem.
As pessoas precisam entender a mensagem de cada ato, de cada gesto, de cada atitude e de cada palavra ... Precisam saber que os gestos falam.
Sem entenderem as mensagens, a vontade fraqueja. Falta a força moral.
Capítulo 27
CONCEITOS E PRÁTICAS TRANSFORMADORAS
16
Sentimos necessidade de abordar estas questões, a partir de dezenas de anos de prática, principalmente na Universidade e em todos os níveis de educação e na prática cotidiana, com os pés na realidade social, e o espírito no Humanismo Multidimensional e no Código Humanista.
Mesmo aos nos aprofundarmos nas teorias mais profundas e abstratas, sempre tivemos os pés fincados na terra, tendo em vista uma prática transformadora da vida e da sociedade.
Penso que alguém precisa se dedicar, com afinco, à produção do saber. Mas que seja “um saber, só de experiências feito” (Camões).
Hoje consideramos que as definições conceituais dos novos paradigmas de ação, na vida prática e na sociedade, dão transparência aos projetos, motivação à mente, energia e persistência à execução das tarefas e força a vontade.
Procuramos dar sentido à vida e à ação.
Precisamos compreender os mecanismos de nosso psiquismo e dos mundos que nos rodeiam, através da meditação que nos enleva e aclara o espírito e a razão.
17
Precisamos saber os princípios e valores que estão em jogo, no nosso modo de ser, de agir, de pensar e de decidir. Não podemos agir apenas por instinto e por compulsão, como os irracionais.
Aqui, procuramos nunca desvincular o aspecto conceitual, da prática construtiva e transformadora. Pensamos a teoria, enquanto comprometida com a prática, numa perspectiva articulada. Não pensamos no vazio.
Mesmo quando meditamos, a sós, com o nosso Deus, não nos afastamos de nossos compromissos no mundo, que precisa de mais Luz.
Pensamos que os princípios e valores, de que tratamos neste opúsculo, têm aplicabilidade, em todos os setores e dimensões da vida humana.
Pensamos, com convicção, que “as ideias movem o mundo” e não as armas.
18
Humanismo, diálogo, paradigma, razão, alteridade, democracia, consciência, vontade e outras palavras de muito peso, sem conceitos e sem conteúdo sólido e consistente e sem prática coerente, são apenas palavras sonoras, mas vazias.
Democracia de verdade, por exemplo, exige desenvolvimento, austeridade, dignidade, honra, diálogo, ação transformadora e responsabilidade.
Gestão irracional e perdulária não é democracia.
Todas as palavras-chave precisam ser entendidas, com toda a força vivificante que delas emana.
Vitasofia – A Arte da Vida
PARTE – 5
TETRALOGIA ANALÍTICA,
BASE METODOLÓGICA DA VITASOFIA.
Capítulo 28. Busca do Homem Integral.
Capítulo 29. Tetralogia e Alteridade.
Capítulo 30. Tetralogia e Compromisso Social.
PLATAFORMA DA VITASOFIA.
Capítulo 31. Fronteiras do Conhecimento.
TETRALOGIA ANALÍTICA
Base Metodológica da Vitasofia
Capítulo 28
BUSCA DO HOMEM INTEGRAL
1
A Tetralogia é uma proposta de modelo teórico para o estudo do homem integral, em suas dimensões essenciais, articuladas de forma dinâmica. É uma metodologia inovadora de revitalização social e pessoal.
A Tetralogia articula-se com a Vitasofia, a filosofia global que pensa o ser pensante, em si mesmo e sua relação com os outros e com a natureza, (alteridade), abarcando o sagrado e o profano.
Baseia-se na lógica da natural correlação de forças, complementares ou antagônicas que integram os indivíduos e as sociedades. Assume a unidade e a diversidade construtivas da natureza: a unidade na diversidade.
Assume a alteridade como componente integrante e articulador da personalidade, como ser social.
Daí deduzimos as forças motriciais da mente das pessoas, nas dimensões centrípetas e centrífugas.
As forças centrípetas, articulam-se para formar a pessoa em si mesma, como indivíduo pleno e soberano: o físico, psíquico, o racional e o social.
As forças centrífugas articulam-se para completar a pessoa no binômio essencial: o EU e o OUTRO. A alteridade que produz o altruísmo é o ponto de referência do próprio eu.
“O Homem é um animal social”, diz Aristóteles.
As forças centrífugas do homem envolvem questões antropológicas que abordam a interatividade.
O eu adquire a autoconsciência, em contraste com o outro, em relações mútuas espelhadas.
2
O homem tetralógico é o cidadão consciente, participante, altruísta.
Para G. Jung, as forças centrípetas da mente são opostas às forças centrífugas. Estabelecem uma correlação intercomplementar de forças.
As forças centrífugas são representadas pelo subconsciente coletivo. O psiquismo do indivíduo contém elementos do mundo exterior que lhe vêm pelas forças centrífugas do outro.
O homem integral é, assim, o resultado de forças motriciais centrípetas e centrífugas, que lhe dão o equilíbrio, em si mesmo e em sua relação com o mundo exterior em que se completa.
O Pensamento Tetralógico forma o homem, comprometido com o meio em que vive. O homem tetralógico nunca será uma pessoa passiva: Pensará em si e pensará no outro, na reciprocidade, na alteridade.
3
Daí o modelo tetralógico que propomos, para o conhecimento pleno da pessoa humana, sintetizadas como: razão, psiquismo, ação e interatividade.
Essas quatro forças motrizes se subdividem. Podem ser também consideradas como: pensamento, sentimento, ação e interatividade. Ou ainda: sentir, pensar, agir, interagir ou dialética, física, ética e interatividade.
A forma tripartida de analisar a pessoa humana é mais comum historicamente: dialética, física e ética.
O modelo tetralógico analítico é o que propomos, ao recuperar a alteridade, como parte integrante das forças que integram o núcleo básico da pessoa humana, enquanto indivíduo e animal social.
As forças centrípetas e centrífugas são articuladas em duas esferas mentais intercomplementares.
Com o quarto elemento, a interatividade, (a alteridade, a diversidade, a pluralidade, a convivência, o compartilhar), como essencial ao ser do indivíduo, superamos as formas fragmentárias de consideração da pessoa humana, como indivíduo, mas sem o elo que o completa: o outro, que cria o processo de intercomunicação: As forças centrípetas, em equilíbrio, precário com as forças centrífugas.
No mesmo processo tetralógico, situamos: ciência, tecnologia, humanismo e espiritualidade, ou: sentimento, razão, ação e alteridade.
Transversalmente, a tetralogia, integra, no todo, a espiritualidade e a meditação. Propõe ainda as forças materiais e espirituais, como necessárias a uma visão plena do ser da pessoa.
Na Tetralogia, o sagrado e o profano convivem e interagem. Não se confundem, mas articulam-se sem preconceitos, numa visão holística. A Tetralogia quer articular as forças de um novo tempo, somando e multiplicando e não dividindo ou diminuindo, sempre compartilhando.
Daí vamos buscar na filosofia grega os conceitos de Kronos, o tempo cronológico, da quantidade, que se articula, na pessoa, com o Kairós, o tempo psicológico da qualidade, da espiritualidade e não material.
Capítulo 29
TETRALOGIA E ALTERIDADE
4
A Tetralogia Analítica, como base da Vitasofia, é uma vertente filosófica que agrega, aos modelos já conhecidos, a interatividade, que se caracteriza como força centrífuga do sujeito pensante que vai, em termos sistêmicos, formar o subconsciente coletivo. A Tetralogia articula-se com um humanismo multidimensional.
A Filosofia, regra geral, é trilógica, com base na tríplice acepção do ser: o ente de razão, o ente real e o ente moral; ou ainda: dialética ou lógica, física ou natural, ética ou moral. Um ser racional só se justifica e se plenifica pelo outro, pela alteridade.
A estas três acepções, acrescentamos o elemento interacional que se caracteriza pelas relações de alteridade. A pessoa não se completa a não ser no outro.
Acrescenta-se o foco construtivista que é a competência da pessoa para interagir, receber e assimilar elementos do contexto em que vivem.
Segue o apelo de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. Para nós, conhecer-se a si mesmo envolve a relação natural com o outro.
O Cristianismo é essencialmente tetralógico. O Mandamento Novo que o Evangelho nos propõe, corresponde à linha quatro da Tetralogia: “amai-vos uns aos outros”.
A Tetralogia sabe que o Bem e o Mal continuarão a coexistir, lado a lado, no mundo dos mortais, como duas forças antagônicas, mas não absolutas, sempre em conflito e em disputa. Sem obscurantismo, precisamos aprender a articular-nos, neste mundo cheio de paradoxo, para podermos ocupar nosso espaço...
A Filosofia Taoísta pode nos ajudar nesta reflexão, ao nos dizer que no mundo dos homens, não há o bem nem o mal absoluto; antes, em todo o bem há algo precário e em todo o mal há uma faúlha de bem que pode regenerá-lo.
5
A Tetralogia Analítica procura desenvolver a consciência da pessoa, a partir de valores universais, que dão o status de Ciência aos estudos em que nos envolvemos. Pensa e define os elementos básicos universais, que caracterizam a pessoa humana.
Acreditamos que a Tetralogia é uma base sólida, firme, de cunho humanístico, que pode contribuir, com segurança, para criar a grande civilização cósmica, que vem sendo gestada, em meio ao caos atual, prenúncio de grandes e urgentes mudanças e ajustamentos, para garantir a vida e a convivência no Planeta Terra.
Acreditamos que a linha quatro da tetralogia faz parte da organização básica do universo total. Para nossa relação com ele, e nele nos orientar, usamos os quatro pontos cardiais para abarcar a totalidade do Universo e da Rosa dos Ventos: Norte, Sul, Leste e Oeste. O quatro tem inclusa a ideia de totalidade.
Da mesma forma, dividimos a dinâmica das forças vivas da terra, em quatro estações: Primavera, Verão, Outono e Inverno.
Também desde a antiguidade, os filósofos definem os quatro elementos essenciais do universo: ar, fogo, água, terra.
Nesta perspectiva, a Tetralogia quer, efetivamente, ser um modelo teórico capaz de harmonizar a pessoa, como indivíduo “soberano”, e como pessoa social. Integra o universo do subconsciente coletivo, em conjuminação com as características pessoais que os distinguem dos demais.
6
A Tetralogia Analítica propõe-se como um modelo teórico-prático para compreender a complexidade do ser humano integral e sua relação e interação no seu mundo. “Ser é ser com alguém...”
A Tetralogia dá-nos outro modelo: o sistema de debate de ideias, em busca de sua força transformadora: “ver, ouvir, pensar e agir”. Este é o formato do diálogo e da pesquisa criativa.
Conforme o Universo de que tratamos, a Tetralogia pode ser caracterizada com outros conceitos: pensar, apreciar, fazer, compartilhar; pensamento, sentimento, ação, alteridade; razão, sentimento, ação, consciência; saber aprender, saber ser, saber fazer, saber conviver; ver, julgar, agir, compartilhar.
A Tetralogia nos aponta os quatro pilares constitutivos da vida humana: define a pessoa integral e dinâmica. São as quatro dimensões constitutivas dos humanos. A falta de um desses pilares produz insegurança e fragilidade. A dicotomia básica da comunicação é o eu e o outro; o eu e o Tu. Não há comunicação sem alteridade. Também não há vida sem alteridade.
“Ser é ser com alguém”.
7
Falamos da Tetralogia Analítica, porque não estamos preocupados em aprofundar apenas a teoria especulativa, que é outra questão. A filosofia especulativa (teórica), busca a verdade, por si mesma; a filosofia prática busca a verdade em razão da ação, das obras, da responsabilidade social e até do Mandamento Novo de Cristo: amai-vos uns aos outros. Esta é a essência do Evangelho dos cristãos.
Filosofia Prática envolve a ética geral, familiar, profissional e política, e também poética e as artes.
Consideramos que as empresas precisam, com base na nova tetralogia, desenvolver uma cultura integral: a segurança, a ética, a produtividade, o desenvolvimento sustentável. Neste último está a alteridade.
Precisamos, então, desenvolver uma Cultura Integral Tetralógica, na pequena, média e grande empresa, na academia e nas religiões.
A Filosofia Tetralógica manterá, nas organizações, um espírito produtivo seguro, ético e amistoso, tendo cuidado com a qualidade de vida e o bem-estar de todos.
Isto é desejável nas empresas, na academia, na ciência, nas tecnologias, nas letras e nas artes: em todas as atividades humanas. A Filosofia Tetralógica nos impele a procurar melhorias contínuas.
Capítulo 30
TETRALOGIA E COMPROMISSO SOCIAL
8
A Filosofia de trabalho da Tetralogia, base da Vitasofia, levou à formatação de um movimento, o Pacto Humanista Global, voltado a uma ação interior e exterior transformadora, que possa contribuir para a melhoria das condições de vida dos humanos, no seu mundo, que leva à preservação e ao cultivo da natureza.
Na Linha Quatro da Tetralogia, a alteridade e a reciprocidade, é estimulada a cultura do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Socialmente estimulam-se movimentos e instituições que ponham as pessoas em contato com a natureza, com a formação do caráter e outro de caris semelhante.
O GlobiPacto parte da formatação da Macrópolis, como paradigma teórico utópico do que seria uma sociedade efetivamente Tetralógica. No espírito da Vitasofia, Macrópolis é a sociedade desejada, talvez distante ainda.
A Vitasofia é a força matricial da Macrópolis: leva à revitalização sócio-psico-cultural da vida, nas comunidades humanas, em nível micro e macro grupal.
O humanismo multidimensional não se consolida sem as forças da natureza. A alteridade envolve o meio ambiente.
9
Elaborado o modelo da Vitasofia tetralógica, pesquisamos outros paradigmas, em que pode ser encontrada alguma similitude de interpretação das forças que o regem.
Verificamos então que nosso modelo filosófico pode se aproximar da Filosofia de Bérgson, do Construtivismo de Piaget e da Psicologia de Jung e ainda de outros pensadores que aqui homenageamos.
O parentesco destas filosofias e correntes pedagógicas e psicológicas, no que as aproxima ou que as separa, será estudado em capítulos posteriores.
O Modelo elaborado pela Vitasofia quer ir além das ideias de gabinete, do mundo acadêmico. Abrindo espaço à consciência, deverá suplantar, em muitos espaços, a mediocridade que rege certos comportamentos, atitudes e pensamentos e sentimentos.
Articulando as forças centrífugas, estabelece contato e compromisso com a alteridade e com a vida, em todas as suas dimensões. É uma Filosofia de compromisso social, formando uma quase milícia humanista, voltada a construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa, de gente consciente e responsável. Procuramos consistência teórica e coerência prática, voltadas à construção de um mundo melhor para todos.
Da Vitasofia (sabedoria da vida) compreendemos melhor os conceitos da força matricial do Livre-Arbítrio. A Vitasofia dá, à vida das pessoas, mais amplos e mais desafiantes horizontes. Dá-nos mais elementos para superar e resolver os dilemas da vida.
PLATAFORMA DA VITASOFIA
(26.4.2012).
(23.7.2012).
(15.8.2012).
Capítulo 31
FRONTEIRAS DO CONHECIMENTO
1
A Vitalogia tem como base a Tetralogia Analítica que é um modo vivencial de entender e interpretar o mundo e a vida, articulados entre si, como lhes é natural. Aborda a essência do homem total, em seu nível individual e social.
Trata-se de um movimento de ideias, articulando paradigmas.
É uma filosofia de vida, dado o seu compromisso com o pensamento coletivo e compartilhado, abarcando o globo e tudo o que nele se move e onde tudo se relaciona. Aborda o universo.
A Vitalogia parte da análise do tempo como a plataforma onde vivemos. Baseia-se no conceito de kairós dos filósofos gregos, que é o tempo psicológico e espiritual, como contra face de kronos: o tempo do cronômetro, o tempo do trabalho, como veremos adiante.
2
A Tetralogia não analisa apenas o ser pensante, fechado em si mesmo. O quarto pilar, ou linha de pensamento da Tetralogia assume a interação de tudo, a alteridade e as relações mútuas. A partir do desabrochar da identidade pessoal.
Sem identidade, não há alteridade. Daí o “conhece-te a ti mesmo”, como base de tudo.
O ser humano vive articulado com todo o universo, onde todos os seres interagem, em diversas dimensões. No mundo, como na vida pessoal e social, tudo se relaciona.
Na tetralogia os quatro pilares da humanidade são: o pensamento, o sentimento, ação e alteridade.
A Tetralogia não vê apenas o ser humano, em si mesmo, com seus imensos valores e capacidade de pensar e arquitetar sistemas. Vai além e vê o ser humano como locutor coletivo de um mundo complexo, do qual ele é um elo privilegiado e consciente, que não poderá nunca abdicar dessa condição, sem graves danos à harmonia geral.
A Tetralogia realça as forças que estabelecem a mútua interação das pessoas entre si e com todo o mundo que as cerca e as integra: a alteridade.
3
Denominamos este modelo tetralógico de abordagem do ser e da vida, como vitalogia, ou filosofia da vida, ou cairosofia, do humanismo, dos valores humanos e do Código Humanista. Neste processo de interpretação e de interação da vida e do mundo, opomos o kairós ao kronos, dos gregos. Opomos a qualidade à quantidade, o psíquico e o material, como algo que se articula, inter-relaciona e interage, mas não se confunde. Disto trataremos adiante.
Os paradoxos e os contrastes e confrontos, os antagonismos, ajudam-nos a pensar com mais lucidez. A vida não é retilínea.
Os seres vivos do Universo participam de um grande complexo de forças centrípetas e centrífugas que vão direcionando a dinâmica universal da vida, onde todos os seres vivos são interdependentes e todos se inter-relacionam, numa harmonia polifônica. Precisamos a isto nos acostumar.
Às vezes tendemos a simplificar o que é complexo e nos perdemos como num labirinto, sem a sagacidade de Ariadne.
Todos somos comprometidos com o equilíbrio e até com os desequilíbrios sócio vitais que compartilhamos uns com os outros.
A Tetralogia busca reforçar a identidade de cada ser humano, com suas potencialidades, onde cada um é um microcosmo, com as marcas próprias, que lhe garantem a diferença, para além das semelhanças.
A Tetralogia Analítica conduz e gera a vitasofia.
4
Precisamos de quadros de pensamento que nos ajudem a entender e cultivar o homem total, com suas múltiplas competências, com suas múltiplas inteligências e com suas múltiplas tendências, com sua diversidade, num humanismo multidimensional.
Precisamos de um quadro de referências que nos dê uma certa unidade, na múltipla diversidade. De antemão sabemos que a vida dos humanos é regida por um equilíbrio instável. É dinâmica e não estática.
Se não podemos olvidar as características psicofísicas, competências, habilidades e talentos de cada um, também não podemos esquecer de insistir em suas dimensões socioculturais e espirituais, com sua unidade constitucional, onde tudo se articula, sem rupturas, mas com uma evolução opositiva natural, como o verão e o inverno, a alegria e a dor, o sim e o não, o masculino e o feminino; o Yin e o Yang do taoísmo. A vida articula, permanentemente, forças convergentes e divergentes. A convergência e a divergência é parte da dinâmica da existência.
O quarto pilar, a alteridade, envolve a interação homem-mundo e o cuidado da natureza: a sustentabilidade do desenvolvimento.
Sem a alteridade tendemos ao egocentrismo, que leva à indiferença com as pessoas menos prendadas ou carenciadas, física, psiquicamente ou culturalmente, ou os três.
Quem pensa que tudo sabe, dorme numa cama de jasmim imaginária. Jamais concordaria com Sócrates, ao declarar, com sinceridade:
“Quanto mais sei, mais sei que nada sei”.
Só os néscios pensam que tudo sabem. Quanto mais ignorante, mais a pessoa néscia se julga dominadora de toda a ciência do bem e do mal.
5
Esta apreensão multiforme do ser humano, proposta pela Tetralogia Analítica, e pela Vitasofia deverá ter profunda influência nos processos educacionais, na família, na escola, nos meios de comunicação e na sociedade em geral.
Toda a estrutura da sociedade (cidade) deverá estar voltada para ser espaço educativo das próximas gerações. Sim, porque a cidade precisa ser repensada, para ser mais humana e menos madrasta.
Toda a cidade, o habitat humano, deve ser estruturada para ter uma dimensão educativa e prática, além de ser tudo o mais que a caracteriza, como espaço de vivências múltiplas, onde as pessoas vivem, trabalham, se inter-relacionam; onde se divertem, estudam, criam seus filhos e os educam e desenvolvem os próprios talentos, numa dinâmica cíclica contínua. Este é o grande e paradigmático projeto Macrópolis.
É urgente superar uma ética, uma moral e uma filosofia intelectualizada e teórica, às vezes impraticável e insustentável, porque é dogmática e nefelibática, e pugnar por uma filosofia comprometida com a vida, com a existência e com a convivência solidária e consciente.
A Tetralogia Analítica, base da Vitasofia, inicialmente chamada Cosmosofia e Globisofia, propõe-se como um sistema de reflexão e visão de mundo, em perspectiva suprapartidária, suprarreligiosa e supranacional. Foca o ser humano como cidadão consciente, competente, atuante e responsável, dentro de um humanismo multidimensional.
Situamos a Vitasofia na fronteira dos conhecimentos humanísticos.
Vitasofia – A Arte da Vida
PARTE – 6
EPÍLOGOS.
Epílogo I:
Capítulo 32. Compromisso com a Vida.
Epílogo II:
Capítulo 33. Janelas Para a Posteridade.
Capítulo 34. O Desconcerto do Mundo.
REFLEXÃO FINAL
Capítulo 35. Vitasofia, uma Âncora da Civilização
(A Era da Esperança).
EPÍLOGO – I
(23.7.2012).
(15.8.2012).
Capítulo 32
COMPROMISSO COM A VIDA
1
Ao encerrar esta obra, percebi que apenas estava mostrando sua continuidade de algo que não pode parar. Como o Jano bifronte, olho o já feito (passado) e observo o que há por fazer (futuro). Há muito para fazer. Fiz a minha parte. Fiz a minha parte. Mas é preciso prosseguir. Prosseguir, com os pés no chão e o coração nas alturas.
A vida, a cada dia, recomeça, e novo sol brilha e aquece.
Como ninguém detém, como privilégio, o monopólio da verdade, do bem e do belo, do pensar, do saber e do apreciar; e como, na vida, somos todos responsáveis por nós mesmos e pela humanidade, e por aqueles que cativamos, sentimo-nos no dever compulsivo de lançar um olhar atento, quente e claro, sobre o mundo em que vivemos.
Assim falamos no prólogo.
2
Com certa euforia e sensação do ter cumprido o dever assumido, propus um esboço de novas abordagens e novas reflexões, em busca de novos caminhos e novas soluções, para dar novos rumos possíveis à vida, enquanto reduzimos a ação dos predadores.
Isto é claro, como a luz do meio dia, ainda quando algumas nuvens por ele passam.
Temos compromisso com a vida e com a posteridade.
Pensamos que as ideias são como os grandes rios: não podem secar. Precisam correr sempre, pois deles sobrevivem muitas cidades preservando a vida humana e a natureza viçosa. E ainda são grandes canais de comunicação, por onde navegam grandes e pequenas embarcações.
3
Esta obra é um grande desafio. Se vale a pena ou não, todo este trabalho, compete ao leitor apreciar.
Posso testemunhar que tudo o que aqui expus me serviu de guia e motivação, para muitas realizações, superação de dificuldades e paz de consciência, sem me deixar parar. Antes, me fez persistir. A Vitasofia ajuda a manter a calma e a ousar. Quem ama não pode parar.
De minha parte, fico com Fernando Pessoa:
“Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena”.
Aqui não me preocupo em pedir a bênção e a credibilidade a grandes autores, que são citados por muitos, buscando no prestígio alheio, uma bengala.
Falo e escrevo o que sei e sinto: o que aprendi ao longo de muitos anos e na longa prática de viver, pensar, agir e produzir, numa vida de muitas realizações e de muitas circunstâncias, com o pé no chão e o coração no alto.
4
Coloco, no que falo e escrevo, uma vida de mais de sessenta anos e reflexão e de ação. Uma vida de amor ao trabalho, à pesquisa, à família e à humanidade.
É que, quando vivi minha infância, as crianças tinham outras vivências. Diria que não tinham infância, como hoje se concebe a infância. Era uma infância integrada na vida da família e vivenciada, em casa, nos campos e nas ruas, sem brinquedos de plástico. Só brinquedos artesanais, domésticos, sem depender de ninguém, estranho, para fabricá-los, exceto os piões, que se fabricavam em tornos.
Era outra infância, muito mais rica e cheia de encantamentos e muitas seduções, muito mais real, mais família e menos artificial. Quem só entende dos artificialismos urbanos, tem dificuldade para entender outros valores, em outros paradigmas.
5
Publiquei os meus primeiros trabalhos em 1960. Meu primeiro grande discurso que repercutiu eu o fiz em 1959. Um discurso polêmico, no Grêmio literário do Colegial.
Estudar, pensar, agir e compartilhar é como se resume o já quase longo percurso de minha vida, da qual deixo aqui algum legado, dando testemunho do que vivi, aprendi e sonhei acordado.
É toda uma vida, correndo atrás do saber e da sabedoria, do fazer, do comunicar e do transformar.
No entanto, penso que esta obra ainda está amadurecendo. Chegou-me à mente, como ideia síntese e logo tratei de a esboçar.
Não deixei a inspiração esfriar. Depois de anos de consolidação mental, aqui está.
6
Parte do que aqui expus já venho aplicando há muitos anos. Ao escrever, outras ideias brotaram, como água da rocha ou de alguma mina subterrânea desconhecida.
Em dado momento a ideia deste trabalho se me impôs, passando à frente de outros trabalhos em andamento. A liberdade não nos faz senhores de nossa vontade.
Penso que as ideias vêm sempre na sua hora. As que não registramos, passam.
É nosso dever tocá-las para a frente. Como disse acima, fiz a minha parte. Espero que esta obra ajude a outros, como ajudou a mim mesmo. Fui o primeiro beneficiado.
Que cada um encontre seu caminho e faça boa “viagem”.
EPÍLOGO – II
JANELAS PARA A POSTERIDADE
(26.6.2012)
(28.6.2012)
(23.6.2012).
(15.8.2012).
Capítulo 33
O DESCONCERTO DO MUNDO
1
Este trabalho (Vitasofia) não termina aqui. Ele prossegue em novas etapas. Foi pensado para não ter fim. É um sonho que continua. É uma utopia realizável. Só quem sonha faz. Estas são ideias que não têm final nem conclusão. Deixam uma nova mentalidade, um novo olhar.
Apenas entramos numa grande corrente humanista, que nasceu na noite dos tempos, sem registro, quando a preocupação maior era a sobrevivência dos hominídeos, em meio aos precários meios de subsistência e sobrevivência, acossados por animais selvagens muito mais fortes, rápidos, de dentes triturantes.
Nossos antepassados viveram, em florestas e savanas, em vales e em montanhas, em grutas e nas árvores. Por seu instinto de sobrevivência, mantiveram viva a espécie e se multiplicaram. Progrediram, prosperaram e tomamos conta da terra.
O esforço constante de garantir a segurança mútua e a sobrevivência da espécie, desenvolveu-lhes o cérebro e a competência da reflexão. Após milênios de conquistas e reveses, com muitos sofrimentos e alegrias, chegamos aos tempos modernos.
2
A selvajaria continua. “O homem é o lobo do homem”, diz Hobbes. Os maiores inimigos não são os outros, mas os da própria espécie! Os oportunistas e os golpistas de sempre. Só a espécie humana se destrói a si mesma e mutuamente …
Por sua insensatez, muitas vezes, o homem é o maior inimigo de si mesmo, por seus desmandos inconsequentes e autodestrutivos.
Humanizar os humanos é o grande desafio do terceiro milênio. Tarefa imensa, mas urgente. Só precisamos convencer os crápulas, inimigos da espécie, para não nos barrar o caminho.
O homem é um inimigo letal. Tal inimigo, em qualquer dimensão, não pode ser subestimado, nem desprezado e nem esquecido.
O homem precisa ser educado para a solidariedade, para a verdade, para a ousadia e para a cordialidade.
Como ele é sagaz, precisamos nos prevenir e nos unir, para não sermos golpeados. Não podemos ser ingênuos. A ingenuidade paga um preço pesado: o preço da crueldade de que muitos, fantasiados, são capazes.
Mas todos devem ser respeitados. Não se convida ladrão para tomar conta da coroa; nem o lobo para guardar o rebanho; nem o salteador, para tomar conta da nossa casa, com a chave do portão.
3
A sociedade moderna, na ânsia louvável e urgente de fazer justiça aos deserdados, aos injustiçados, aos perseguidos, aos descriminados e aos carenciados, vulneráveis, nem sempre soube fazer o percurso viável e justo. Não se corrige uma injustiça com outra injustiça. Em vez de solucionar os problemas, apenas os multiplica.
Hoje as pessoas de bem, produtivas, justas e trabalhadoras, dedicadas e generosas ficam trancadas dentro de suas casas, enquanto os ladrões, os trambiqueiros e os golpistas andam livres pelas ruas. Às vezes, até ocupam cargos públicos, de alta ou pequena relevância.
As raposas têm status de “cidadãos”, afrontando a cidadania e escandalizando e frustrando a nação.
Na vida social, muitas vezes, os sinais dos valores estão invertidos: prestigia-se o mal e esconde-se ou esquece-se o bem. Premia-se a trambicagem e esquecem-se os grandes e discretos benfeitores da nossa sociedade. Só o escândalo promove celebridades nos espaços de comunicação social: jornais, rádios e televisão. Os melhores vivem e morrem esquecidos, talvez abandonados.
4
Como dizia Camões: O mundo anda desconcertado.
A condição, que aqui espelho, ainda se mantém, com certos confinamentos, tendendo a se alastrar.
Por toda a parte, as pessoas já vão se prevenindo. Mas todos os dias, em algum lugar, cai algum descuidado, nas malhas e nas garras do leão; ou escorrega em alguma casca de banana, que seu desafeto “amigável” jogou na calçada, onde passava (sentido figurado); ou caiu na arapuca que lhe prepararam, deixando-se fotografar ao lado do trambiqueiro, que não conhecias.
A vida moderna é cheia de ciladas ocultas e de obstáculos a evitar, que surpreendem e podem derrubar as pessoas mais ousadas e empreendedoras que cumpre seu dever, no campo sociocultural. Estas são as pessoas mais vulneráveis, no sistema de armadilhas e de alta competitividade.
Capítulo 34
AVANÇO OU DECADÊNCIA?
(Filosofia do Beija-flor)
5
A Sociedade precisa se educada, com serenidade, com justiça, com equidade e com responsabilidade. Muitos fazem da “educação” um meio de afiar as “garras do leão”, desvirtuando-a. Em vez de preparar as pessoas para a convivência social solidária e responsável, disseminam invejas, ódios, ressentimentos e repulsão.
Estamos fabricando malfeitores e predadores. Estamos traindo a nação trabalhadora, honesta, solidária e cordial.
Precisamos dar educação e oportunidades ao meliante. Mas associação, com ele, está fora de cogitação: é dar aval à malandragem; é conviver com o traidor e compactuar com a traição, a contravenção e talvez a conspiração.
6
A sociedade começa a se desconcertar quando subestima, despreza ou diz não temer o “inimigo”; quando subestima o malandro e traiçoeiro.
A sociedade entra em decadência, se descontrola e entra em pânico, quando se alia ao inimigo, pondo-o dentro da própria casa, em cargos públicos relevantes, dando-lhe espaço para articulações criminosas, deletérias dos bens públicos, em espaço público. O cúmulo da traição.
Ou quando os juízes estão mancomunados com os traidores corruptos, para proteger os malfeitores; numa sociedade onde temos corruptos usando toga, de juiz avalizado, para consolidar a malandragem e a corrupção, sem dignidade. Em vez de o corrigir, premia-se o malandro e o delinquente, entre sorrisos e abraços pérfidos.
Assim, a sociedade paga para ter justiça social, boa educação e segurança e recebe em troca insegurança e inquietação. Algo está desfocado.
A bússola social está com o ponteiro quebrado…
O carro, antes de se precipitar e despencar na ribanceira, sai da pista, passa pelo acostamento e quebra a cerca de proteção.
Um pequeno desvio na educação da criança pode levar a grandes desvios e a grandes tragédias futuras. Quem não sabe se prevenir, precisa saber o que o espera.
Tudo começa na educação, no lar e na escola e nos meios de comunicação.
Um pequeno desvio… tem fim imprevisível.
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Mas aonde chegar com esta longa meditação, sobre o desconcerto de nosso mundo?
É a este mundo real, que, logicamente, também tem o outro lado, que precisamos nos dedicar, para alcançarmos um mundo melhor, que nos espera, se cada um fizer a sua parte.
Há muito para fazer, nestas cidades de pedra e de muitos corações petrificados; mas temos muito mais corações humanos, dedicados, generosos e responsáveis.
A esperança não pode se descuidar. Precisamos abrir portas e não fechá-las.
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Finalizada a elaboração deste trabalho de reflexão, sentimos necessidade de buscar outros trabalhos e linhas de pensamento similares, de algum modo, às ideias que aqui propomos. Consideramo-las nossas parceiras e coirmãs.
Percebemos então, que a Vitasofia tem afinidades com outra linha internacional de ideias, que tem um nome genérico semelhante: o VITALISMO espiritualista de H. Bérgson, de Leonardo Coimbra e de Teilhard de Chardin; o raciovitalismo de Ortega y Gasset; do antirracionalismo de Nietzsche; Miguel de Unamuno e Blondel. Mas tem também muito a ver com a filosofia de Sócrates e com a ética de Aristóteles, e muito mais. Combina bem com a filosofia do Evangelho Pleno.
Quisera eu que a vitasofia tivesse a longevidade destes predecessores.
O que está em jogo, em todo este trabalho, é o presente e o futuro das pessoas e da Humanidade. Para este magno objetivo, quisemos dar nossa pequena contribuição, seguindo a filosofia do Beija-flor, na floresta em chamas...
REFLEXÃO FINAL
Capítulo 35
VITASOFIA, UMA ÂNCORA DA CIVILIZAÇÃO
(A Era da Esperança)
(19.10.2012).
(20.10.2012).
I
PREPARANDO O NOVO CAMINHO
1. Todas as pessoas, bem ou mal, têm uma filosofia de vida, que rege e justifica seus atos. Tal filosofia está sempre ancorada em valores, em princípios.
No entanto, a filosofia de vida das pessoas nunca é estática. É sempre dinâmica. Está sempre em mutação de ajustamento. Acomoda-se às circunstâncias. Tem um lado perene e outro lado mutável.
A filosofia de vida depende dos valores que a pessoa adota. Desta equação dependem as atitudes das pessoas, que podem ser solidárias ou antissociais. Dependem da educação que a pessoa recebeu.
Tratamos deste assunto, porque não é assunto da moda e precisa voltar à pauta, nos fóruns mundiais e locais. Para o mal da humanidade os temas aqui tratados e recuperados, há muito foram descartados e são evitados por muitos.
2. Os valores humanistas são essenciais à preservação da espécie humana. Deles não podemos nos descuidar impunemente, sem consequências indesejáveis.
Não podemos prescindir dos valores do humanismo total e cristão, como não podemos prescindir do sol que ilumina, aquece a terra e faz germinar a vida; e ainda clareia o dia. Como também não podemos prescindir do ar que respiramos, da agua que dessedenta a natureza da terra onde pisamos e dos produtos que nos alimentam; como não podemos prescindir de toda a natureza que nos cerca, do reino animal vegetal e mineral. Não podemos ainda prescindir das pessoas com quem convivemos, nem dos nossos pais que nos geraram e educam para a vida. Repito não podemos prescindir dos valores do humanismo total, por serem eles que regem a nossa convivência, com a justiça, verdade, liberdade, harmonia, altivez, honestidade, dignidade e solidariedade. Não podemos prescindir dos valores do humanismo total, como as arvores não podem prescindir de suas raízes.
A escola precisa ensinar os grandes valores da nossa civilização, com muita responsabilidade. Deve ensinar como se preserva, física, cultural e moralmente uma civilização. Deve nos informar o que alguns “malfeitores” fazem para destruir, solapando-lhe as raízes, como se faz com as árvores. Deve mostrar como agem os “conspiradores”, que também existem. Só não os pressente quem não quer.
Sem informação não ha consciência, como sem olhos não distinguimos as cores da natureza.
Daí o brado: as pessoas não podem continuar a ser mal informadas e enganadas. Não podemos trocar a civilização pela barbárie.
3. Não podemos confundir conceitos retrógrados e demolidores, com os conceitos civilizadores e construtivistas.
Não podemos permitir que alguns aloprados destruam os valores da civilização, construídos ao longo de milênios, preservando e alimentando a selvajaria e o que há de pior a infestar a espécie humana.
4. Já estava essa obra concluída e impressa, quando se deu um caso estranho: o ultimo capitulo de uma novela de televisão (“Avenida Brasil”) tornou-se um acontecimento nacional, algo como o final da copa do mundo de futebol. O Brasil parou para assistir. Um sucesso estrondoso. Isso apenas denuncia o torpor de um povo. É algo quase inexplicável, pois a novela levou ao ar com exaltação a grande tralha mental da sociedade, onde o vilão é o “herói” principal. A novela fez o louvor da mentira, do ódio, da desonestidade, da traição, da falta de caráter, da mentira, da falta de dignidade, da mal querença, do desdém, do bulling e do desprezo e desmoralização da mulher, etc, etc.
Foi quase um novo “elogio da loucura” real e não metafórico. Foi o elogio da contra cultura, da insanidade, e dos contra valores humanos, numa sociedade livre, digna e honrada, foi como o elogio das aves de rapina e dos saguis, que, com agilidade, leveza e destreza, destroem os ninhos dos passarinhos. Comendo-lhes os ovos e os filhotes, nas altas arvores como nos arbustos, pondo em perigo a preservação de muitas espécies.
Nos filmes de televisão, a que a família esta exposta, nas horas de entretenimento, muitos dos filmes que passam são o mesmo elogio permanente dos contra valores, opostos ao humanismo total. Poe em xeque a educação dos menores...
Na televisão um confronto permanente entre a civilização e a barbárie, onde os valores humanos são ostensivamente desdenhados. O vilão é o “herói” principal. Prestam um imenso desserviço a humanidade. Fazem o elogio da violência, da má fé, da mentira, da rapinagem, do espirito demolidor, do ódio, da traição, da falta de caráter e da indignidade.
Enquanto isso acontece, uma menina de 14 anos, no Paquistão, de nome Malala, é baleada e ferida gravemente pelo Taleban, pelo alegado crime de ter ido a escola para estudar, o que é proibido as mulheres em sua terra.
5. Precisamos distinguir, criteriosamente, a “herança abençoada” que nos deixaram os grandes baluartes da humanidade e da nação, da “herança maldita” que nos legaram os dilapidadores dos bens da nação: os bens materiais, os bens culturais, os bens ético-morais e os bens espirituais. Que não trocamos, ardilosamente uns pelos outros, como alguns tentam fazer despudoradamente.
Precisamos avaliar os discursos ao lado dos fatos verificáveis ou que deixam rastos nefastos.
Não podemos deixar jogar fora as “joias” com a ganga, (os resíduos descartáveis).
É insanidade querer descartar o essencial e ficar com o acidental.
6. Não podemos trocar valores por contravalores. Valor é o que eleva a pessoa; contra valor é o que degrada.
Com a inversão de valores, em curso, a espécie humana vai praticando a autofagia e a decorrente autodestruição.
A verdade é que as civilizações não são destruídas; elas se autodestroem, por dentro.
Nunca na história da humanidade, se mentiu tanto e tão descaradamente, inclusive declarando o contrário. A impessoalidade dos meios de comunicação e da publicidade presta-se bem a esse descalabro, burlando a memória e a vigilância dos incautos.
A civilização não pode ser refém de alguns oportunistas. A nação também não.
II
DESMONTANTO A CONSPIRAÇÃO
7. A Vitasofia, ao propor a restauração dos valores humanos na sociedade, a partir de uma educação séria e realmente democrática, sem se fechar nas aparências, leva, normalmente a resultados revitalizantes.
Consideramos que a desmoralização silenciosa dos valores humanos redunda numa verdadeira conspiração contra a sociedade, efetivamente democrática, sendo esta preterida por muitos, em favor de uma democracia postiça, aparente e de fachada. A referida conspiração atinge a nação e os indivíduos.
Por outro lado, a educação para os valores humanos e cristãos poderá levar à consequente denúncia e desmascaramento dos anestesistas sociais, que produzem a insensibilidade das pessoas, contra os verdadeiros inimigos da dignidade humana e desmoralizam, como atrasados, os que defendem efetivamente a sociedade enganada, em todos os setores da vida, principalmente nos meios de comunicação e na propaganda tendenciosa, que mascara a realidade.
Os oportunistas apresentam e execram a verdade como mentira e exaltam a mentira como verdade.
Os gestores de opinião agem incansavelmente e podem levar a resultados amargos, para a nação e para a humanidade.
8. Os reflexos da publicidade enganosa têm efeitos assustadores e às vezes devastadores na alimentação, na saúde, no entretenimento, na cultura, na política, nas relações humanas e no comportamento das pessoas. Cria uma visão de mundo distorcida, em muitos aspectos, predadora da natureza e da vida. Sobretudo, humilha as pessoas simples do campo e da periferia, fazendo-as perder a autoestima e considerarem-se atrasadas. Isto, às vezes, pode até ser verdade, mas só eventualmente, o que nada justifica. O problema é saber o que é, de verdade, o atraso e o avanço... Todo o desdém e a discriminação são odiosos e deploráveis...
Não se pode propor o mundo urbano, consumista, propagandeado pelo rádio e pela televisão, ao mundo rural, muitas vezes mais humano, mais sadio e com mais qualidade de vida.
Devem-se respeitar todos e cada um dos valores das pessoas. O que podemos é dar-lhes melhor educação e mais oportunidades.
Não se pode confundir a aparente democracia, com democracia real; nem a opressão manipulada, com a liberdade e a soberania individual.
Não se pode opor o consumismo desenfreado à saudável austeridade e moderação.
III
ÂNCORA DA VITASOFIA
9. Os assuntos vêm à tona, quando estão em falta na sociedade. Quando, pelo comportamento das pessoas, se revela a falta de ética generalizada, é então que nos damos conta de que algo de essencial aos humanos foi descartado, nas escolas, nas igrejas, nas políticas e nas famílias.
Os reflexos da falta de valores na sociedade logo se notam: na família, na escola, na política, nas igrejas, na empresa, nas ruas, na economia, na justiça, no governo, em todos os níveis, e estratos sociais.
10. A Vitasofia e as demais obras que a completam, ancoradas no Humanismo Global, marcam um esforço de colocar em pauta os autênticos valores humanos, rumo à restauração da sociedade. Quer realçar e trazer para o primeiro plano, alguns valores, ainda esparsos por toda a parte, como gênese de uma sociedade mais humana, sustentável e duradoura.
No entanto, como a história caminha e segue sempre em frente, nada se repete. Não há volta ao passado. Mas o passado deixa suas marcas inapagáveis.
Muitos acusam e desdenham o passado, para justificar os próprios erros e irresponsabilidades, numa atitude insana, para desviar a atenção das pessoas.
Há apenas o presente, rumo ao futuro, mas o presente e o futuro se justificam e se alicerçam no passado.
11. Na nova Era que já se anuncia, como inevitável e auspiciosa, a Era da Esperança, não podem repetir-se os equívocos e os erros da Era das Incertezas e da Era dos Conflitos, que já vão entrando em decadência.
Precisamos saber ir descartando muito entulho insano, autoritário e deletério que se aninhou na teia social, em todos os estratos sociais: nas políticas, na educação, na justiça, nas religiões, nas empresas, na economia, e nos meios de comunicação social.
12. Restaurar a sociedade para incrementar a Era da Esperança supõe a predisposição para a construção de um Mundo Novo, com Novos Rumos, num Novo Humanismo.
Neste alvorecer de um novo processo histórico, a Vitasofia propõe-se como um simples manifesto, abrindo caminhos para um mundo melhor, onde todos são responsáveis.